O discurso que garantiu a vitória de Trump
Contrariando todas as pesquisas e previsões, Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos. Venceu apesar das restrições que sempre enfrentou de políticos (inclusive do seu próprio partido), empresários, artistas e intelectuais renomados, além dos grandes veículos de mídia, que em sua maioria apoiaram a democrata Hillary Clinton, a quem o candidato republicano demonizou e chamou de trambiqueira.
Assim como ocorreu agora nos Estados Unidos, na França, na Inglaterra e na Alemanha observou-se recentemente situações em que as pesquisas de opinião não foram capazes de captar o poder de insurgência da direita. O que também aconteceu com o Brexit, isto é, a saída do Reino Unido da União Europeia – que o stablishment intelectual, político e econômico apontava como improvável.
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Trump chega a presidente do país sem uma carreira política e com inúmeras características que deixam muitos apreensivos sobre o futuro do país e do mundo. Com 70 anos, o empresário e ex-apresentador de TV chamou atenção pelo conservadorismo, pelo machismo, por manifestações contra imigrantes que várias vezes se aproximaram da xenofobia e, ao mesmo tempo, pela popularidade nas redes sociais.
Na internet, extremistas islâmicos celebraram a vitória do magnata. Matéria da agência France Presse (AFP) revelou mensagens trocadas entre partidários do grupo extremista Estado Islâmico. Uma delas diz: “A vitória de Trump é uma coisa boa para a nação muçulmana. Estou otimista porque ele é um touro estúpido, arrogante e presunçoso e é mais besta que (George) Bush”.
Democratas que alegremente previam uma vitória fácil menosprezaram o bizarro herói de trabalhadores brancos que lhe deram a vitória em alguns redutos democratas, seduzidos pela ideia – propagada tanto por Trump quanto por Bernie Sanders, o candidato de esquerda preterido pelo Partido Democrata – de que os Estados Unidos precisam parar de exportar empregos industriais para mexicanos, japoneses e outros povos. Não há como dissociar, porém, a vitória do bilionário norte-americano da onda de direita que atualmente ganha impulso em vários cantos do mundo.
Muito se comentou nos Estados Unidos, nos últimos dias, que o resultado da eleição era o cumprimento da profecia do escritor Sinclair Lewis. Em seu romance It can’t happen here (Isso não pode acontecer aqui), escrito em 1935, Lewis descreve o fascismo invadindo os Estados Unidos. O personagem principal do livro é um senador populista, eleito presidente com a promessa de fazer grandes reformas econômicas e resgatar os valores tradicionais da nação. Após sua vitória, ele impõe um regime totalitário com a ajuda de força paramilitar como Adolf Hitler.
E qual foi o discurso que ele usou para chegar a vitória? Basicamente utilizou a narrativa contra o politicamente correto para vender soluções simplistas e radicais. Um muro contra a imigração. Deixar de comprar carros estrangeiros, apontados como causa do desemprego de milhões de operários, e assim por diante. Seu discurso soou como música nos ouvidos da população branca de baixa escolaridade.
A proposta de Trump era simples e relembrou a do marqueteiro James Carville na eleição de Bill Clinton, em 1992: mudança ou continuidade?
Sua estratégia de comunicação foi eficaz para estabelecer a dúvida sobre as conquistas recentes de país que soube sair com competência da grave crise econômica internacional deflagrada em 2008. Ele criou uma mensagem a partir da paixão popular e a imagem de uma liderança de “força bruta”. Somou-se a isso o fato de ter uma adversária, Hillary Clinton, que não conseguiu herdar o carisma de Barack Obama e que quanto mais campanha fazia, mais conseguia aumentar as opiniões a ela desfavoráveis (inclusive em seu próprio partido).
Os Estados Unidos já enfrentaram situações econômicas muito mais difíceis e não sucumbiram às demagogias ou ao fascismo. Trump, no entanto, depois de insultar mexicanos, muçulmanos, mulheres e pessoas com deficiência, soube aproveitar a oportunidade da instabilidade econômica para conquistar votos contando a história de “fazer a América grande novamente”.
