Um adolescente de 14 anos levou uma arma para o colégio em que estudava e disparou tiros contra os colegas no fim da manhã desta sexta-feira (20) em um colégio particular de Goiânia, capital de Goiás. Dois alunos morreram no local e outros quatro ficaram feridos.
João Vitor Gomes e João Pedro Calembro foram os jovens mortos e suas idades ainda não foram divulgadas. Três meninas e um menino que também foram atingidos pelos tiros estão internados em hospitais da capital goiana. Uma das meninas está em estado gravíssimo. De acordo com o governo de Goiás, a adolescente levou três tiros e teve a coluna vertebral perfurada.
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O garoto, que sofria bullying dos colegas, fez pelo menos 11 disparos e só são atirou mais vezes porque foi convencido por uma coordenadora da escola, afirmou o delegado Luiz Gonzaga Júnior, que cuida do caso.
O autor dos disparos está detido e afirmou que atirou contra João Pedro, que cometia bullying contra ele. Segundo o delegado, o garoto afirmou que, após atirar contra o primeiro alvo, “perdeu o controle e teve vontade de matar mais pessoas”. A arma é de uso da Polícia Militar do estado. A PM confirmou que o pai do autor dos disparos é policial, mas a origem da arma usada não foi confirmada.
O ato teria sido planejado por dois meses e inspirado em dois massacres em escolas: o de Columbine, nos Estados Unidos, em 1999, e de Realengo, no Rio de Janeiro, em 2011, que deixaram 13 e 12 mortos, respectivamente.
O delegado afirmou ao site G1 que o estudante “ia matar todo mundo” e tinha levado dois carregadores para a escola. Ele chegou a carregar o segundo e dar um tiro, mas a coordenadora o impediu. “Ele pensou até em se matar, apontou a arma para a cabeça, mas ela o convenceu a travar a arma”, afirmou Júnior.
De acordo com as autoridades goianas, uma equipe multidisciplinar será nomeada para acompanhar as famílias das vítimas. O governo do estado decretou luto oficial de três dias em solidariedade a todos os envolvidos.
“Estatuto do Armamento”
O ataque acontece dias depois do Senado abrir uma consulta pública sobre projeto apresentado pelo senador goiano Wilder Morais (PP), que prevê a revogação do Estatuto do Desarmamento. No início da noite desta sexta-feira, mais de 88 mil pessoas votaram a favor da proposta, contra quase 10,5 mil contra.
Ao justificar a proposta, o goiano afirmou que facilitar o porte e a posse de arma para cidadãos comuns vai reduzir a criminalidade. “(…) o governo tirou o direito do cidadão de se armar. Isso aconteceu em 2003, com a aprovação do Estatuto do Desarmamento. O governo naquela época trabalhou intensamente para tirar o direito de defesa da população”, disse ao defender o projeto, que propõe um plebiscito no mesmo dia das eleições do ano que vem.
O plebiscito teria três perguntas: “Deve ser assegurado o porte de armas de fogo para cidadãos que comprovem bons antecedentes e residência em área rural?”; “o Estatuto do Desarmamento deve ser revogado e substituído por uma nova lei que assegure o porte de armas de fogo a quaisquer cidadãos que preencham requisitos objetivamente definidos em lei?” uma quase idêntica, que apenas troca a palavra “porte” por “posse”.
De acordo com as leis vigentes atualmente, ter a posse de uma arma de fogo é a permissão para manter uma arma em casa ou no trabalho. Já o porte é o direito de andar na rua com a arma. A pena por posse irregular de arma de uso permitido vai de um a três anos com multa e o a pena para a posse ilegal varia entre dois e quatro anos e multa.
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