O Presidente do Instituto Nacional de Estudos Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Manuel Palácios, rebateu as críticas sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O certame, realizado no último domingo (5), tem sido alvo de acusações da bancada ruralista. Segundo a frente parlamentar, três questões demonstraram “negacionismo científico”.
Em audiência pública na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (8), o presidente da instituição responsável pela elaboração do Enem reforçou o caráter técnico da prova. Além disso, Manuel salientou que os elaboradores das questões foram admitidos no órgão em 2020, ou seja, durante o governo Bolsonaro.
“Nós estamos falando de professores que foram selecionados em 2020 e que estão exercendo essa atividade até hoje. Se há algum tipo de seleção enviesada, ela vem sendo enviesada há muito tempo”, explicou o presidente do Inep. “Na verdade, não há nada além da seleção pública de profissionais da educação por meio de critérios objetivos de currículo”
Para Manuel, o que é avaliado na prova não é se o participante da prova concorda com o argumento proposto, mas sim se ele consegue compreendê-lo e assinalar a alternativa correta. O presidente do Inep também explicou que a seleção dos textos das questões é feita por critérios técnicos e objetivos, dando prioridade a publicações no meio científico, como é o caso de um dos itens debatidos.
“O que se pede, no comando do item, é que ele manifeste, ao assinar a resposta correta, que compreendeu o argumento do outro”, disse Manuel Palácios.
A Comissão de Agricultura e da Reforma Agrária na Câmara propôs ontem um convite ao ministro da Educação, Camilo Santana, para prestar esclarecimentos acerca do Enem. O requerimento do convite foi de autoria do senador Luís Carlos Heinze (PP-RS). Além da presença do ministro, o senador Sérgio Moro (União-PR) também propôs uma audiência pública com Manuel Palácios no colegiado.
PublicidadeVeja as questões
As questões 70 e 89 da prova branca do Enem são referentes à expansão do agronegócio na Amazônia e no Cerrado. Em relação ao Cerrado, a prova utilizou trecho de um artigo publicado na Universidade Estadual de Goiás (UEG) que aborda a expansão de práticas industriais ao agronegócio na região, ressaltando o uso de maquinário pesado, utilização em massa de agrotóxicos, privatização de grandes áreas e precarização do trabalho manual.
Na questão 71, o texto compara a expansão espacial à colonização no país. A charge apresenta um suposto bilionário descendo de uma nave espacial em outro planeta, enquanto um alienígena é alertado em uma videochamada por um indígena para “não confie nesse pessoal”.
Confira abaixo a íntegra das questões citadas pela comissão.
Com informações da Agência Senado
Eu considero resposta explícitas nas provas do ENEM, muitas vezes. Não entendi porque professores do tempo do inelegível, elaboraram questões.