O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) negou ter cometido crime ou quebrado o decoro parlamentar durante participação no podcast “Flow”. Alvo de pedido de cassação movido pelo PT e de um procedimento aberto pela Procuradoria-Geral da República, Kim disse que não defendeu a possibilidade de criação de um partido nazista e que sua fala foi recortada de maneira maldosa e descontextualizada por adversários políticos que buscam “macular” sua imagem.
O deputado voltou a pedir desculpas à comunidade judaica e disse que errou ao não ter repudiado, de maneira veemente, a fala do comentarista Monark, desligado do programa após a repercussão negativa da defesa que fez da criação de um partido nazista no país.
“Vale destacar que, de fato, no Flow, me expressei mal e não fui tão enfático no repúdio à fala do Monark como deveria ter sido. Pedi desculpas à comunidade judaica – que eu sempre apoiei e cuja generosidade nunca me faltou – e agora apresento meu pedido de perdão novamente”, afirmou Kim em nota divulgada esta tarde.
“Jamais defendi a possibilidade de criação de um partido nazista. Na oportunidade, debatia-se meios para combater o nazismo – ideologia à qual desprezo veementemente – e sugeri que a divulgação de sua podridão permitiria às pessoas repudiá-la e, assim, evitar que a história venha a se repetir”, ressaltou o criador do Movimento Brasil Livre (MBL).
Na sua participação no Flow, Kim disse ser contra a criminalização do nazismo na Alemanha depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O PT na Câmara e o senador Humberto Costa (PT-PE) anunciaram que vão entrar com representação contra o deputado no Conselho de Ética.
“É inaceitável que alguém eleito pelo voto defenda o nazismo, um regime que matou mais de seis milhões de judeus. Quem jura defender a Constituição não pode ultrajar, exaltando sistemas genocidas, valores que para ela são sagrados, como a dignidade humana e o direito à vida”, rebateu Humberto Costa.
Kim afirma que não fez defesa do nazismo no programa, mas condenou a existência de tal regime. Mas sua defesa de um tipo de liberdade plena gerou repercussão. “O que eu defendo, que acredito que Monark também defenda, é que por mais absurdo, idiota, antidemocrático, bizarro, tosco que o sujeito defenda, isso não deve ser crime”, disse no programa Kim Kataguiri. “Porque a melhor maneira de você reprimir uma ideia é dando luz naquela ideia, para que seja rechaçada socialmente e, então, socialmente rejeitada”, afirmou o parlamentar no podcast.
Veja a íntegra da nota de Kim:
“Fui informado que o PT pretende protocolar um pedido de cassação do meu mandato.
Primeiramente vale destacar que estamos diante de uma Fake News perpetrada exaustivamente por adversários políticos que buscam macular minha imagem, mas jamais poderão me imputar qualquer conduta ímproba, criminosa ou imoral; portanto, se valem de um recorte maldoso e descontextualizado para tal expediente.
Jamais defendi a possibilidade de criação de um partido nazista. Na oportunidade, debatia-se meios para combater o nazismo – ideologia à qual desprezo veementemente – e sugeri que a divulgação de sua podridão permitiria às pessoas repudiá-la e, assim, evitar que a história venha a se repetir.
Vale destacar que, de fato, no Flow, me expressei mal e não fui tão enfático no repúdio à fala do Monark como deveria ter sido. Pedi desculpas à comunidade judaica – que eu sempre apoiei e cuja generosidade nunca me faltou – e agora apresento meu pedido de perdão novamente. Sempre nutri enorme respeito à comunidade judaica, cuja imigração causou enormes benefícios ao Brasil, e ao Estado de Israel, que é exemplo de democracia. Também sempre me coloquei contra qualquer tipo de autoritarismo, seja de direita ou esquerda.
Juridicamente, o pedido não tem fundamento. Reitero que não defendi a criação de partido nazista, como a própria gravação demonstra, e sempre fui contrário a todo o tipo de radicalismo.
Considero desejável que haja investigação, seja interna, pelo Conselho de Ética, seja externa, pela PGR, pois ela permitirá que eu insista na minha defesa da comunidade judaica, do Estado de Israel e no meu repúdio ao nazismo.
Colaborarei com todas as investigações, apesar de lamentar o inquestionável uso político que meus adversários históricos fazem de uma fake news para atacar minha reputação e honra.”
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