O presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve presente na cerimônia de abertura dos trabalhos do Legislativo deste ano. O evento aconteceu nesta tarde de quarta-feira (2), na Câmara dos Deputados. A entrada na Casa, no entanto, deve ser feita mediante a apresentação do comprovante de vacina.
Bolsonaro, por sua vez, possui o sigilo do Palácio do Planalto de até cem anos ao cartão de vacinação do presidente e sobre qualquer informação sobre as doses de vacinas que ele tenha recebido, não sendo possível apresentar à Câmara para participar da abertura do ano legislativo. Logo, não foi possível saber qual o status de vacinação do presidente.
Ao Congresso em Foco, o vice da Câmara, deputado Marcelo Ramos (AM), afirmou lamentar por Bolsonaro. “Eu prefiro lamentar pelo presidente Bolsonaro do que fazer qualquer crítica por ele estar aqui”, disse. Segundo ele, a sessão de volta dos trabalhos na casa é uma tradição do país e que a ausência do presidente da República só se dá em “situações extremas”.
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“Eu não lamento pela Câmara deixar ele entrar. Eu lamento por ele não ter a responsabilidade de se vacinar”, afirmou.
O deputado federal Kim Kataguiri (PSL-SP), um dos ex-aliados do presidente, disse que a presença de Bolsonaro mostra “com clareza” que tanto o presidente da Câmara como o do Senado aceitam colocar Bolsonaro acima da lei.
“É emblemático que um congresso tão omisso em relação aos crimes cometidos pelo presidente da República dê essa autorização absurda”, afirmou ao Congresso em Foco.
O líder da Oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ) afirmou que isto pode ser resumido a uma síntese do governo: desumano, irresponsável e negacionista.
“O fato de o presidente da República ir à Câmara dos Deputados, casa do Povo, sem estar vacinado enquanto o número de mortos por covid-19 volta a subir poderia ser usado como um resumo do desgoverno: desumano, irresponsável e negacionista. Bolsonaro não se importa com o Brasil nem com os brasileiros, e a atitude de hoje é mais uma amostra de seu desprezo”, alegou.
Cobrança a Arthur Lira
O deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), líder da minoria da Câmara, afirmou que a situação é “absurda e desrespeitosa”. Freixo também disse que irá cobrar um posicionamento do presidente Arthur Lira.
“Vou cobrar isso do presidente da casa. Ele deveria dar exemplo”, disse ao Congresso em Foco.
Ex-seguidora de Bolsonaro, a deputada Joice Hasselmann (PSDB-SP) afirmou se tratar de uma falta de respeito com a casa, com as pessoas e com a vida. “Me admira muito que o presidente da Câmara submeta a casa do povo a esse vexame e risco públicos”, disse à reportagem.
A Câmara dos Deputados passou a exigir a comprovação de pelo menos uma das doses da vacina contra o novo coronavírus em outubro do ano passado, quando a casa voltou a funcionar presencialmente.
Para o retorno, o presidente Arthur Lira (PP-AL) publicou novas regras para ingresso nas dependências da Câmara dos Deputados. Desde então, são obrigatórios: o uso de máscara de proteção facial; a aferição de temperatura e a apresentação de comprovante de vacinação. Bolsonaro não cumpriu nenhum dos requisitos impostos pela casa.
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