Folha de S. Paulo
Construtoras bancam 75% das doações ao PT
Dos R$ 79,8 milhões doados ao PT nacional em 2013, quase R$ 60 milhões –o equivalente a 75% do total– veio de empresas construtoras.
Grupos como Camargo Corrêa, Odebrecht e Queiroz Galvão figuram na lista de maiores patrocinadores da sigla por meio de doações ao Diretório Nacional do partido.
O pagamento é feito de maneiras diversas. Enquanto a Odebrecht fez apenas três doações no ano, sendo uma delas de R$ 4 milhões, a Galvão Engenharia contribuiu mensalmente com o partido. Foram 12 doações ao longo do ano, sendo 10 delas no valor de R$ 500 mil.
As contribuições de pessoas físicas somaram R$ 2.943 –menos de 0,1% do total. O Fundo Partidário injeta outra parte dos recursos ao caixa das siglas — em 2013, o PT recebeu R$ 47,3 milhões.
O padrão de participação das empreiteiras se mantém nos últimos anos — em 2012 e 2011 também foram elas as maiores doadoras. A lista de doações também revela o quanto elas se concentram nas mãos de poucos grupos.
PSDB de Aécio tem o cheiro da derrota no 2º turno, diz Marina
A cinco meses da eleição, a ex-senadora Marina Silva afirma que o PSDB de Aécio Neves já entrou na disputa com o “cheiro da derrota” no segundo turno. Ela diz que seu companheiro de chapa, Eduardo Campos (PSB), é o único capaz de impedir a reeleição de Dilma Rousseff (PT).
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A declarações devem ajudar a sepultar o clima de trégua entre os dois candidatos, que vinham atuando em parceria para desgastar a petista.
Incomodada com as comparações entre Campos e Aécio, Marina afirmou que o aliado defende ideias mais progressistas que o tucano. Também atacou Dilma, a quem acusou de usar a propaganda oficial para esconder os problemas do governo.
A ex-senadora se mostrou incomodada com o relato do ex-presidente Lula, revelado na segunda pela coluna Mônica Bergamo, da Folha, de que ela teria consultado Deus antes de pedir demissão do Ministério do Meio Ambiente.
Estratégia de Dilma é associar oposição a ações impopulares
O governo petista captou o desejo da população por mudanças, mas, nos primeiros movimentos da campanha eleitoral, a presidente Dilma Rousseff diz apenas o que não vai mudar se for reeleita.
Desde o pronunciamento do Primeiro de Maio, a presidente-candidata promete mais emprego, salário e Bolsa Família, enquanto nega a necessidade de ajustes dolorosos na política econômica.
“Tem gente dizendo que tem medidas impopulares. Tem que ter cuidado para que medida impopular não se transforme em medida antipopular”, disse anteontem, em jantar de mais de quatro horas com jornalistas mulheres no Palácio da Alvorada.
Adversários rebatem críticas feitas pela presidente em jantar
Os dois principais adversários da presidente Dilma Rousseff (PT) rebateram ontem as críticas feitas por ela contra seus opositores anteontem, em jantar com jornalistas.
Pré-candidato à presidência pelo PSDB, Aécio Neves (PSDB-MG) disse que vai tomar duas medidas “impopulares” ao PT se assumir o governo, de olho no controle dos gastos públicos. A primeira delas é reduzir o número de ministérios. “Vou acabar com a boquinha de muita gente”, disse o tucano.
Também prometeu acabar com “falcatruas e irresponsabilidades” em empresas brasileiras, especialmente a Petrobras. “O que nós vamos fazer é corrigir os equívocos do atual governo. O que nós vamos fazer é acabar com a medida mais impopular tomada por esse governo que foi permitir que a inflação voltasse no Brasil”, afirmou.
Já Eduardo Campos, pré-candidato do PSB, sugeriu ontem à petista conversar melhor com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que, segundo ele, planeja aumentar a carga tributária para fechar as contas do governo.
Janot vê sinais de regalias a presos do mensalão
Em parecer encaminhado ontem ao STF (Supremo Tribunal Federal), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que “há indicativos bastante claros” de que os presos do processo do mensalão recebem tratamento diferenciado no Sistema Prisional do Distrito Federal.
Ele destacou visitas em dias e horários diferenciados e informações de outros presos, segundo os quais há regalias como refeições diferenciadas para os detentos do mensalão. Por isso, cobrou atitudes das autoridades do Distrito Federal para tratamento isonômico dos presos.
“As informações prestadas por autoridades da Defensoria Pública, do Ministério Público e do Judiciário, robustecidas por depoimentos formais de internos do sistema prisional local, formam um sólido contexto [sobre tratamento diferenciado]”, diz trecho do parecer.
No documento, Janot diz que “há indicativos bastante claros que demandariam uma atitude imediata das autoridades responsáveis [na investigação das regalias]”.
