“Estou me desfiliando do Podemos por não aceitar nenhum gesto ou de vaidade ou de autoritarismo”, comunicou a senadora Rose de Freitas (Podemos-ES) na abertura da sessão do Senado desta quarta-feira (9). Autora da proposta de emenda à Constituição (PEC) que permite a recondução dos presidentes da Câmara e do Senado, a senadora foi comunicada pelo Podemos que será expulsa do partido por infidelidade partidária. A senadora ainda não anunciou o partido que pretende se filiar a seguir.
O partido pretende lançar candidatura própria ao pleito interno em fevereiro de 2021 e fechou questão contra a reeleição de Davi Alcolumbre (DEM-AP). Os pedidos de expulsão da parlamentar foram apresentados pela deputada federal licenciada Patrícia Ferraz e pelo vereador Negrão, candidatos às prefeituras de Macapá (AP) e Itápolis (SP), respectivamente. Patrícia Ferraz é a principal concorrente do irmão de Davi, José Samuel Alcolumbre, o Josiel, na disputa pela prefeitura de Macapá.
Leia também
> PEC que permite reeleição nas Mesas do Congresso começa a tramitar
As principais informações deste texto foram enviadas antes para os assinantes dos serviços premium do Congresso em Foco. Cadastre-se e faça um test drive.
“Eu sofri as agruras de uma ditadura que me restringiu a liberdade. Não posso aceitar, depois do processo da abertura democrática, que alguém me coloque num banco e me dê uma repreensão, uma punição, um castigo, como se eu fosse uma adolescente numa escola. Não aceito”, disse ela. Para a senadora, a intenção do partido de lançar um candidato não impede a discussão da PEC. “Não tive um só telefonema do Davi Alcolumbre, uma só conversa a respeito desse assunto”, disse ela, afastando insinuações de estar agindo por sugestão de Davi.
“Nós não podemos fugir ao debate sobre todo e qualquer assunto sobre o qual nós venhamos a ser questionados”, defendeu o senador Carlos Viana (PSD-MG), um dos signatários da PEC e que preside a sessão desta quarta. A PEC recebeu assinatura de 27 senadores.
PublicidadeEm resposta, o líder do Podemos, Alvaro Dias (PR), desejou que a senadora tenha sucesso no futuro político, mas justificou o processo de expulsão pela fidelidade partidária, mecanismo que atesta que os filiados acompanham as orientações da agremiação. “Ocorre que um partido tem que buscar unidade em temas centrais”, afirmou. “Uma das questões cruciais é a alternância do poder para o nosso partido. Nós não concordamos com a processo de reeleição.”
Segundo ele, o fechamento de questão contra a recondução nas Mesas do Senado e da Câmara não é contra pessoas, mas a defesa de uma tese programática. “Eu lamento profundamente esse episódio com saída da senadora Rose de Freitas, que sempre respeitamos, sempre prestigiamos, sempre valorizamos, mas é a circunstância”, completou. Alvaro Dias anunciou que o procedimento de expulsão será encerrado com a manifestação de desfiliação da senadora.
> Kátia Abreu elogia reforma administrativa, mas chama de “aberração” excluir órgãos
Deixe um comentário