O ESTADO DE S. PAULO
PF prende 35 em escândalo no Ministério do Turismo
A Operação Voucher da Polícia Federal prendeu até a noite de ontem 35 pessoas vinculadas a um suposto esquema de corrupção no Ministério do Turismo. Entre os detidos estão o atual número dois da pasta, Frederico Silva da Costa, e um ex-ocupante do cargo, Mário Moyses, ligado à senadora Marta Suplicy (PT). A ação aumentou a crise entre PT e PMDB dentro do governo. O Turismo é comandado pelo peemedebista Pedro Novais, mas o contrato investigado foi celebrado na gestão do PT, em 2009. A investigação apontou fraudes e desvios de recursos em um convênio de R$ 4,4 milhões do ministério com uma ONG para suposta capacitação profissional no Amapá. Documentos obtidos pelo Estado revelam o uso de atestados falsos pela entidade para celebrar o contrato e duas emendas parlamentares, de R$ 4 milhões e R$ 5 milhões, da deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP) destinando dinheiro para a ONG. Segundo a polícia, parte do dinheiro foi desviada e o objetivo do contrato não saiu do papel. Fátima negou responsabilidade pelo desvio.
Leia também
Publicidade
ONG usou documentos falsos em convênios
O Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi), investigado pela Polícia Federal por desvio de dinheiro público, fraudou a documentação para assinar convênios com o Ministério do Turismo.
Documentos obtidos pelo Estado mostram que o instituto falsificou declarações de qualificação técnica e capacidade operacional supostamente emitidas por entes ou agentes governamentais, ou usou papéis que não têm valor legal. O Ibrasi já recebeu R$ 14 milhões do Turismo em dois anos. Na sede, uma funcionária informou ontem que ninguém poderia atender para comentar a operação da PF.
Foi apresentada, por exemplo, uma declaração da Prefeitura de Jaguariúna (SP), que a administração da cidade diz desconhecer. “A declaração não tem existência legal, não está registrada, ou sequer (sic) é de conhecimento do titular da secretaria. Desta forma, não tem valor oficial”, informou a prefeitura.
Cópias. Declaração semelhante foi apresentada pelo instituto ao Ministério do Turismo, proveniente do gabinete do vereador paulistano Adolfo Quintas (PSDB). Quintas confirmou que um funcionário de seu gabinete assinou o documento, mas admitiu que o Legislativo não tem prerrogativas para emitir declaração de qualificação técnica e funcionamento regular. Ele disse ainda desconhecer o Ibrasi. “Nem sei quem é esse instituto. Nunca ouvi falar”, disse o vereador tucano.
Ligação de Marta com suspeito vira munição contra candidatura
A Operação Voucher foi alvo de críticas dos petistas no Congresso, mas despertou internamente no PT uma torcida, ainda que discreta, para que a crise no Ministério do Turismo respingasse na senadora Marta Suplicy (SP).
Líderes petistas ouvidos pelo Estado lembravam que Mario Moysés, ex-presidente da Embratur e ex-secretário executivo da pasta quando Marta fora ministra (2007-2008), era ligado à senadora. Trabalhara no gabinete dela na Prefeitura e fora seu coordenador de imprensa na campanha municipal de 2008. Ontem, no Senado, Marta chegou a se refugiar no banheiro para não falar sobre o caso.
A torcida adversária de Marta dentro do PT foca a disputa pela Prefeitura em 2012. Nas últimas semanas, a ex-prefeita começou a articular sua pré-campanha movimentando-se por um terreno fragmentado, que conta com outros quatro pré-candidatos.
Dilma tenta segurar ministros do PMDB, no centro das crises
A presidente Dilma Rousseff avalia que o escândalo no Ministério do Turismo é mais grave e tem maior potencial de estrago do que as denúncias de corrupção envolvendo a pasta da Agricultura e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Dilma tenta segurar tanto o ministro do Turismo, Pedro Novais, como o da Agricultura, Wagner Rossi. O primeiro foi indicado pelo líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). O segundo é afilhado do vice-presidente da República, Michel Temer.
É Temer quem está fazendo a ponte para evitar que a crise escancarada no Turismo afete o relacionamento do PMDB com o Planalto. Quanto a Rossi, o vice está tranquilo. Dilma ordenou a demissão dos diretores da Conab, mas, sem querer comprar briga com Temer, está decidida a preservar o ministro. A menos que, mais para a frente, não haja condições políticas para a manutenção dele.
