Cinco dias após perseguir, com uma pistola em punho, um eleitor do presidente eleito Lula (PT), em São Paulo, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) chegou nesta quinta-feira (3) aos Estados Unidos. Ela disse ao Congresso em Foco que ficará em Washington e ainda não tem data para voltar. Zambelli afirmou que foi vítima e não tem nenhum empecilho para deixar o país. “Eu fui vítima e a Polícia Civil já deixou bem claro”, defendeu a deputada bolsonarista, reeleita com quase 1 milhão de votos.

A viagem da parlamentar virou assunto nas redes sociais depois que o deputado André Janones (Avante-MG) divulgar que ela havia deixado o país.

Em nota à imprensa, Zambelli alegou que não divulgou sua viagem aos Estados Unidos porque está com suas redes sociais suspensas no Brasil por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ela é acusada de disseminar fake news contra Lula e também é investigada no chamado inquérito das milícias digitais no Supremo Tribunal Federal (STF).

“Estou cumprindo agendas pessoais e aproveitarei a ocasião para estudar meios de assegurar e restaurar a liberdade de expressão no Brasil junto a autoridades americanas”, afirmou. A deputada negou ao site que pretenda se encontrar com o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, que vive nos Estados Unidos, alvo de pedido de extradição da Justiça brasileira sob a acusação de operar uma rede de desinformação.

Perseguição na rua

Zambelli e um segurança correram armados atrás de um jornalista negro, no último sábado, na capital paulista, depois que o homem a xingou. Ela alega que foi empurrada por ele ao chão, mas imagens feitas nas ruas mostram que a deputada caiu sozinha e não foi agredida fisicamente pelo interlocutor.

Os dois perseguiram o jornalista até uma lanchonete, onde apontaram a arma para ele e exigiram que pedisse desculpas à deputada, conforme relato de testemunhas. O homem acusou a deputada de racismo e lesão corporal.

O segurança de Zambelli admitiu ter dado um tiro para o alto durante a perseguição. Ele passou algumas horas detido na madrugada de sábado para domingo e foi solto após pagar fiança. O Congresso em Foco procurou a 18ª DP de São Paulo, onde foi registrado o boletim de ocorrência, para saber sobre o andamento do caso, mas foi informado de que o procedimento corre em sigilo. O PT entrou com notícia-crime contra Zambelli no Supremo. O relator Gilmar Mendes pediu manifestação da Procuradoria-Geral da República, que ainda não se posicionou sobre o assunto.

Conselho de Ética

Por causa do episódio de sábado, a Mesa Diretora da Câmara recebeu quatro representações para a abertura de processo por perda de mandato contra Carla Zambelli.

Autora de uma das ações, a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) reuniu mais de 200 mil assinaturas na internet, pedindo a cassação do mandato da colega por quebra de decoro. As representações estão sob análise jurídica e ainda não foram despachadas para a Comissão de Ética.

Na nota à imprensa em que confirma sua viagem aos Estados Unidos, Zambelli lembra que foi eleita a melhor deputada duas vezes no Prêmio Congresso em Foco. A parlamentar foi a mais votada pelo público na internet em 2019 e 2022.

“NOTA À IMPRENSA

É através das minhas redes sociais que reporto eventos, faço questionamentos, trago conhecimento informativo e divulgo minha agenda.

O resultado desse trabalho de confiança e respeito me garantiu o título de parlamentar de maior influência no Brasil nos últimos 2 anos segundo o FSB e 2 vezes a melhor deputada do Brasil, segundo o Congresso em Foco.

A decisão que censurou todos os meus canais de comunicação, inclusive o Whatsapp tem como objetivo controlar o fluxo de informações e conter uma das maiores vozes conservadoras da internet com mais de 9.520.000 seguidores em sete redes sociais.

Não divulguei a viagem aos Estados Unidos simplesmente porque não tenho onde publicar, oras!

Estou no meio desse movimento de contenção, repressão e ataque à Liberdade.

Estou cumprindo agendas pessoais e aproveitarei a ocasião para estudar meios de assegurar e restaurar a liberdade de expressão no Brasil junto a autoridades americanas.

Ass. CARLA ZAMBELLI”

* Colaborou Caio Matos