A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas aprovou nesta quinta-feira (3) a convocação do Walter Delgatti, conhecido como o hacker responsável pela Vaza Jato, caso de vazamento de dados que expôs conversas entre autoridades da Operação Lava Jato. Delgatti foi preso na quarta (2) em operação da Polícia Federal que também fez buscas contra a deputada Carla Zambelli (PL-SP).
A CPMI realiza uma audiência nesta quinta para discutir a votação de uma série de requerimentos novos para dar andamento às investigações dos ataques às sedes dos Poderes em 8 de janeiro, com a convocação de nomes para depor na comissão. Três blocos de requerimentos foram votados.
Briga entre parlamentares
Do dia 17 de julho até o dia 2 de agosto, quase 300 novos requerimentos foram protocolados pelos parlamentares. Tratam-se de pedidos de novos documentos, quebras de sigilo e convocatórias de depoimentos. O presidente da Comissão, Arthur Maia (União-BA), divulgou os seguintes nomes a serem convocados para a CPMI no primeiro bloco de requerimentos de depoimentos, que foi aprovado:
- Coronel da Polícia Militar do DF Cíntia Queiroz, subsecretária de Operações Integradas da Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF)
- Marcela da Silva Morais Pinno, que foi promovida de soldado a cabo da Polícia Militar.
- Sargento do Exército Luis Marcos Dos Reis, que esteve nos atos golpistas que invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes
- Walter Delgatti, hacker envolvido nos vazamentos da Vaza Jato e alvo de mandados de busca e apreensão da Polícia Federal na investigação que também envolve a deputada Carla Zambelli (PL-SP) a respeito de invasões on-line a órgãos públicos, bem como uma reunião com o ex-presidente Bolsonaro em que a integridade do sistema eleitoral foi questionada.
- Adriano Machado, fotógrafo da Reuters, acusado pela oposição de combinar fotos com os manifestantes bolsonaristas durante a depredação da Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro.
Antes do início da sessão, congressistas da CPMI discutiram a convocação dos nomes. A ideia é que houvesse uma votação em bloco para acelerar o processo.
Maia tentou um acordo, mas, quando os parlamentares chegaram à comissão, os ânimos se acirraram. A sessão começou com uma discussão entre os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e a Jandira Feghali (PC do B-RJ). A deputada Duda Salabert (PDT-MG) interveio e exigiu respeito de Nikolas. Ambos chegaram a se empurrar antes do início da sessão.
A oposição acusou os parlamentares governistas de tentarem obstruir a pauta do dia e de impor os próprios requerimentos. O desejo da oposição é convocar o fotógrafo da Reuters como testemunha. Já os governistas acusaram a oposição de ter medo da convocação do hacker Walter Delgatti, alvo de mandados de busca e apreensão da Polícia Federal na quarta-feira (2).
Ao longo do último mês, diversos requerimentos foram protocolados, incluindo um pedido de oitiva da ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, requerimento que Jandira pretendia votar ainda nesta quinta-feira. Além de Delgatti e Michelle, a deputada Carla Zambelli também teve a presença requisitada.
O segundo bloco de requerimentos de convocação, que foi indeferido por 19 votos contra 13, pediu depoimentos de:
- Coronel Sandro Augusto de Sales Queiroz, então Comandante do Batalhão de Pronto Emprego da Força Nacional de Segurança Pública.
- Tomás de Almeida Vianna, representante da Diretoria de Inteligência do Ministério da Justiça e Segurança Pública no grupo de Whatsapp CONSISBIN, no qual se difundiram alertas produzidos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para comunicar fatos e situações graves no período de 2 de janeiro a 8 de janeiro.
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