Reportagem da revista Época deste fim de semana afirma que o órgão de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou movimentações financeiras incompatíveis com os rendimentos do ex-presidente Lula e dos ex-ministros Antonio Palocci e Erenice Guerra após deixarem o governo. O órgão também apontou “comportamento atípico” em saque em dinheiro vivo feito pelo atual governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), também ex-ministro. O relatório foi repassado à CPI do BNDES, que investiga contratos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
De acordo com a publicação, o relatório indica que as empresas dos quatro petistas movimentaram quase R$ 300 milhões desde 2008. Segundo a revista, o valor corresponde à soma do que faturaram com seus clientes e os repasses a outras contas para realizar despesas, investimentos e aplicações financeiras.
Conforme a reportagem, a empresa criada por Lula em 2011 para fazer palestras faturou R$ 27 milhões até maio deste ano e transferiu R$ 25,3 milhões para outras contas, somando uma movimentação de R$ 52,3 milhões. O valor movimentado já havia sido revelado pela revista Veja em agosto, que se baseou em outro relatório produzido pelo Coaf. De acordo com Época, Lula repassou dinheiro aos filhos e investiu, no ano passado, R$ 6,2 milhões num plano de previdência privada.
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Números bem mais robustos que os de Lula foram apresentados pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. Segundo Época, o relatório do Coaf aponta que a empresa de consultoria de Palocci, a Projeto, criada em 2006, movimentou R$ 216,2 milhões até abril de 2015. A empresa faturou R$ 52,8 milhões desde que o ex-ministro deixou a Casa Civil, em 2011, conforme o relatório do conselho ligado ao Ministério da Fazenda.
Ainda de acordo com a reportagem, o relatório do Coaf diz que o escritório de advocacia da ex-ministra Erenice Guerra recebeu R$ 12 milhões entre agosto de 2011 e abril deste ano e transferiu R$ 11,3 milhões a outras contas, somando uma movimentação de R$ 23,3 milhões no período.
No caso do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, o órgão de inteligência do Coaf identificou um “comportamento atípico” do petista no saque de R$ 150 mil dois meses após ele ter vencido as eleições. O relatório indica que o governador apresentou informações incorretas sobre a operação.
Com exceção de Erenice, que não foi localizada, os outros três petistas citados negaram qualquer irregularidade nas transações.
Em nota, o Instituto Lula informou que os valores se referem a 70 palestras ministradas pelo ex-presidente contratadas por 41 empresas, “todas realizadas, contabilizadas e com os devidos impostos pagos”. “Não há nada de ilegal na movimentação financeira do ex-presidente” e que “os recursos são oriundos de atividades profissionais, legais e legítimas de quem não ocupa nenhum cargo público”.
A assessoria de Palocci afirmou que seus ganhos “estão clara e transparentemente registrados e sempre informados às autoridades competentes” e chamou de “caluniosas e mentirosas as ilações” que associam os serviços de sua consultoria à aprovação de benefícios para o setor automotivo.
Pimentel também negou qualquer irregularidade ou atipicidade em suas contas. “O governador reafirma jamais ter participado de qualquer ato ilícito, colocando-se, como sempre o fez, à disposição para todo e qualquer esclarecimento, sempre que apresentados os documentos nos quais se fundam as supostas acusações”, declarou por meio de sua assessoria.
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