Dilma faz ‘faxina’ também na Conab
A presidente Dilma Rousseff ordenou que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) passe pelo mesmo processo de “faxina” dos Transportes. Do presidente aos assessores ligados a políticos, todos serão afastados e substituídos por “técnicos”.
EUA mantêm juro e bolsas se recuperam em dia volátil
Em dia de volatilidade, as bolsas recuperaram parte das perdas da segunda-feira. A melhora foi atribuída à mensagem do Fed (o banco central dos EUA) de que os juros permanecerão entre 0% e 0,25% ao ano ao menos até 2013. Analistas também disseram que as ações ficaram atraentes após a queda generalizada desde a semana passada. Houve alta de 5,1% na Bolsa de São Paulo, a maior desde outubro de 2009, e de 3,98% em Nova York. Ninguém se arriscou a dizer se a retomada vai se manter nos próximos dias.
Cortes atingirão três Poderes
Segundo o ministro Guido Mantega (Fazenda), Congresso e Judiciário terão de ajudar o governo no corte de despesas para enfrentar a desaceleração da economia mundial.
Polícia multa à distância em estradas de SP
Em uma iniciativa inédita, há 10 dias a Polícia Rodoviária Estadual utiliza as 90 câmeras de monitoramento instaladas pelas concessionárias no Sistema Castelo-Raposo Tavares e as 33 do Trecho Oeste do Rodoanel para autuar motoristas infratores. As câmeras ficam no topo de postes, a mais de 20 metros de altura, e captam imagens a 360 graus em um raio de 1,5 km.
Londres chama 16 mil policiais contra violência
A Grã-Bretanha viveu a quarta madrugada de saques e choques entre a polícia e jovens de periferia, relata Andrei Netto. Criticado, o primeiro-ministro, David Cameron, interrompeu férias.
O GLOBO
PF prende 35 no Turismo, e governo reclama de ‘abuso’
Em mais um escândalo na Esplanada dos Ministérios, a Polícia Federal prendeu ontem 35 pessoas por desvio de recursos do Turismo, entre elas o secretário executivo da pasta, Frederico Silva da Costa (indicado pelo PMDB com apoio do PTB), o ex-presidente da Embratur Mario Moyses (ligado ao PT e à senadora Marta Suplicy) e o secretário Colbert Martins, ex-deputado pelo PMDB da Bahia, além de servidores e empresários. “O que a gente sabe é que o dinheiro chegava às mãos deles (Costa e Moyses) por esse esquema”, afirmou o diretor executivo da PF, Paulo de Tarso Teixeira, referindo-se ao desvio de recursos via emendas parlamentares. Só num dos endereços do diretor executivo da ONG Ibrasi, Luiz Gustavo Machado, também preso, policiais encontraram R$ 610 mil em espécie. Os valores desviados podem superar a casa dos R$ 10 milhões. O PMDB e o Planalto saíram em defesa do ministro do Turismo, Pedro Novais, alegando que os fatos aconteceram antes de ele assumir. Líderes governistas acusaram a Justiça e o Ministério Público de abuso, e a ministra Ideli Salvatti chegou a dizer que Novais foi vítima de “armação da imprensa”.
Número 2 do Ministério do Turismo tem currículo repleto de denúncias
Preso ontem pela Polícia Federal, o secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva da Costa, foi promovido ao segundo cargo mais importante da pasta, em janeiro deste ano, mesmo sob acusações de desvio de verbas da extinta Sudam ( Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), favorecimento de empresa de sua família e irregularidades na gestão de convênios federais. Graças ao apoio das bancadas de diversos partidos no Congresso, devidamente recompensadas com a liberação de emendas, atravessou oito anos blindado das denúncias em postos importantes do ministério, administrado no período por PTB, PT e PMDB.
Fred, como é conhecido, chegou à pasta em 2003, como nome imposto ao ex-ministro Walfrido Mares Guia (PSB, ex-PTB) pelo então presidente nacional do PTB, José Carlos Martinez (falecido em 2003). Assumiu a diretoria do Departamento de Financiamento e Promoção de Investimentos, que capta investimentos de organismos externos. Com a troca de comando no ministério, assumido em 2007 pela petista Marta Suplicy, foi alçado à Diretoria de Programas Regionais de Desenvolvimento do Turismo. No ano seguinte, com a ascensão de Luiz Barretto (PT-SP), foi promovido a secretário Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo, que controla a liberação de verbas de emendas para obras e qualificação de operadores de turismo, área sob investigação da PF.
