O Conselho de Administração da Petrobras aprovou, nesta sexta-feira (24), o nome de Magda Chambriard para a presidência da estatal. Magda foi indicada para o cargo pelo presidente Lula, em substituição a Jean Paul Prates. Ela tomou posse logo após a aprovação a sua indicação pelo colegiado. A engenheira civil é a segunda mulher a comandar a empresa – a primeira foi Graça Foster na gestão de Dilma Rousseff.
Magda Chambriard foi diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de 2012 a 2016. Mestre em Engenharia Química pela Coppe/UFRJ, especializou-se em engenharia de reservatórios e avaliação de formações e posteriormente em produção de petróleo e gás, na hoje denominada Universidade Petrobras.
Iniciou sua carreira na Petrobras, em 1980, onde acumulou conhecimentos sobre todas as áreas em produção no Brasil. Foi cedida à ANP, para assumir a assessoria da diretoria de Exploração e Produção em 2002, quando atuava como consultora de negócios de E&P, na área de Novos Negócios de E&P da Petrobras. Na ANP, assumiu também as superintendências de exploração e a de definição de blocos, com vistas a rodadas de licitação.
Jean Paul foi demitido na semana passada pelo presidente Lula após uma série de atritos com os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil). Em mensagem enviada a auxiliares antes do anúncio oficial de sua queda, Jean Paul disse que os dois se “regozijaram” com sua demissão.
A saída de Jean Paul ocorreu um mês após a Petrobras pagar metade dos dividendos extraordinários, posição defendida pelo então presidente da companhia e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas combatida por Lula e Silveira. Dividendos são parcela do lucro da companhia a ser repartida entre os acionistas. Os dividendos extraordinários são aqueles pagos além do mínimo obrigatório. Na ocasião, a demissão de Jean Paul era dada como praticamente certa. Mas de lá pra cá, em meio a crises com o Congresso e a tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul, o tema esfrio e parecia ter saído de pauta.
Auxiliares próximos do ex-presidente da Petrobras afirmaram ao Congresso em Foco que ele foi pego de surpresa com o pedido do cargo pelo presidente Lula. “Não esperava que isso ocorreria agora”, disse um deles. Em março, Jean Paul foi alvo de fortes críticas de Alexandre Silveira em entrevista dada pelo ministro à Folha de S.Paulo. Silveira se recusou a avaliar o trabalho do presidente da Petrobras, admitiu a existência de grandes divergências entre eles, criticou a posição de Jean Paul em relação à distribuição dos dividendos e disse que não abriria mão de exercer sua autoridade como ministro de Minas e Energia. As declarações foram recebidas como espécie de declaração de guerra pública por parte do então presidente da Petrobras.
No ano passado, o primeiro da gestão de Jean Paul Prates, a Petrobras alcançou o segundo maior lucro de sua história. Na última segunda-feira, no entanto, registrou queda de 23% no lucro da empresa no primeiro trimestre de 2024. A queda de braço travada entre Jean Paul e Silveira se refletia na composição da diretoria e do Conselho de Administração. Enquanto o primeiro tinha maior controle sobre a diretoria, o segundo concentrava maior poder sobre o conselho.
Reconhecido por Lula como um senador aguerrido na oposição a Jair Bolsonaro e profundo conhecedor da área de gás e petróleo, Jean Paul também caiu em desgraça com o presidente da República. Um dos episódios ocorreu também em março, quando, em meio a especulações sobre sua saída, o então comandante da Petrobras disse à jornalista Monica Bergamo que havia pedido uma reunião “definitiva” com o petista para saber se continuaria à frente da companhia ou não. O gesto foi encarado por Lula como uma tentativa de emparedá-lo publicamente.
O petista também cobrava de Jean Paul Prates que acelerasse grandes obras da Petrobras em unidades de fertilizantes e na retomada da indústria naval brasileira.
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