Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da farmacêutica Davati, disse em depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (1) que o CEO da empresa, Cristiano Carvalho, foi procurado pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) para tratar sobre intermediação de vacinas.
Em áudio exibido no colegiado, Luis Miranda diz: “Vou falar direto com o cara e pedir toda a documentação do cara, pedir a prova de vida dele, o comprador meu já está de saco cheio disso e não vou fazer negócio. Se seu produto estiver no chão, meu comprador entende que é fato e encaminha toda a documentação necessária e bola para frente.”
A fala, aponta Luiz Paulo, era uma tentativa de mediação de compra de vacinas. Membros da CPI pediram a retenção do celular do empresário para entender o contexto da mensagem. O colegiado também decidiu, a partir da gravação, que quer ouvir Cristiano Carvalho para elucidar as condições do áudio enviado por Luis Miranda.
O representante afirmou ainda que o CEO da Davati disse que Miranda estava fazendo uma denúncia na CPI enquanto negociava a intermediação da aquisição de vacinas. Ao jornal O Globo, Cristiano Carvalho negou que tenha encaminhado a mensagem para Luiz Dominguetti e que se tratava de uma mensagem antiga.
O Congresso em Foco entrou em contato com o deputado Luis Miranda, mas ainda não teve respostas. Ao ser citado, no entanto, o deputado foi à comissão e disse que iria mandar prender o depoente.
Os criminosos estão desesperados… usando áudio da minha empresa dos Estados Unidos na aquisição de Luvas para o mercado Americano! Tentam a todo custo descredibilizar meu testemunho… eles possuem muito para esconder! https://t.co/VccAhAxkTU
— Luis Miranda USA (@LuisMirandaUSA) July 1, 2021
Luis Miranda alegou que o áudio exibido na CPI é de 2020 e que trata da compra de produtos dos Estados Unidos e não de vacinas. O parlamentar também explicou que o áudio foi editado e que iria à Polícia apresentar a íntegra da gravação.
Reações
A exibição do áudio causou tumulto na comissão. Senadores da base governista classificaram a fala de Luis Miranda como “grave”, enquanto membros do G7 disseram que o áudio desvirtuava o foco do depoimento e que era preciso ter cuidado.
O senador Jorginho Mello (PL-SC), da base do governo, disse ao depoente para refletir se não gostaria de retificar algo em sua fala.” O senhor não quer retificar alguma coisa no seu depoimento? Pra não te complicar. Faço essa recomendação. Fale com o seu advogado”, disse.
Senadores lembraram que a AstraZeneca, vacina que estaria sendo negociada na denúncia de Luiz Dominguetti, tem contrato com a Fiocruz e que não seria necessária a intermediação de uma empresa terceira.
Melhor resumo até agora: o mal do malandro é achar que só a mãe dele fez filho esperto. Esse depoimento vai render
— Senador Alessandro Vieira (@Sen_Alessandro) July 1, 2021
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