Rota de fuga para o banheiro
Responsável pela nomeação do ex-presidente da Embratur Mário Moyses, preso na Operação Voucher, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) chegou a se esconder no banheiro do cafezinho do plenário do Senado para fugir de jornalistas. Impecável num tailler vermelho, a vice-presidente da Casa se encastelou na cadeira de presidente por quatro horas, de olhos grudados no computador, enquanto a oposição criticava o desvio de R$4 milhões no Ministério do Turismo, durante parte da gestão de Marta.
Moyses foi braço-direito de Marta em São Paulo, inclusive em campanhas. No período em que presidiu a sessão, ela manteve o semblante contrariado. Quando o senador Mário Couto (PSDB-PA) falou de “ladrões” no Turismo, citando a prisão de Moysés, ela virou o rosto para o lado, com expressão de impaciência.
– Malditos aqueles que roubam! Mas vão pagar, doa a quem doer, presidenta! – bradava Couto, enquanto Marta olhava fixamente para a tela de seu computador.
Governo e aliados põem Judiciário sob suspeição
Os líderes da base aliada fizeram ontem duros ataques à ação do Judiciário na Operação Voucher, da Polícia Federal, sugerindo, e até afirmando em alguns casos, que houve abuso de poder por parte do Ministério Público e do Judiciário. Parlamentares de vários partidos saíram em defesa de alguns dos presos, especialmente daqueles ligados a partidos, e criticaram especificamente a prisão do atual secretário nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo, o ex-deputado peemedebista Colbert Martins (BA).
Lembraram que Colbert assumiu o cargo há dois meses e fez apenas uma liberação do convênio de capacitação profissional no Amapá, que está sob investigação na Operação Voucher. Defenderam também Mário Moysés, ex-presidente da Embratur e ligado à senadora Marta Suplicy, do PT.
Dono de instituto tem empresa de consultoria
Acusado de desvio em convênios com o Ministério do Turismo, o diretor-executivo do Ibrasi (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Infraestrutura Sustentável), Luiz Gustavo Machado, tem uma outra empresa de assessoria privada. Machado e a diretora do Ibrasi Maria Helena Nechi são donos da Insight Sistemas Inteligentes Gerenciamento Consultoria e Comércio Ltda.
A Insight foi aberta em 2003, com um capital de R$150 mil, aumentando para R$500 mil, em 2006. O objeto social é atacadista de livros, jornais e outras publicações, além de serviços de informação e serviços combinados de escritório.
Ontem, a sede do Ibrasi, onde mora Luiz Gustavo e onde foram apreendidos R$610 mil , em Perdizes, passou o dia com as portas fechadas.
Rio revive trauma do ônibus 174
Uma tentativa de assalto a um ônibus frescão (Praça Mauá-Caxias) ontem à noite, em pleno Centro do Rio, levou a cidade a reviver o trauma do ônibus 174 – o assalto com reféns que terminou com mortes no Rio, em 2000. Durante cerca de uma hora, 20 passageiros e o motorista foram mantidos reféns por três homens armados de pistolas e granadas. O motorista conseguiu acenar para uma radiopatrulha da PM, que pediu reforço. Um quarto bandido conseguiu escapar, levando como refém uma passageira. Cinco carros da PM cercaram o ônibus, e o trânsito na Presidente Vargas foi interditado por três horas. O veículo tentou furar o bloqueio, houve perseguição e intensa troca de tiros. Quatro pessoas foram baleadas duas passageiras, um pedestre e um PM. Uma das mulheres foi baleada no tórax e chegou ao Hospital Souza Aguiar em estado grave. Com o ônibus sob o controle da quadrilha, equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) chegaram ao local e negociaram a libertação dos passageiros. Às 21h35m, a Secretaria Estadual de Segurança deu oficialmente por encerrado o sequestro, com a rendição dos bandidos.
Nada como um dia após o outro
Após as quedas avassaladoras da véspera, o mercado respirou aliviado ontem com a recuperação nas bolsas. No Brasil, a Bovespa subiu 5,10%. O Dow Jones, da Bolsa de NY, subiu 3,98%. A de Frankfurt, que tinha caído 5,02% na véspera, fechou estável.