Renan manda instalar CPIs sobre Metrô e Petrobras
O presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), determinou ontem a instalação de duas CPIs mistas (com deputados e senadores) para investigar a Petrobras e o cartel do Metrô de São Paulo.
Em sessão do Congresso, o PT apresentou questionamento para tentar inviabilizar a comissão mista da Petrobras, enquanto o PSDB pediu a instalação imediata da CPI depois de acusar Renan de adotar manobras que beneficiam o governo.
Líderes dos partidos terão até o fim da semana que vem para indicar os membros da CPI da Petrobras, o que na prática adia o início das investigações –como quer o Planalto.
Além disso, Renan recorreu à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado para que se manifeste sobre qual deve ser a abrangência das apurações, o que também ajudará a retardar os trabalhos.
Justiça ameaça encerrar processo contra cartel
A Justiça ameaça encerrar o processo do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) contra as empresas do cartel de trens se a administração estadual insistir em não indicar o valor do prejuízo causado pelas companhias que fraudaram licitações da CPTM e do Metrô entre 1998 e 2008.
Segundo despacho da juíza Celina Toyoshima, o governo fez uma descrição genérica dos danos do cartel e isso prejudica a defesa das empresas acusadas. Como é uma ação que busca reparar prejuízos, o valor é essencial.
É a segunda vez que a Justiça manda o governo Alckmin apontar o montante a ser pago pelas companhias.
Governo quer criar conselho de proteção de dados pessoais
O governo pretende criar uma espécie de agência reguladora para atuar na proteção de dados pessoais.
A ideia vem a reboque do Marco Civil da Internet e dos casos de espionagem norte-americana revelados no ano passado pelo ex-funcionário da CIA, Edward Snowden.
O projeto de lei, ao qual a Folha teve acesso, está na Casa Civil e defende a criação do “Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais”.
Confissão foi forjada, diz família de caseiro
A família do caseiro Rogério Pires, acusado de participação no assalto à casa do coronel Paulo Malhães que resultou em sua morte, afirma que o depoimento foi forjado.
Segundo uma das irmãs de Pires, que pediu anonimato, ele disse que estava sendo coagido a assumir a culpa.
“Ele me ligou e disse: Eu não fiz nada, mas não adianta falar que eu não fiz, porque eles querem que eu diga o que eles querem'”, disse a irmã.
Malhães, um coronel reformado que havia admitido à Comissão da Verdade a participação na tortura e no assassinato de presos políticos durante a ditadura militar (1964-1985), foi encontrado morto em seu sítio em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no dia 25 de abril.
O Globo
Campos e Marina definem nomes que vão comandar campanha
A coordenação da pré-candidatura presidencial de Eduardo Campos (PSB) se reuniu ontem e decidiu acelerar, já a partir da próxima semana, as agendas conjuntas do ex-governador de Pernambuco e da vice da chapa, a ex-senadora Marina Silva. O núcleo de dez nomes que comandará o dia a dia da campanha também foi fechado durante o encontro.
Os coordenadores atuarão em dupla, sendo sempre um representante do PSB e um outro adjunto da Rede, o partido que Marina tentou criar, mas teve o registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no ano passado. Todos os indicados pela ex-senadora trabalharam na campanha presidencial de 2010. A coordenação geral ficará com Carlos Siqueira, secretário nacional do PSB, e Bazileu Margarido, que foi presidente do Ibama quando a pré-candidata a vice ocupou o Ministério do Meio Ambiente no governo Lula.
Também está definido que não haverá na campanha de Campos a figura do marqueteiro nos padrões tradicionais. A coordenação de comunicação ficará com o jornalistas Alon Feuerwerker e Nilson Oliveira. O último assessorou Marina em 2010. O sociólogo argentino Diego Brandy, uma espécie de guru de Campos desde a sua primeira eleição para o governo de Pernambuco, em 2006, será o responsável pelos programas de televisão e rádio, mas estará subordinado ao núcleo de Alon e ao comando geral da campanha. Brandy é especialista em pesquisas de opinião e rejeita o rótulo de marqueteiro.
O tesoureiro será Henrique Costa, amigo pessoal de Campos. Os dois estudaram juntos na faculdade de economia em Pernambuco. Costa fez carreira em bancos, como o BankBoston e o Banco do Estado de Pernambuco (Bandepe). Ele terá como adjunto Rubens Novelli, que já exerceu a mesma função em 2010. O programa de governo será coordenado pelo ex-deputado federal petista Maurício Rands e por Neca Setúbal, herdeira do Banco Itaú e ligada a Marina. A coordenação de articulação, que ficará responsável pelas conversas com partidos políticos e com as campanhas estaduais, vai ser de responsabilidade do ex-vice-prefeito de Recife Milton Coelho e de Pedro Ivo Batista. Haverá ainda um conselho político, para reunir representantes de legendas aliadas como o PPS, e um conselho cidadão, a ser formado por representantes da sociedade e filiados de outros partidos que quiseram apoiar a candidatura de Campos e Marina.
