O senador Rogério Carvalho (PT-SE) foi escolhido nesta quarta-feira (21) relator da CPI da Braskem. Com a escolha, os senadores chegaram a um meio-termo entre Renan Calheiros (MDB-AL) e Rodrigo Cunha (Podemos-AL), adversários políticos alagoanos que lutavam pelo controle do colegiado. Renan, no entanto, não concordou e decidiu deixar a CPI.
A decisão veio depois de muita articulação e conversa entre os senadores. Na parte da manhã, houve a tentativa de consenso em uma reunião entre o líder do Governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, Omar Aziz (PSD-AM), e Calheiros, Cunha e Carvalho, além de outros senadores. No entanto, sem acordo, transferiram a reunião para a tarde desta quarta-feira (21).
A escolha do relator é uma indicação direta do presidente de uma CPI, mas Aziz queria que a definição viesse por um acordo entre os integrantes do colegiado.
“Para que a gente possa ter uma investigação totalmente isenta, eu vou indicar o senador Rogério Carvalho. E peço que o senador Renan Calheiros, que possa entender essa minha posição”, disse Aziz.
Calheiros criticou a decisão. Segundo ele, “mãos ocultas” vetaram a sua posição como relator. “Não concordo, não concordarei com os prejuízos a Alagoas. Como senador, eu teria legitimidade para defender os direitos do Estado”, disse Renan ao anunciar sua saída do colegiado.
A definição do relator foi adida em 2023, depois da instalação do colegiado em 13 de dezembro. Foram necessárias muitas articulações e conversas para chegar ao nome de Rogério Carvalho.
De início, havia a expectativa de que Renan fosse escolhido, já que foi o autor do requerimento de criação da CPI, além de ter articulado para sua instalação. O líder do PSD e integrante do colegiado, Otto Alencar (BA) defendia, no entanto, que o relator não seja dos estados de Alagoas, afetado pelo desastre da Braskem, nem da Bahia, que conta com unidades do grupo no estado e é responsável por empregar 6,6 mil pessoas no território baiano.
A escolha de Rogério Carvalho mantém Renan próximo da cúpula da CPI, já que o alagoano é aliado do governo Lula (PT). No entanto, dá mais espaço também para o aliado de Lira, Rodrigo Cunha.
A CPI da Braskem deve se debruçar, entre outros pontos, sobre o rompimento da mina 18 da Braskem, em Maceió em dezembro. Segundo a Defesa Civil da capital alagoana, toda a área afetada estava desocupada e o rompimento não levou a tremores de terra ou ao comprometimento de minas próximas.
O desastre na capital alagoana foi causado pela exploração de sal-gema em jazidas no subsolo, ao longo de décadas, pela Braskem. O sal-gema é um tipo de sal usado na indústria química.
Com o agravamento do desastre em Maceió no fim de 2023 e a articulação de Renan Calheiros pela CPI, a disputa entre a cúpula política alagoana foi acirrada. Os grupos representativos de Renan e Arthur Lira (PP-AL) iniciaram uma guerra de narrativas em relação a Braskem e as supostas responsabilidades políticas envolvidas no caso.
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