Serra: TCE pede explicação sobre R$ 77 milhões
O Tribunal de Contas do Estado do Rio aprovou relatório preliminar constatando indícios de irregularidades na aplicação de recursos destinados à Região Serrana. Não há comprovação de gastos de 17% dos recursos, cerca de R$ 77 milhões.
Proposta amplia limite do Simples
A presidente Dilma Rousseff anunciou ontem o aumento de 50% em todas as faixas da tabela do Simples Nacional, em vigor desde 2007, no qual sete impostos federais, estaduais e municipais foram reunidos para reduzir custos das pequenas e micro empresas. A ideia é que mais empreendedores se enquadrem no programa, que já conta com 5,3 milhões de firmas. O projeto que será enviado ao Congresso propõe o aumento do teto da receita bruta anual das microempresas dos atuais R$240 mil para R$360 mil. No caso das pequenas empresas, passa de R$2,4 milhões para R$3,6 milhões.
Foi ampliada ainda a faixa do Microempreendedor Individual, o chamado MEI, de R$36 mil para R$60 mil. Além disso, quem está inadimplente poderá parcelar metade de sua dívida em até 60 meses, uma medida que beneficiará cerca de 500 mil empresas, que até o início do ano estavam em débito com o Fisco e correm o risco de exclusão.
Um incentivo a mais à exportação também foi incluído. Além do limite de R$3,6 milhões no mercado nacional, o empresário terá mais R$3,6 milhões para exportar sem se desenquadrar do regime especial. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a renúncia fiscal da União será de R$4,84 bilhões com as medidas. As alíquotas do imposto também serão reduzidas de forma escalonada e com diferenças para cada setor: serviços, indústria e comércio. Na faixa de R$180 mil do comércio, a alíquota cairá de 5,47% para 4%, por exemplo.
Amorim defende abertura de documentos secretos
Convidado pela presidente Dilma Rousseff a assumir a pasta da Defesa, o embaixador Celso Amorim, ex-chanceler no governo Lula, só disse sim após consultar a mulher, Ana. Amorim fez uma defesa da abertura dos documentos secretos e disse que não pode haver sigilo quando se trata de violações aos direitos humanos. Em seu primeiro dia de despacho ontem como ministro, se autodefiniu como nacionalista, comentou o fato de ser filiado ao PT e afirmou que o projeto para a compra dos caças para a Aeronáutica não está congelado.(…)
Qual a sua opinião sobre o fim do sigilo eterno dos documentos secretos?
AMORIM: No que diz respeito aos direitos humanos, não pode ter sigilo. Mesmo sob sigilo, a Comissão da Verdade vai ter acesso (aos documentos), se não não chega à verdade. As operações que ocorreram nos anos 60, 70 ou 80 ficaram para trás.
Os militares de hoje não são mais como os de ontem?
AMORIM: Não. E mesmo naquela época, vivíamos um processo de abertura. Mas abertura tem altos e baixos. O filme “Prá frente, Brasil” ficou pronto pouco depois do episódio do Riocentro (um atentado de militares durante um show no Rio). O sistema estava nervoso. Nove meses depois que eu saí (por ter liberado o filme, que fala de um cidadão torturado na ditadura), o filme foi liberado, sem cortes, no governo Figueiredo.
FOLHA DE S. PAULO
Devassa no Turismo leva PF a prender 35 pessoas
A Policia Federal prendeu o secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva da Costa, e mais 34 suspeitos de envolvimento em um esquema que teria resultado no desvio de quase R$ 3 milhões destinados a capacitar pessoal.
Entre os detidos, esta Mário Moyses, secretário-executivo na gestão anterior e ex-presidente da Embratur. Ele chegou a pasta em 2007, na gestão da hoje senadora Marta Suplicy (PT-SP), de quem foi assessor na Prefeitura de São Paulo.
Para governo, operação foi “atabalhoada”
Passava das oito horas da manhã quando o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, chegou ao Palácio do Planalto para detalhar a operação da Polícia Federal, mais tarde considerada “atabalhoada” pelo governo.
Poucos minutos depois, a imprensa repercutia a prisão de 35 pessoas, entre elas o número dois do Ministério do Turismo. No comando da pasta, o PMDB só soube do caso pela mídia.