Esqueça a vitória de Trump. Divirta-se com a criatividade dos memes
O resultado das eleições americanas mal tinha sido anunciado e os memes já estavam por todas as redes sociais e grupos de Whatsapp, servindo para aliviar a dor dos derrotados e para satirizar o novo presidente dos Estados Unidos.
Desde a imagem do cabelo alaranjado de Trump com um título que destacava “orange is the new black”, parodiando a série americana de mesmo nome, até piadas envolvendo imigrantes e minorias.
Já o site Sensacionalista destacava o seriado Os Simpsons e o episódio “Bart to The Future” em que a personagem Lisa Simpson assumia a presidência dos EUA após o mandato de Donald Trump.
Marcas conhecidas também não perderam a oportunidade para passar seus recados. Usaram para isso a técnica conhecida como real time content (conteúdo em tempo real) ou creative newsroom (sala de criação).
Este tipo de ação consiste em produzir conteúdo em tempo real que tenha conexão com o evento em questão, com a marca, com os atributos da marca e com a audiência.
Foi o que a cerveja Corona fez com o anúncio “The wall” (o muro), criado com o objetivo de atingir imigrantes e mexicanos a superar seus desafios. No vídeo da campanha, o ator mexicano Diego Luna, diz: “Todos nós estamos irritados com o muro que o cara maluco quer construir”, em referência ao muro que Trump declarou querer construir na fronteira entre Estados Unidos e o México.
Além de boa pitada de criatividade, essas ações de “conteúdo em tempo real” são técnicas atuais de análise de contexto que dialogam com a realidade e geram interação entre públicos distintos impactados com um grande fato. Elas exigem, no entanto, coragem para assumir riscos de se fazer conteúdos polêmicos e, assim, e arcar com as consequências.
[+] 15 vezes em que os Simpsons previram o futuro e acertaram
[+] Assista a propaganda da Corona
Membros do Ministério Público agora têm regras para que não usem redes sociais para apoio político
A Corregedoria Nacional do Ministério Público publicou recomendação sobre a liberdade de expressão e a atividade político-partidária para membros da instituição, principalmente nas redes sociais.
De acordo com o documento, a liberdade de expressão não pode ser utilizada pelos promotores e procuradores “para violar a proibição constitucional do exercício da atividade político-partidária” ou para discriminar em relação à raça, gênero, orientação sexual, religião e a outros valores ou direitos protegidos.
Essa recomendação não se restringe apenas à filiação partidária, mas também a situações que demonstrem apoio público a candidato ou que deixem evidenciada a vinculação a determinado partido político. Por essa razão também são vedados ataques de cunho pessoal direcionados a candidato, a liderança política ou a partido político, com a finalidade de descredenciá-los perante a opinião pública.
Recentemente, o Ministério Público viveu uma crise de imagem quando a ex-vice procuradora-geral Ela Wiecko apareceu em um vídeo protestando contra o impeachment.
As redes sociais fazem parte da vida profissional e pessoal e cada vez é mais difícil fazer a separação entre esses dois mundos. Cada gestor público carrega consigo um pedaço da responsabilidade sobre a imagem da instituição que representa, e quanto maior o cargo que ocupa mais tênue a linha que divide o que é opinião pessoal e o que é opinião institucional.
[+] As regras para manifestações na internet baixadas pelo CNMP
[+] Íntegra do documento do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP)
[+] Veja o vídeo da Ela Wiecko
Memes do Enem 2016 provam que o melhor do Brasil é o brasileiro
No último final de semana, estudantes de todo o Brasil participaram do Exame Nacional do Ensino Médio (o famoso Enem) e como a gente já sabe, não existe Enem sem memes. Foi uma enxurrada de piadas na internet sobre atrasos, expectativas, questões e resultados. A hashtag #AprendiNoEnemQ ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter durante os dois dias seguintes à aplicação da prova. Confira aqui alguns desses memes que mostram que o brasileiro não perde o bom humor.
[+] Veja mais: #AprendiNoEnemQ
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