O novo líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), deve convocar uma reunião com líderes governistas para avaliar os estragos das recentes rebeliões na base aliada. Após a rejeição do nome de Bernardo Figueiredo para a diretoria-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) no Senado, o receio no Palácio do Planalto é que a situação se repita entre os deputados. Com temas como o Código Florestal e o projeto da Lei Geral da Copa esperando votação, a intenção é ter uma “dimensão exata do problema”.
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“Primeiro preciso saber o que é realidade de tudo isso. E só tem um caminho que é conversar com todos os líderes, de forma individual, depois com todos eles juntos, porque só aí vamos ter a exata dimensão de qual é o problema e em que nível ele está. Tudo indica que vou chamar uma reunião para amanhã”, afirmou Chinaglia, em entrevista concedida logo após o porta-voz da Presidência da República, Thomas Traumann, confirmar seu nome como o indicado para substituir Cândido Vaccarezza (PT-SP).
Na semana passada, deputados do PMDB entregaram ao vice-presidente da República, Michel Temer, um manifesto reclamando da demora na liberação de emendas ao orçamento, nomeação de indicados no segundo escalão e da falta de interlocução com o Palácio do Planalto. O manifesto foi o primeiro sinal mais contundente de que a relação do governo com peemedebistas não andava bem. Depois, com a rejeição de Bernardo Figueiredo no Senado, a situação piorou. Dilma Rousseff, então, trocou os líderes das duas Casas.
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A tarefa de Chinaglia, no entanto, não deve ser fácil. Na sua última entrevista como líder do governo, Vaccarezza disse que o novo Código Florestal, a Lei Geral da Copa e a nova divisão dos lucros do petróleo na camada pré-sal são os temas mais complicados para o novo líder. Para o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), não é com a simples troca de nomes no cargo que a base será rearticulada. “Esse é um trabalho permanente que o governo tem feito, há muitas conversas a serem realizadas nos próximos dias para equilibrar e produzir uma relação melhor do governo com a base. Não é uma atitude a, b ou c que produz isso. É um longo processo de diálogo e negociações”, disse.
Chinaglia já ocupou o cargo de líder de governo no primeiro mandato de Lula. Em 2005, ele comandou as articulações entre o Palácio do Planalto e a Câmara durante o escândalo do mensalão do PT. Também foi presidente da Câmara entre 2007 e 2009, além de líder do PT. No ano passado, relatou o Orçamento. “Faz parte do processo político uma tensão entre o Congresso Nacional e o Executivo. Sempre foi assim, é bom que seja assim, dentro dos limites de se fazer o país crescer e se desenvolver. Não vejo nada diferente de outras épocas”, completou.
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