O topo da lista de presos dava a extensão do problema: o secretário-executivo da pasta, um ex-deputado do PMDB, um petista ligado à senadora Marta Suplicy (PT-SP) e nomes ligados ao PTB.
Segundo assessores do Planalto, enquanto o ministro explicava a investigação, Dilma se assustava com o número de policiais envolvidos: 200. Ela teria ficado irritada com o relato pouco detalhado do auxiliar.
Para o Planalto a operação foi “atabalhoada”. A mesma conclusão saiu de almoço com Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Articulação Política).
Para o grupo, há indícios de que alguns dos presos nem teriam participado do esquema apurado.
No passado, operações da PF eram informadas a Lula com antecedência. Dilma esperava ter tido mais tempo para analisar o que fazer diante do envolvimento de partidos da base.
Defesa de ex-assessor de Marta diz que não há provas contra ele
A defesa do ex-secretário-executivo do Turismo Mário Moysés afirmou que não há provas da participação dele nas irregularidades investigadas pela PF e que ele foi acusado apenas em função do cargo que ocupava.
O advogado David Rechulski afirmou que vai apresentar hoje à Justiça um habeas corpus para libertar Moysés, que ontem foi transferido para Macapá (AP) junto com outros presos.
“Não existe gravação telefônica, quebra de sigilo bancário ou fiscal que evidencie qualquer tipo de vantagem ilícita que ele possa ter recebido”, disse o advogado.
A Folha procurou a direção, representantes e advogados da ONG Ibrasi na sede da entidade, mas não conseguiu localizá-los.
Prisões são “abusivas”, afirmam partidos
Atingidos pela operação da Polícia Federal no Ministério do Turismo, PT e PMDB classificaram como abusivas as prisões de 35 pessoas, incluindo filiados aos partidos.
Embora emissários da presidente Dilma tenham negado participação do governo, o clima entre os aliados era de desconfiança.
Segundo o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), o ministro do Turismo, Pedro Novais, prestará esclarecimentos ao Congresso. Mas os peemedebistas insistiram em lembrar que o escândalo atinge o PT.
O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), disse que o partido não pode ser responsabilizado porque a operação “pega pessoas ainda do exercício anterior, ex-dirigentes”. “Atinge PT, PTB, PMDB”, afirmou.
Ainda o Chile
Em mais um dia de confrontos nas ruas, manifestantes enfrentam policiais após uma passeata que atraiu entre 60 mil e 100 mil em Santiago.
Escritórios de advocacia vão patrocinar golfe de juízes
A Apamagis (Associação Paulista de Magistrados) fará um torneio de golfe com patrocínio de empresas e escritórios de advocacia, informa Frederico Vasconcelos. O evento, no Guarujá, reunirá desembargadores, juízes e advogados.
Para o presidente da Apamagis, Paulo Mascaretti, a entidade “não está impedida de firmar parcerias institucionais e comerciais”. A OAB não vê problemas éticos no patrocínio.
Governo federal sobe em 50% teto do Supersimples
O governo federal elevou em 50% o limite de faturamento para empresas do Supersimples. O sistema permite o pagamento de seis tributos em um só imposto.
A medida, que ainda precisa ser aprovada pelo Congresso, visa permitir que empresas que tiveram aumento de receita continuem a integrar o programa.
Fed manterá juro dos EUA em quase zero por dois anos
O Banco Central americano, o Fed, manterá os juros próximos de zero até 2013 para enfrentar a crise. O anúncio proporcionou a recuperação das Bolsas.
O índice Dow Jones, de Nova York, subiu 3,98%. A Bovespa teve alta de 5,1%.
Levantamento do Gallup mostra que a confiança dos consumidores americanos está no nível mais baixo desde 2009.
Também no Brasil BC deve usar juros como arma
A equipe econômica do governo acredita que o Banco Central terá condições de reduzir os juros para estimular a economia neste ano se ela esfriar demais por causa da crise externa.
O governo aposta que o país pode crescer 4% neste ano, mas assessores da presidente Dilma Rousseff acreditam que o BC deveria reduzir os juros se novas projeções indicarem uma taxa de crescimento abaixo de 3,5%.
Na avaliação desses assessores, as primeiras ações para evitar um tombo acentuado da economia brasileira devem vir da política monetária e não da área fiscal, na qual o governo já adotou estímulos nas últimas semanas.
