No impasse na Câmara dos Deputados para definir o destino de cada uma das principais comissões, um dos principais espaços sob controle da oposição pode acabar caindo nas mãos do governo. Controlada por quadros da bancada da bala desde a legislatura anterior, a Comissão de Segurança Pública foi reivindicada em primeira chamada pelo União Brasil, que busca utilizar sua presidência como instrumento de barganha com o PT.
Ao longo das legislaturas anteriores, a Comissão de Segurança Pública foi utilizada por parlamentares da Frente Parlamentar da Segurança Pública, conhecida como Bancada da Bala, como principal instrumento de poder político. Diante do aumento progressivo de parlamentares oriundos de forças de segurança e entusiastas do armamento civil, o bloco coordenado por membros do PL conseguiu consolidar maioria no colegiado, ocupando em 2023 toda a sua Mesa Diretora. Seu presidente, Sanderson (PL-RS), chegou a afirmar que daria prioridade aos projetos da bancada.
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Em 2024, o líder do PT, Odair Cunha (PT-MG), anunciou à Folha de S. Paulo que a presidência desta comissão seria uma das prioridades do partido, afirmando se tratar de uma das pautas fundamentais para o governo neste ano. Paralelamente, a sigla planeja lançar como prefeita de Goiânia a deputada Delegada Adriana Accorsi (PT-GO), parlamentar oriunda da Polícia Civil capaz de alavancar sua campanha ao assumir a presidência do colegiado.
Com o União Brasil reivindicando a comissão em primeira chamada antes mesmo do PL, a negociação se torna obrigatória para que o PT consiga cumprir seu objetivo. O preço cobrado para conceder a Segurança, segundo interlocutores do União, é a presidência da Comissão de Educação, onde os petistas realizaram o mesmo movimento.
Caso o acordo se concretize, apesar de representar a interrupção do controle da Bancada da Bala sobre a pauta da comissão, a frente ainda será capaz de exercer forte influência diante da possibilidade de preencher a maior parte de suas cadeiras. Isso aconteceu em 2023 na Comissão de Direitos Humanos onde, apesar dos partidos próximos ao governo assumirem a presidência, o colegiado enfrentou sérias dificuldades para avançar com a votação de projetos apresentados pelo campo progressista graças à obstrução promovida pela frente parlamentar, que formou um bloco consolidado.
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