Divisão entre PMDB da Câmara e do Senado preocupa governo
O pior pesadelo da presidente Dilma Rousseff , do PT e de setores do PMDB ligados ao presidente do Senado, Renan Calheiros, não é mais a CPI mista, considerada inevitável, mas o descontrole da base e a rearticulação do Blocão da Câmara, com o PMDB rebelde à frente. Só ontem, o líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), foi chamado para três cafés da manhã com emissários de Dilma, que se nega a conversar pessoalmente com ele. Nesses cafés com a cúpula do partido e com os ministros Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) e Aloizio Mercadante (Casa Civil), foram feitos apelos dramáticos para que ele não se aliasse à oposição.
Mas na reunião de sua bancada, à tarde, duas decisões revelam o nível de beligerância entre o PMDB da Câmara e o do Senado. Como retaliação ao que chamaram de manobras de Renan e do governo, a bancada, com o apoio do PR, decidiu que não vai votar agora a indicação de Bruno Dantas, apresentada pela cúpula peemedebista no Senado, ao Tribunal de Contas da União. Além disso, foi marcada para o dia 14 deste mês uma reunião da bancada com a Executiva Nacional para discutir alianças estaduais e o apoio à presidente Dilma na convenção do dia 10 de junho.
Valor Econômico
“Não tenho que dar tarifaço”, diz Dilma
A presidente Dilma Rousseff afirmou que não pretende aumentar impostos este ano e que não há no governo estudos nesse sentido. O anúncio da medida, feito pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista quando fixou metas do superávit fiscal, foi mal interpretado, segundo a presidente. “Ele falou em tese, não tem nada disso em perspectiva, não sei em que condições ele falou, a gente escorrega em casca de banana bem bonita…”, afirmou.
A presidente desautorizou previsões de que haverá tarifaço no início de 2015, por causa dos preços represados e comparou as previsões alarmistas para o ano que vem com as previsões de tempestade perfeita, que ela esperou desde setembro do ano passado e não chegou. “Não tenho que dar tarifaço, por que dar?”.
Dilma:”Pode ter havido equívoco, mas não má-fé em Pasadena”
No que pareceu ser uma nuance na sua posição a respeito da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras, a presidente Dilma Rousseff disse na noite de terça-feira, em jantar com dez jornalistas, no Palácio da Alvorada, que “até onde sei, pode ter havido equívoco, não má-fé”.
Antes, havia considerado a operação um mau negócio, aprovado porque ela e todo o conselho desconheciam as cláusulas put option e marlin do contrato, omitidas no resumo do então diretor internacional, Nestor Cerveró. Em determinado momento, houve até insinuações mais graves na operação que alguns, no próprio governo, começaram a misturar com a Operação Lava Jato, embora não tivesse nada, aparentemente, a ver.
Para Lula, Dilma não é mais a prioridade do PT
A prioridade da eleição presidencial sobre as disputas aos demais cargos sempre foi um dogma do PT. Toda a estratégia é subordinada ao projeto nacional. Na sexta-feira, no entanto, uma declaração feita no 14º Encontro Nacional do PT – que de resto serviu para sepultar o queremismo dos lulistas mais empedernidos – não recebeu a devida atenção: “Resgatar o partido, eleger governadores, deputados federais e estaduais é tão importante quanto eleger a Dilma”.
Quem disse isso foi ninguém menos que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Logo ele – que sempre personificou a primazia do projeto nacional petista – foi o responsável por traçar a nova estratégia – se assim pode-se chamá-la, pela falta de foco.
Agora que não é candidato da oposição, nem à reeleição, ou o padrinho político que quer provar sua força ao eleger a sucessora desconhecida, Lula iguala o papel central que a Presidência tem para o PT a uma eleição para deputado estadual.
A declaração sinaliza a possibilidade de uma importante inflexão na história da legenda. De fato, o PT neste ano parece muito mais preocupado com as disputas estaduais do que jamais esteve. É razoável. O partido sabe que, em algum momento, sairá do Planalto e voltará à planície, onde precisará alojar suas hostes. E a conquista de governos estaduais ainda é o ponto fraco da agremiação.
No mesmo encontro, Lula deu outra demonstração de independência. Disse que não estará amarrado aos acordos feitos pelo presidente do PT, Rui Falcão, e que priorizam a lógica para reeleger Dilma. Com isso, pretende fazer campanha para os candidatos a governador do PT nos Estados onde partidos aliados reivindicam tratamento igualitário para seus concorrentes, sob pena de não pedirem voto para Dilma.
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