O Instituo Brasil-Israel, uma das entidades de representação da comunidade judaica no Brasil, se manifestou em repúdio ao senador Eduardo Girão (Novo-CE), que, em audiência da Comissão de Segurança Pública do Senado, comparou os presos pelas invasões de 8 de janeiro às vítimas do Holocausto. Na visão do instituto, o parlamentar deturpou o que foi o genocídio e desrespeitou as vítimas do nazismo.
Eduardo Girão é um dos parlamentares que constantemente se pronunciam em defesa dos participantes do acampamento montado por militantes bolsonaristas em frente ao quartel-general do Exército nos últimos meses de 2022, onde exigiram um golpe militar para revogar o resultado das eleições. Do acampamento, saíram os manifestantes do ato de 8 de janeiro, que resultou na depredação das sedes dos três poderes da república.
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Em audiência na quinta-feira (13), Eduardo Girão se queixou da dificuldade de acessar os presos decorrentes das ações policiais de retomada dos prédios públicos e desmobilização do acampamento. “Até parlamentar, até senador da República tem que pedir autorização para ir na Papuda, para ir à Colmeia [presídio feminino do DF], ao chefe desse inquérito para poder visitar. (…) Agora, é bater de frente ou é inspirar naquela lista daquele filme ‘A Lista de Schindler’? Dois caminhos. Se tiver que pedir autorização, vamos continuar pedindo, porque essas pessoas não estão esquecidas”, declarou.
“A lista de Schindler” é um filme de 1993 dirigido por Steven Spielberg, que retrata a vida do empresário e político alemão Oskar Schindler. Durante a Segunda Guerra Mundial, ele enganou o governo nazista para retirar cerca de 1,2 mil judeus de campos de concentração e os manteve seguros em suas fábricas, onde os orientou a produzir equipamentos previamente danificados para sabotar as atividades do exército alemão.
Schindler ficou endividado com sua operação de resgate, e foi o único filiado ao partido nazista que, após a guerra, recebeu o título de “Justo entre as nações”, condecoração concedida pelo governo israelense a não-judeus que contribuíram de forma ativa na proteção da comunidade judaica durante o Holocausto.
Em nota, o Instituto Brasil-Israel afirmou que “a ação exaltada pelo próprio senador seria ter pedido autorização para visitar envolvidos na tentativa de golpe na cadeia. Uma vez mais, é preciso repudiar falas que deturpam o que foi o massacre nazista contra minorias”, e que “comparar o Holocausto com a detenção de pessoas envolvidas com o 8 de janeiro é um desrespeito com as vítimas do nazismo”.
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