Há notícias que lemos e que não são exatamente notícias, e tampouco servem como informação. Por exemplo: a notícia de que a onda masculina do momento é tatuar o mamilo. Isso não é notícia e tampouco serve como informação relevante. Poderia dizer que é a escrita para preencher um espaço de um blog ou de um jornal. Melhor seria uma receita de bolo, como faziam alguns jornais do Brasil, durante a ditadura militar.
Em outras ocasiões, lemos notícias que nos deixam indignados – como, por exemplo, o assassinato, no Brasil e em outros países, de mulheres. E a maioria dessas mortes ocorre por machismo, ou seja, as mulheres são assassinadas única e exclusivamente por serem mulheres.
Às vezes, lemos notícias e ficamos buscando qual seria a palavra adequada para adjetivá-las. Exemplo: “zeladora de 32 anos foi autuada em flagrante após ser filmada por câmeras comendo um chocolate do delegado da Polícia Federal Agostinho Cascardo, que teria entendido se tratar de furto qualificado”. Entenderam: furto qualificado. Qualifico essa prisão como obscena.
Obsceno tem sido o comportamento de vários policiais federais. Ano passado, um agente da Polícia Federal, Danilo Mascarenhas, usou uma foto de Dilma Rousseff para treinar tiro ao alvo. Não é obsceno por usar a foto de Dilma, seria obsceno se usasse a foto de qualquer pessoa. Dar quatro dias de suspensão ao policial também é obsceno.
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Obsceno também é o comportamento dos policiais federais, promotores e juízes que só investigam um lado, e escolhem a dedo o que vazar para a imprensa. E é obscena, também, a cobertura da maioria dos veículos de comunicação.
É obsceno e é blasfêmia usar o nome de Deus e de Jesus para cometer desvios de conduta. Mais obsceno ainda é quando o cidadão que faz isso é presidente da Câmara dos Deputados e vai a uma CPI e mente, dizendo que não tem conta no exterior.
PublicidadeEduardo Cunha tem, segundo os jornais, 287 endereços eletrônicos em nome de Jesus e, em um desses, está registrada uma frota de carros de luxo.
Não deixa ainda de ser obsceno o comportamento dos deputados e senadores imorais, que querem o impeachment da Dilma. Não preciso fazer nenhuma lista, mas sabemos que os que mais trabalham para cassar um mandato legitimamente eleito são investigados por corrupção ou têm um passado comprometedor.
Algum leitor ou leitora que está lendo deve ter pensado: “Também é obsceno o que fizeram alguns militantes do PT”. Concordo plenamente, não poderiam eles expor um partido que tem a história que tem o PT.
Depois de usar várias vezes a palavra, fui ao dicionário buscar o significado, e creio que não errei. Obsceno, segundo dicionários, é o “que fere o pudor; impuro, desonesto”. Também é “atentatório do pudor; impuro, luxurioso, sensual; torpe”. Ou que é “contrário ao pudor; que se compraz em ferir o pudor; que denota obscenidade; e, que choca pela falta de decoro, pela vulgaridade, pela crueldade”.
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