Antes mesmo de ser instalada oficialmente, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os atos golpistas de 8 de janeiro já deflagrou uma disputa acirrada entre governo e oposição na busca pelos principais cargos do colegiado. A oposição, que foi a principal articuladora do pedido da CPMI, promete não abrir mão de ter a relatoria do colegiado, considerado o cargo mais importante.
“A CPMI está consolidada e agora o governo agora vai tentar aparelhar e controlar a comissão. Não irá conseguir”, enfatizou ao Congresso em Foco o líder da Oposição no Senado, senador Rogério Marinho (PL-RN).
A sessão do Congresso para a instalação do colegiado está marcada para ocorrer na próxima quarta-feira (26). Só após é que serão escolhidos os parlamentares que irão compor a estrutura do colegiado, divididos entre Câmara e Senado. As duas casas também se dividem entre os cargos mais importantes, que são a presidência e a relatoria. Nos bastidores, os parlamentares da oposição já admitem abrir mão da presidência, mas não da relatoria.
Essa, os opositores do governo Lula não querem perder a chance de comandar, ainda mais depois que o governo se viu obrigado a aceitar a instalação do colegiado. A mudança de postura do governo ocorreu que o general Gonçalves Dias deixou o comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), diante do vazamento de gravações das câmeras de segurança do Palácio do Planalto, que revelaram ele e outros oficiais do GSI circulando pelo prédio em meio à invasão, e interagindo com os golpistas.
O ministro era encarregado de orientar a segurança do presidente da República e responsável por chefiar o serviço de inteligência. Diante da tensão gerada com o vazamento das imagens, o próprio governo mudou o tom e passou a defender a instalação da CPMI, cujos aliados trabalhavam até o começo da semana para a retirada das assinaturas.
“Os fatos são muito fortes e irão aparecer mais”, disse Marinho, que complementou: “Ficou impossível deter a instalação. Por isso a mudança do discurso”.
Dentro da CPMI, quando formada, a estratégia trabalhada pelo governo é de indicar quadros que atuarão de forma exclusiva nas investigações, formando juntos uma “tropa de choque” governista. O núcleo dessa equipe será o antigo G7, como ficou conhecido o grupo majoritário na pandemia da covid-19. “
Nós vamos com muita energia para essa CPMI. Estamos separando os melhores quadros para estar lá. No Senado, já temos uma turma com Renan Calheiros, Randolfe Rodrigues, Humberto Costa, Omar Aziz. Vamos preparar os melhores”, disse o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), em nome da bancada governista no Congresso Nacional.
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