O Senado aprovou nesta terça-feira (7) a nova lei orgânica para a Polícia Militar. O texto, que dita normas gerais para a PM e para os Bombeiros militares no Brasil, foi criticado pela sociedade civil por deixar brechas para diminuir o controle civil sobre a polícia.
O Projeto de Lei 3.045, de 2022, foi aprovado em votação simbólica pelos senadores. Como o texto não teve alterações em relação ao aprovado na Câmara em dezembro de 2022, agora segue direto para sanção.
A nova lei foi relatada pelo líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES). Apesar de críticas e emendas de colegas, o senador fez somente alterações de redação, ou seja, que não alteram realmente o conteúdo do projeto. Leia a íntegra do relatório aprovado.
Leia também
A nova lei é um aceno do governo Lula aos profissionais de segurança pública. Em outubro, os senadores também aprovaram a Lei Geral da Polícia Civil. Os projetos vêm em um momento que o tema é amplamente discutido pela situação do Rio de Janeiro, que mobiliza o governo federal.
Mas é exatamente por abrir brecha para o modelo de segurança do Rio que o texto sobre a Polícia Militar é criticado. O artigo 29 do projeto agora aprovado indica que os comandantes da PM responderão diretamente ao governador. Isso daria deixa brecha para que as secretarias de Segurança Pública sejam extintas.
É por meio da secretaria de segurança que é realizado o planejamento de segurança pública. Também é um órgão responsável pelo controle civil dos policiais militares.
Outro ponto que ameaça o poder de controle das Polícias Militares é o modelo de ouvidoria indicado no texto. “A Ouvidoria, subordinada diretamente ao comandante-geral, poderá ser criada, na forma da lei do ente federado”, diz o projeto de lei.
Para as organizações da sociedade civil que acompanham o setor de segurança pública, o texto é vago e, por subordinar a ouvidoria ao comandante-geral da PM, retiraria a independência do órgão para apurar ações de policiais. A ouvidoria na estrutura policial normalmente é externa para ter o controle das polícias.
Apesar disso, o texto avança em pontos importantes para a organização das PMs. Um deles é a manifestação política. Atualmente, cada regimento estadual da Polícia Militar coloca regras próprias a serem seguidas sobre o tema.
Com o projeto, será proibido manifestar opiniões ou participar de ações político-partidárias utilizando símbolos militares, incluindo fardas, armas, viaturas ou insígnias. Também não poderão se filiar a partidos ou sindicatos, já que a carreira tem como base a hierarquia militar.
Entidades representativas de policiais são a favor da nova lei. Os senadores também elogiaram o texto durante a sessão desta terça-feira (7). “São anos de espera, décadas de espera, como já foi dito”, disse Styvenson Valentim (Podemos-RN).
Já o senador Weverton (PDT-MA) afirmou que a luta para uma lei para as PMs é antiga e que sempre teve espaço no Congresso. “A Polícia Militar foi instituída ainda na época do regime militar e era através de um decreto presidencial. Então, ela vem agora através de uma legislação condizente com o que tem que ser. São pais de família, mães, cidadãos que estão por trás dessa farda. São famílias que precisam ter direitos, garantias e, acima de tudo, respeito”, disse.
Deixe um comentário