O Movimento Brasil Livre (MBL) e o Livres, dois dos principais responsáveis pela organização dos protestos contra o presidente Jair Bolsonaro no último dia 12 e em favor da criação de uma terceira via entre Lula e Bolsonaro, possuem visões opostas sobre a possibilidade de juntar forças com o PT e seus aliados na pauta em favor do impeachment.
Na visão de Rubinho Nunes (PSL-SP), vereador da capital paulista e cofundador do MBL, a união de forças com o PT está fora de questão: “O PT não quer o impeachment de Bolsonaro. Eles fazem oposição de fachada para manter o Bolsonaro sangrando até as eleições. Bolsonaro é essencial para o projeto do PT com Lula, o presidente e o petista se retroalimentam”, declarou.
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Mesmo não enxergando o Partido dos Trabalhadores como possível aliado em sua defesa do impeachment, a possibilidade de participar dos atos anunciados pelo partido previstos para outubro ainda é alvo de debate dentro do MBL. Rubinho Nunes conta que também não foram decididos os próximos passos sobre a defesa da terceira via, mas avalia que os atos do dia 12 cumpriram o seu escopo. “O grande objetivo era a criação de uma frente ampla, o que teve boa aceitação de todos os públicos presentes”, afirma.
O mesmo não acontece no Livres, que não descarta a possibilidade de juntar forças com o PT e com demais partidos de esquerda quando o assunto é o impeachment de Bolsonaro. “Na nossa visão, é claro que a gente gostaria que a sociedade brasileira fosse capaz de se mobilizar em uma única frente de oposição”, declarou Magno Karl, diretor executivo do Livres.
O diretor inclusive considera válida a participação do movimento nos atos pró-impeachment previstos para outubro. “Não temos problema em participar em manifestações de um lado, da esquerda, ou do outro, da direita, porque nossa visão foi sempre de que temos um adversário comum e devemos nos reunir contra este com toda a nossa força. Então, havendo outras manifestações, o Livres vai participar com toda tranquilidade, como já fez em outros momentos”.
Temor com “pixuleco”
Durante a manifestação em São Paulo, organizadores do movimento Vem Pra Rua ergueram um boneco inflável, popular ‘pixuleco’, exibindo caricaturas de Lula e Bolsonaro se abraçando. A postura do movimento de levantar a pauta da oposição contra Lula, até então descartada nos atos do dia 12, trouxe preocupações para os demais movimentos organizadores.
No caso do MBL, Rubinho Nunes conta que a única preocupação foi o receio de misturar as pautas do Vem Pra Rua com as de seu movimento. “Foi uma postura exclusiva deles. O MBL baixou, inclusive, as próprias faixas do caminhão para fazer um ato bandeira branca, pela democracia. A ideia é focar no impeachment, para ser possível uma eleição no próximo ano”.
Magno Karl já teme que a postura do Vem Pra Rua possa complicar a unificação ao redor da pauta antibolsonarista. “Havia um acordo para que as manifestações do dia 12 fossem focadas na mensagem ‘Fora, Bolsonaro’ e outros grupos que organizaram o ato atenderam a esse acordo. Com o Vem Pra Rua trazendo esse boneco, quebra-se essa unidade”, explica.
O diretor do Livres complementa que a quebra de unidade resultante da exibição do boneco possa comprometer a frente de oposição a Bolsonaro tanto interna quanto externamente. “A gente teme que isso não só afaste pessoas que teriam vindo à manifestação caso conseguíssemos ter tido uma mensagem de unidade, mas também tememos que a própria confiança entre os organizadores se enfraqueça, já que parte dos movimentos cumpriram o acordo de concentrar na mensagem ‘Fora, Bolsonaro’, enquanto que outro descumpriu sem que as demais pudessem se defender quanto a isso”.
A redação tentou fazer contato com o Vem Pra Rua para que pudessem dar sua versão, mas não houve resposta. O espaço permanece aberto para caso desejem se manifestar.
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