Em meio ao clima de tensão e incertezas entre a ala econômica do governo e o presidente da Câmara, as duas partes dão sinais de reaproximação. Um deles é o convite feito pelo presidente Lula a líderes partidários para uma espécie de happy hour nesta noite no Palácio da Alvorada, a exemplo do ocorrido após a aprovação em primeiro turno da reforma tributária, em julho do ano passado. O outro é o convite feito por Arthur Lira (PP-AL) ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para comparecer à residência oficial da Presidência da Câmara na próxima terça-feira (27). Lira convocou os líderes partidários para o encontro com o ministro. A ideia é estreitar o diálogo com o ministro, oferecendo espaço para que ele defenda a pauta econômica considerada prioritária pelo governo.
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O convite a Haddad partiu logo depois de o governo trabalhar para emplacar o senador Rogério Carvalho (PT-SE) como relator da CPI da Braskem no Senado. A decisão foi favorável a uma costura feita diretamente por Lira e seus aliados, que eram contra o nome do senador Renan Calheiros (MDB-AL) para o cargo. O senador é o maior inimigo político de Lira, e o presidente da Câmara deu recados claros ao Palácio de que não aceitaria a indicação do emedebista.
De início, havia a expectativa de que Renan fosse escolhido, já que foi o autor do requerimento de criação da CPI, além de ter articulado para sua instalação. O líder do PSD, Otto Alencar (BA), defendia, no entanto, que o relator não fosse de Alagoas, afetado pelo desastre da Braskem, nem da Bahia, onde unidades do grupo empregam 6,6 mil pessoas. O argumento de Otto prevaleceu, e, contrariado, Renan deixou a CPI.
De acordo com interlocutores do Palácio do Planalto ouvidos pelo Congresso em Foco, Haddad deve fazer um apelo aos líderes partidários para a votação de temas de interesse do governo na área econômica, como a revogação dos benefícios fiscais do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e a limitação no percentual para compensação por decisões judiciais passadas.
O presidente Lula pretende receber o presidente da Câmara e líderes partidários para um encontro no início desta noite, após a posse de Flávio Dino como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O petista pretende distensionar a relação com os deputados. Os parlamentares também esperam que Lula confirme a declaração do presidente do Senado de que o governo desistiu de tratar da desoneração da folha de pagamento de 17 setores por medida provisória.
“A construção politica está feita no sentido que eventuais alterações no programa não se darão por medida provisória. O governo concordou e nós ajustamos isso”, disse Pacheco a jornalistas. “Essa parte da desoneração dos 17 setores e dos municípios será retirada. A MP não tratará de desoneração”, disse Rodrigo Pacheco.