CORREIO BRAZILIENSE
Turismo atrás das grades
O esquema desmontado pela PF desviava dinheiro público por meio de uma organização não governamental e de empresas de fachada. A Justiça determinou a prisão de 38 envolvidos: 18 no Distrito Federal, 12 em São Paulo, sete no Amapá e um no Paraná. Entre os detidos em Brasília estão o secretário executivo da pasta, Frederico Costa, e Mário Moysés, chefe de gabinete de Marta Suplicy quando ela comandou o Turismo. O escândalo abriu nova crise no governo Dilma. Caciques peemedebistas, que se sentem traídos por não terem sido avisados da ação, saíram em defesa do ministro do Turismo, Pedro Novais, afilhado de Sarney, e trataram de dividir responsabilidades com o PT. Apesar de Costa ser ligado a Novais, alegam que a fraude vem desde 2009, quando a pasta estava sob direção petista.
PMs e bombeiros ficam sem aumento
Na esteira da crise nos EUA e na Europa, o governo decidiu pedir o arquivamento da PEC que estabelece um piso único para policiais e bombeiros no país. E também da Emenda 29, que prevê mais recursos para a saúde. Juntas, elas implicavam gastos de R$ 54 bilhões.
Choque de ordem nas ruas inglesas
Após quatro dias de motins, saques, incêndios e confrontos, com a morte de pelo menos uma pessoa, o governo britânico coloca 16 mil policiais nas ruas de Londres para controlar os distúrbios. O parlamento suspendeu o recesso e vai discutir a crise.
Verbas da União: Estados se unem por mais recursos
Dezesseis governadores do Norte, Nordeste e Centro-Oeste se reuniram para traçar uma estratégia na busca por dinheiro federal. Agnelo Queiroz (PT) será um dos interlocutores perante o Planalto.
Terror em ônibus no Rio
Cerca de 20 passageiros que seguiam pela Avenida Presidente Vargas foram feitos reféns por bandidos armados, um deles com uma granada.
Racismo condenado
Um casal brasiliense vai pagar R$ 8 mil de indenização por chamar o vizinho de “preto sem-vergonha, sem instrução e gigolô”.
CEB quer a luz mais cara
Campeã de apagões e de reclamações dos consumidores, a empresa ainda pensa em reajustar suas tarifas em 8,6% este mês.
Panelaço no Chile
Estudantes fazem nova passeata contra o sistema educacional, recebem apoio de professores e são aplaudidos pela população em Santiago.
VALOR ECONÔMICO
Pânico cria ‘pechinchas’ na bolsa
O investidor com sangue-frio encontra hoje uma série de oportunidades na bolsa de valores, que acumula queda de 26,19% no ano. A trégua no mau humor, ontem, com o Ibovespa em alta de 5,10%, não foi suficiente para tirar a atratividade de muitas ações.
Levantamento feito pelo Valor Data mostra que, das 58 ações de empresas com balanço consolidado que compõem o Índice Bovespa, 21 delas, ou 36,20%, vêm sendo negociadas abaixo de seu valor patrimonial. No início do ano, apenas 6 compunham essa lista. O estudo considerou apenas ações de maior liquidez.
Prisões no Turismo abalam base governista
A operação da Polícia Federal que resultou em mandados de prisão de 38 pessoas ligadas ao Ministério do Turismo, inclusive o secretário-executivo, Frederico Costa, tornou mais crítica a desconfiança entre PMDB e PT – partidos envolvidos nos fatos investigados – e piorou a relação da base governista com o Palácio do Planalto. Com a tarefa de reduzir o risco de cisão na base, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, foi ao Senado para transmitir à bancada do PMDB a “perplexidade” da presidente Dilma Rousseff com a operação. Ela levantou dúvidas em relação à ação policial e manifestou preocupação com o enfraquecimento do governo, num momento em que precisa de apoio para enfrentar a crise econômica.
Maggi plantará soja na Argentina
Um dos maiores produtores de soja do Brasil, o grupo André Maggi, do senador Blairo Maggi (PR-MT), vai começar a plantar na Argentina. O plano é chegar a 2 milhões de toneladas até 2015.
Light passa a deter 5% em Belo Monte
A Light, empresa controlada pela Cemig, vai entrar na sociedade de investidores da usina hidrelétrica de Belo Monte ao assumir 5% de participação, hoje pertencente a pequenas construtoras, que compõe o capital da Norte Energia. Com isso, se compromete com investimentos de cerca de R$ 1,5 bilhão.
