Os senadores da CPI da Covid reagiram ao desfile de blindados que ocorreu na Esplanada dos Ministérios na manhã desta terça-feira (10). Na avaliação do presidente da Comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), o presidente Jair Bolsonaro comandou “um lamentável desfile em uma tentativa de intimidar parlamentares e opositores”.
Tanques e blindados desfilaram na Esplanada para entregar um convite nas mãos do presidente Bolsonaro. Todos os anos, desde 1988, os militares passam por Brasília para realizar um treinamento em Formosa, no estado de Goiás. Mas foi a primeira vez que as Forças realizaram o desfile.
O evento coincide com a data da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/2019, que institui o voto impresso, pauta defendida com veemência pelo presidente Jair Bolsonaro. O dirigente do Planalto tem proferido ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em defesa do voto auditável.
“Bolsonaro imagina, com isso, estar mostrando força, mas, na verdade, está evidenciando toda a fraqueza de um Presidente acuado pelas investigações de corrupção, inclusive desta CPI, e pela incompetência administrativa, que provoca mortes, fome e desemprego em meio a uma pandemia sem controle”, disse Aziz.
“Era este o recado que a CPI, eu, como Presidente da CPI, queria passar: a democracia é inegociável! Não se negocia a democracia. E aqueles que usam todos os meios para apoiar um golpe estão contra a democracia, estão cometendo um crime constitucional, independentemente do meio de comunicação – independentemente do meio de comunicação”, continuou o senador Omar Aziz.
O presidente da Comissão teve o apoio do colegiado. O senador Eduardo Braga (MDB-AM) complementou defendendo a democracia. “Democracia é o regime que estabelece liberdades indistintamente nos limites e na forma da lei. Democracia é o regime que respeita as minorias, sejam elas de que natureza forem. Democracia é o regime que respeita as diversidades. A minoria também é respeitada pelas suas opiniões, atos e gestos dentro da forma da lei”, disse
O senador Humberto Costa (PT-PE), endossou as falas dos colegas e disse que ninguém tem o direito de intimidar o parlamento brasileiro por conta de oposição política”. “O apreço do Presidente a esse chamado voto impresso não é porque ele queira mais segurança na votação, é porque ele quer um pretexto para dizer que o sistema não é seguro, para desqualificar as urnas eletrônicas e, para o caso de ele perder a eleição, acusar a existência de fraude e tentar aplicar um autogolpe”, disse.
O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), definiu como “patético” o ato na Esplanada. “Uma patética demonstração de fraqueza, mais patética que aqueles desfiles que Kim Jong-Un lá, em Pyongyang, na Coreia do Norte”, disse.
O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) se comprometeu a apurar as coincidências da votação na Câmara e do evento na Esplanada. “As Forças Armadas não agem no improviso como acontece em vários casos, há um planejamento. Eu não tenho nenhuma dúvida de que esse evento já estava previsto pelas Forças Armadas há muito tempo”, disse.
“Vou tentar descobrir, porque nada acontece por acaso, algum jogo aconteceu pra coincidir. As Forças Armadas não agem no improviso. Isso já está agendado, pode ter certeza, desde o início do ano, e fizeram essa manipulação pra vincular uma coisa com a outra”, emendou o senador.
Mais cedo, deputados realizaram um ato em frente ao Congresso Nacional em defesa da democracia e contra o desfile de blindados. Coordenador pelos parlamentares da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ), eles se posicionaram em frente ao parlamento com faixas escrito “democracia” e “ditadura nunca mais”.
Confira o discurso do presidente da CPI da íntegra
> Tanques e blindados desfilam na Esplanada para entregar convite a Bolsonaro
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