Para evitar qualquer impacto no consumo de cerveja na Copa do Mundo, o governo adiou por três meses a decisão de aumentar os impostos para o setor de bebidas frias, que inclui também refrigerantes, isotônicos e refrescos. A previsão era que o reajuste entrasse em vigor em 1º de junho. “A gente está diferindo, postergando uma correção de tabela para daqui a três meses e não de forma plena, mas diferida ao longo do tempo”, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nesta terça-feira (13).
“Sem dúvida, nós temos uma grande preocupação que a inflação permaneça sob controle e esse setor pode dar uma contribuição importante. Nós fizemos um pacto de que não haveria aumento durante a Copa e de preferência depois também”, disse ele, após reunião com representantes do setor.
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O objetivo do governo é, com a recomposição da tabela, ter mais recursos para cumprir a meta de superávit fiscal. “Nós acabamos de fazer uma reunião com o setor de bebidas, com o setor de bares e restaurantes a respeito da tabela que implica na recomposição de tributos. Suspendemos a aplicação dessa tabela temporariamente para um aperfeiçoamento dela porque havia uma divergência em alguns preços que foram capturados”, disse o ministro, acrescentando que, nos últimos dois anos, o governo reduziu os tributos no setor de bebidas para permitir que houvesse mais investimentos e crescimento.
Patrocínios e consumo em alta
Um dos patrocinadores da Fifa para a realização da Copa do Mundo é a Budweiser, produzida pela multinacional brasileira Inbev. Apesar disso, a entidade conseguiu isentar de quaisquer impostos seus parceiros na organização do mundial, benefício questionado na Justiça.
O privilégio, porém, não isenta de pagar tributos as concorrentes da Inbev, que não são parceiras da Fifa, como o grupo Itaipava, que anunciou fazer campanhas de consumo até nas praias. E o consumo da “loira gelada” deve subir durante o Mundial, inclusive fora dos estádios.
Estudos da consultoria Nielsen apontam que o consumo de cerveja deve dobrar em junho e julho, segundo a revista Istoé Dinheiro. Na Copa da África do Sul, em 2010, a ingestão da bebida praticamente triplicou nas cidades que recebiam os jogos. A mesma consultoria aponta que 63,2% dos brasileiros comem ou bebem alguma coisa enquanto assistem a jogos esportivos na televisão. Refrigerante e cerveja são os produtos mais consumidos.
A Lei Geral da Copa ainda abriu uma exceção no Estatuto do Torcedor para que, apenas durante o período dos jogos, não seja mais proibido o consumo de álcool dentro dos estádios. A medida foi criticada por entidades que combatem a violência associada ao futebol. Mas atendeu ao desejo dos patrocinadores da Fifa.
Demissões
O aumento das alíquotas do setor de bebidas foi anunciado no final de abril pelo governo, mas as novas tabelas com os preços das bebidas só entrariam em vigor em junho. A previsão da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) é que o aumento terá impacto de 10% a 12% no preço das bebidas frias para o consumidor. Logo depois do anúncio de aumento, em abril, a Receita Federal retificou informação e disse, em nota, que os preços das bebidas frias subiriam, em média, 2,25% para o consumidor final, e não 1,3%. Também houve erro na primeira divulgação das tabelas.
Os empresários estimaram demissão de mais de 200 mil pessoas se o governo não mudasse o prazo do início do reajuste. (com agências)
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