A nova formação do consórcio de Belo Monte ficará totalmente diferente da do grupo que venceu o leilão no ano passado. Neoenergia, Vale, os fundos de pensão Petros e Funcef, além da Eletrobras e suas subsidiárias, compõem agora o capital da empresa. Apenas duas construtoras terão participação como investidoras: Queiroz Galvão e OAS.
Captação dos bancos segue normal
Descontadas as fortes variações na bolsa e na cotação do dólar, a deterioração do cenário internacional não provocou até agora outros efeitos danosos ao mercado bancário, como ocorreu em 2008. Executivos de bancos consultados pelo Valor relatam que o clima é de cautela, mas não de pânico. A captação dos bancos segue normal, o mercado interbancário continua a fluir e não há sinal de empoçamento da liquidez. Mas bancos já deram ordens para que a concessão de empréstimos seja feita de forma mais cuidadosa. “Já se fala em crescimento menor da economia e por causa disso devemos ter mais dificuldades no crédito, principalmente para a indústria”, disse o presidente de um banco.
Para este ano, consultorias e bancos estão em geral mantendo as previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que deve ficar entre 3,5% e 4%, principalmente por causa da força com que o setor de serviços tem se expandido. O Credit Suisse é uma exceção, por ter reduzido de 3,8% para 2,9% a previsão para 2011. Já para 2012, é maior o número dos que apostam em expansão menor do PIB, refletindo o impacto da desaceleração global sobre o Brasil.
Câmbio sofre com juro baixo nos EUA
A mudança radical no comunicado do Federal Reserve, o banco central americano, sinalizando juro praticamente zero até 2013 apenas acentua os problemas brasileiros. O dólar continuará fragilizado no mundo e por aqui. O mercado de câmbio já mostrou isso ontem, quando o dólar operou em alta durante todo o dia e fechou a R$ 1,6334 na taxa média do Banco Central. Mas após o anúncio do Fed, no último momento do pregão, houve uma forte queda na cotação. O diferencial entre as taxas de juros doméstica e externa não encolherá e o Brasil manterá a posição de importante receptor de capital.
O mercado aguardava que o comunicado trouxesse o anúncio do Quantitative Easing (QE3) – programa de recompra de títulos para ampliar a liquidez da economia e baixar o juro de longo prazo, incentivando o consumo das famílias, nos moldes do que ocorreu no ano passado. Embora isso não tenha ocorrido, a expectativa, no governo brasileiro, é de que o presidente do Fed, Ben Bernanke, repita a mesma estratégia do ano passado, quando lançou o QE2 na reunião anual de Jackson Hole, no Wyoming, no fim de agosto.
Cambuhy nasce com US$ 1 bi para aquisições
Em duas semanas, estará formalizada a criação da Cambuhy, companhia de investimentos com capital inicial de US$ 1 bilhão, a ser aplicado na compra de empresas ou participações. Os quatro sócios têm larga experiência no mercado financeiro. Pedro Moreira Salles é presidente do conselho de administração do Itaú Unibanco e dividirá seu tempo entre suas funções no banco, e a nova empresa, que só não poderá investir no mercado financeiro. Os outros são Pedro Bodin, do Icatu, Marcelo Barbará e Marcelo Medeiros, ambos ex-Garantia e hoje na LanxCapital. A Cambuhy vai operar com capital próprio, sem prazos para fechar negócios ou para sair deles e sem regras obrigatórias de diversificação.
Vale e Gerdau estudam fazer trilhos no país
A Vale estuda montar uma usina em Governador Valadares (MG) com capacidade para produzir 500 mil toneladas anuais de trilhos destinados a abastecer suas próprias ferrovias e o mercado em geral. Atualmente, todos os trilhos utilizados no país são importados. Além da Vale, a Gerdau examina a viabilidade de produzir trilhos aproveitando o laminador de perfis que possui na usina siderúrgica de Ouro Branco (MG), a Açominas.
O Brasil não produz trilhos desde 1996, quando a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) desativou seu laminador de perfis em Volta Redonda (RJ) por falta de demanda. Com a retomada dos projetos de expansão, o assunto voltou a entrar em pauta.
Deixe um comentário