O procurador-geral da República, Augusto Aras, determinou nesta terça-feira (8) a instauração de procedimento para que seja apurada a prática de crime de apologia ao nazismo pelo deputado Kim Kataguiri (Podemos-SP) e pelo apresentador do Flow Podcat, Bruno Monteiro Aiub, mais conhecido como Monark. As declarações serão analisadas pela assessoria criminal de Aras por envolver um parlamentar federal, que tem foro no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em podcast que foi ao ar nessa segunda-feira (7), Monark defendeu que existisse um partido nazista no Brasil. Já Kim Kataguiri disse que considera um erro a Alemanha ter criminalizado o nazismo. O episódio teve grande repercussão ao longo de todo o dia. O programa perdeu patrocinadores e Monark foi desligado da empresa, da qual é sócio. “Eu errei, a verdade é essa. Estava muito bêbado”, disse o apresentador.
Várias entidades divulgaram nota de repúdio às declarações do youtuber e do deputado.
No Brasil, é considerado crime fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas e objetos de divulgação do nazismo, segundo a Lei 7.716/89. A lei também proíbe a criação de um partido nazista junto à Justiça Eleitoral.
Durante o programa, a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) questionou Kim Kataguiri se ele achava que a Alemanha errou ao criminalizar o nazismo depois da Segunda Guerra Mundial, e o deputado respondeu: “Acho”. O governo nazista liderado por Adolf Hitler promoveu o extermínio de milhões de judeus e outros grupos. Tabata criticou a posição dos dois debatedores, ressaltando que o ataque a um povo não pode ser classificado como liberdade de expressão.
Após grande repercussão, Kim Kataguiri se defendeu das acusações de fazer apologia ao nazismo. Segundo ele, as falas do programa foram tiradas de contexto. “Muito melhor expor a crueldade dessa ideologia [nazismo] nefasta para que todos vejam o quanto ela é absurda. Sufocar o debate só faz com que grupos extremistas cresçam na escuridão e não sejam devidamente combatidos e rechaçados”, justificou.
O apresentador também se desculpou com o público por defender a existência de um partido nazista no Brasil que fosse reconhecido pela justiça. “Eu errei, a verdade é essa. Eu tava muito bêbado e fui defender uma ideia que acontece em outros lugares do mundo, nos Estados Unidos, por exemplo, mas eu fui defender essa ideia de um jeito muito burro, eu estava bêbado, eu falei de uma forma muito insensível com a comunidade judaica. Peço perdão pela minha insensibilidade”, ressaltou.
Organizações judaicas criticaram Monark por defender a existência de um partido nazista no Brasil. Em nota, a Confederação Israelita do Brasil e a Federação Israelita de São Paulo, manifestaram repúdio aos comentários do apresentador.
“A Conib (Confederação Israelita do Brasil) condena de forma veemente a defesa da existência de um partido nazista no Brasil e o “direito de ser antijudeu”, feita pelo apresentador Monark, do Flow Podcast. O nazismo prega a supremacia racial e o extermínio de grupos que considera “inferiores”. Sob a liderança de Hitler, o nazismo comandou uma máquina de extermínio no coração da Europa que matou 6 milhões de judeus inocentes e também homossexuais, ciganos e outras minorias. O discurso de ódio e a defesa do discurso de ódio trazem consequências terríveis para a humanidade, e o nazismo é sua maior evidência histórica.”, disse a nota.
A Federação Israelita Paulista descreveu como “absolutamente inaceitável” a declaração feita por Monark.
Criado por Monark e por Igor Coelho, o programa do Flow é um dos podcasts com maior audiência do Brasil. Somente no youtube, reúne 3,6 milhões de inscritos.
Monark é desligado de podcast após defesa de partido nazista
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