O senador Marcos do Val (Podemos-ES) deve comparecer à Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (19) para dar explicações sobre o plano de golpe de Estado que supostamente envolve o ex-deputado Daniel Silveira, preso desde fevereiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o próprio senador, que pediu afastamento do cargo alegando razões médicas em junho.
Há cerca de um mês, no dia 15 de junho, a PF obteve autorização de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), para realizar uma operação de busca e apreensão em três endereços do senador: uma residência em Vitória (ES), um domicílio em Brasília e o gabinete no 18º andar no Anexo 1 do Senado.
A operação foi realizada no dia do aniversário de 52 anos do político e resultou na apreensão de um malote que contém computador, celular, pen drives e documentos do senador.
O senador é investigado por tentativa de golpe de estado após apresentar versões das mais variadas sobre a conspiração e é suspeito de obstrução da investigação do Atos Golpistas, bem como por divulgar documentos sigilosos e por publicar ofensas e ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF).
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Versão de Bolsonaro
Bolsonaro confirmou ter ocorrido a reunião com os parlamentares em dezembro de 2022, mas negou que tivessem tratado de qualquer plano de espionagem.
Publicidade“O que foi tratado: nada. (…) Nada aconteceu no dia 8 de dezembro, até porque eu não tinha nenhum vínculo com o senhor Marcos do Val. Do que eu me lembre, nunca tive nenhuma reunião com ele, nunca o recebi em audiência, a não ser talvez em fotografia, o que é muito comum acontecer entre nós”, afirmou o ex-presidente.
De acordo com Bolsonaro, a reunião foi marcada como parte da campanha de busca por novos senadores para filiar ao seu partido, o PL.
As versões de Marcos do Val
Em 1º de fevereiro, uma quarta-feira, Marcos do Val participou de uma live com integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) em que disse: “Ficava puto quando me chamavam de bolsonarista. E vocês esperem: Vou soltar uma bomba. Sexta-feira vai sair na Veja a tentativa do Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto com ele. Lógico que eu denunciei”. A informação causou alvoroço na mídia e no dia seguinte houve desdobramentos.
Marcos do Val afirmou à revista, em entrevista publicada no dia 2 de fevereiro, que participou de uma reunião com o ex-presidente e o ex-deputado Daniel Silveira em 9 de dezembro do ano passado.
O plano consistia, segundo do Val, a pedido inicialmente de Bolsonaro, em gravar conversas com o ministro Alexandre de Moraes, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O objetivo era obter flagrantes ou algo que incriminasse o ministro para anular as eleições, uma vez que a gestão Bolsonaro buscava minar o processo eleitoral nacional.
O senador anunciou que renunciaria, mas não cumpriu a proposta.
Marcos do Val presta depoimento à PF sobre a reunião com Bolsonaro e Silveira no dia 3 de fevereiro. O depoimento durou cerca de quatro horas e o senador mudou a versão inicial. Atribuiu ao então deputado Daniel Silveira o plano de gravar o ministro Alexandre de Moraes. Entretanto, o senador afirmou que Bolsonaro em nenhum momento se opôs ao plano.
No depoimento, do Val se complicou ao não lembrar o local da reunião, ora teria sido no Palácio do Jaburu, ora no Palácio da Alvorada ou no Palácio do Planalto. Em junho, o senador foi alvo de uma operação de busca e apreensão da PF após divulgar informações confidenciais de um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) em suas redes sociais no dia 12 de junho.
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