O candidato a presidente da Câmara Baleia Rossi (MDB-SP) disse nesta quarta-feira (6) que não se preocupa com as possíveis traições de deputados que compõem seu bloco. Parte das siglas que apoiam Baleia, como PSL, PSDB, DEM e PSB, tem deputados que apoiam Arthur Lira (PP-AL).
“Confio na palavra dos deputados, sempre fui uma pessoa que tive palavra, honrei meus compromissos. Vou com humildade com cada um dos parlamentares para falar das nossas propostas, nossa visão de Câmara Federal independente. Tenho certeza que os parlamentares saberão fazer a melhor escolha”, disse após lançar oficialmente sua candidatura no Salão Negro da Câmara.
Participaram do evento nomes como o líder da maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), o presidente do PSL, Luciano Bivar, o líder do PSB, Alessandro Molon, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
A aliança do emedebista é composta de 11 partidos. São eles: MDB, PSDB, DEM, PT, PSL, Cidadania, PV, PSB, PDT, PCdoB e Rede.
Baleia vai começar nesta sexta-feira (8) a viajar pelo país para tentar conseguir votos para sua eleição. O primeiro destino é o Piauí, onde está prevista uma reunião com o governador Wellington Dias (PT-PI).
Na semana que vem Baleia vai visitar os estados de Santa Catarina, Goiás, Bahia e Ceará. Estão previstas reuniões com os deputados e governadores desses estados – Carlos Moisés (PSL-SC), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Rui Costa (PT-BA) e Camilo Santana (PT-CE). No Ceará, o presidente do MDB também deve encontrar o ex-ministro Ciro Gomes (PDT).
Durante o ato de lançamento da candidatura, o congressista afirmou que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, se comprometeu a suspender o recesso legislativo de janeiro caso seja preciso que a Casa vote projetos de garantia de vacinação contra a covid-19.
“Se precisar votar alguma medida urgente ainda neste mês de janeiro, nós estamos a postos. O presidente [Rodrigo Maia] já deu o ok e está a disposição do Brasil para essa possível votação, sem ônus, sem custos para a Câmara dos Deputados.”
Ele também ressaltou que entre suas prioridades, caso seja eleito, está pautar projetos de renda mínima e uma reforma tributária.
“É importante voltarmos a debater a nossa pauta, votando reformas importantes. E voltar a debater o auxílio emergencial. A pandemia não acabou e milhões deixarão de receber o benefício. Entendo que temos de buscar uma solução: ou aumentando o Bolsa Família ou buscando de novo o auxílio emergencial aos mais vulneráveis”, disse.
Procurando se distanciar do governo, Baleia fez críticas ao Planalto durante o discurso e citou a que o Poder Executivo havia sugerido, em março de 2020, o valor de R$ 200 para o auxílio emergencial. Após votação no Congresso, o benefício começou valendo R$ 600, depois, nos últimos quatros meses passou a ser de R$ 300 e a partir deste mês de janeiro deixou de existir.
Outra crítica ao governo e aos partidos que apoiam o candidato Arthur Lira (PP-AL) foi sobre a votação do novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). “Nós avançamos no Fundeb. Me lembro até que alguns partidos do centrão fizeram obstruções, não queriam recursos para a educação.”
O deputado do MDB também comentou sobre o atrito que surgiu nesta quarta sobre a forma de votação para eleição interna da Câmara em fevereiro. Lira reclamou no Twitter que Maia tenta fazer uma votação de maneira remota.
Nas eleições,148 milhões de eleitores tiveram a obrigação de ir às urnas e votar em plena pandemia. Agora,o presidente da Câmara @rodrigomaia e seu candidato @baleiarossi querem votar remotamente na eleição p/presidência da Câmara. Qual a verdadeira intenção por trás disso?
— Arthur Lira (@ArthurLira_) January 6, 2021
Entre aliados de Arthur Lira, a leitura é de que sua campanha tem feito um trabalho mais corpo a corpo com os deputados – ao contrário de Baleia, que tem negociado com as lideranças partidárias -, assim, a possibilidade de abordar deputados em plenário no dia da votação daria a Lira a chance de conquistar mais votos.
“Isso foi um factoide que não existe, síndrome do Trump”, disse o candidato do MDB sobre a possibilidade de votação não presencial para escolher o próximo presidente da Casa.
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