Um é empresário, produtor rural e dono de um patrimônio declarado de R$ 12,5 milhões. O outro é padre, defende os interesses dos sem-terra e dos pequenos agricultores, e informa possuir R$ 24 mil em bens. Deputados de perfil flagrantemente antagônico, Roberto Dorner (PSD-MT) e Padre Ton (PT-RO) estrearam no Congresso em 2011 com uma característica em comum: eles fazem parte do numeroso grupo de congressistas que não representam seus estados natais.
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Natural de Bom Retiro (SC), Roberto Dorner cresceu no Paraná e construiu sua riqueza em Mato Grosso, terra para a qual migrou em 1979. Piauiense de Oeiras, Padre Ton desembarcou em Rondônia na última década após passar boa parte da vida em São Paulo, onde se tornou sacerdote. Migrantes por motivos distintos, os dois são a cara de um Congresso tipo exportação.
Dos 677 parlamentares que passaram pelo Parlamento ano passado, 198 (29%) foram importados de outras unidades federativas, de acordo com levantamento exclusivo feito pelo Congresso em Foco. Comum a todas as 27 bancadas estaduais, a importação predomina nas duas mais recentes fronteiras agrícolas do país. Nesses lugares, o poder político parece seguir o poderio econômico de seus grandes produtores rurais.
Mais forasteiros que nativos
O Centro-Oeste, de Dorner, e o Norte, de Padre Ton, são as únicas regiões em que o número de parlamentares advindos de outros estados (61% e 51%, respectivamente) supera o de nativos. Em Rondônia, esse índice chega a incríveis 100%. Isso mesmo. Nenhum dos representantes rondonienses nasceu no ex-território. O único congressista natural de Rondônia é o deputado por São Paulo José Aníbal (PSDB), que se licenciou do mandato logo após a posse para assumir a secretaria estadual de Minas e Energia.
“Rondônia ainda é um estado novo, que não tem cultura própria. Cerca de 80% da população veio de outros estados. Precisamos de um tempo para ter mais políticos nativos”, defende Padre Ton, um dos “forasteiros”. O deputado considera importante que Rondônia passe a ser representada por quem nasceu no estado. Mas ressalta que seu perfil difere da maioria dos colegas. “Não posso ser considerado um imigrante, porque não mudei para construir patrimônio. Vim para cumprir compromissos religiosos”, afirma.
Filho de pequenos agricultores rurais, Dorner reconhece que fixou moradia em Mato Grosso com o objetivo de ganhar a vida. “Cheguei em 1979. Não havia asfalto, telefone, energia. Peguei 13 malárias. As terras não valiam nada e, aos poucos, fomos comprando. Hoje, a realidade lá é totalmente diferente”, relata o empresário, suplente que exerceu o mandato de deputado de fevereiro a novembro do ano passado.
O Nordeste, berço de Padre Ton, e o Sul, de Roberto Dorner, são as regiões do país com menor “invasão” de parlamentares de outros estados (18%). O Rio Grande do Sul é a unidade federativa com menor número de representantes “importados”. Há somente um catarinense, filho de gaúchos, e um paranaense, criado desde os três anos no Rio Grande do Sul, entre os 39 congressistas que responderam pelo estado em 2011.
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