Confirmados no segundo turno da corrida presidencial, os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) concederam entrevista de cerca de cinco minutos cada ao Jornal Nacional (TV Globo), na edição desta segunda-feira (8). Ambos foram questionados sobre declarações polêmicas de correligionários e, cada um ao seu modo, desautorizaram-nos (veja os vídeos abaixo).
Primeiro a falar ao telejornal, segundo sorteio, Haddad foi confrontado pela jornalista Renata Vasconcelos sobre trecho de seu programa de governo que defende uma nova assembleia nacional constituinte – em debate na própria emissora, Ciro Gomes (PDT), que terminou o pleito deste domingo (7) em terceiro lugar, afirmou que o petista “não acreditava em uma palavra do que estava dizendo”. Haddad disse ter revisto o programa e garantiu que não há previsão de constituinte.
“Vamos fazer as reformas devidas por emenda constitucional. Em primeiro lugar, a reforma tributária. No Brasil, quem sustenta o estado é o pobre”, discursou Haddad.
O petista desautorizou o ex-ministro José Dirceu, um das figuras centrais no primeiro governo Lula (2003-2007), a respeito da entrevista em que Dirceu fala na possibilidade de o PT “tomar o poder”. A fala foi veiculada pelo jornal El País no final de setembro – na entrevista, Dirceu disse que o partia tomaria o poder em caso de golpe de Estado. Em coletiva de imprensa concedida na semana passada, o ex-ministro admitiu ter dado uma declaração “infeliz”, mas que a imprensa a retirou “completamente” de contexto (“Eu estava respondendo no caso de golpe de Estado. No caso de golpe de Estado, não tem mais eleição”).
“O ex-ministro não participa da minha campanha, não participará do meu governo. E eu discordo da formulação dessa frase. Para mim, a democracia está sempre em primeiro lugar”, finalizou o presidenciável.
Veja a entrevista com Haddad:
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Fator Mourão
Bolsonaro também desautorizou seu candidato a vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), mas depois o elogiou e ressaltou o papel do correligionário em sua campanha. Coube ao jornalista William Bonner perguntar ao candidato a respeito da declaração de Mourão sobre “conselho de notáveis”, sem participação popular, para a criação de uma constituinte. Bonner também se referiu à hipótese de “autogolpe”, aventada por Mourão em entrevista à GloboNews em setembro, que consistiria na mudança arbitrária de regime pelo próprio presidente da República.
“Ele é general e eu sou capitão, mas eu sou o [candidato a] presidente. Eu o desautorizei nesses dois momentos. Ele não poderia ter ido além daquilo que a Constituição permite. Jamais posso admitir uma nova constituinte, até por falta de poderes para tal. Em relação à questão de autogolpe, não entendi direito o que ele quis dizer naquele momento, Mas isso não existe. Se estamos disputando as eleições é porque acreditamos no voto popular. Seremos escravos da nossa Constituição”, declarou Bolsonaro, que errou por duas vezes o nome de Mourão.
Recuperando-se da facada que quase o matou em 6 de setembro, durante campanha em Juiz de Fora (MG), Bolsonaro agora tenta conquistar votos na região Nordeste, onde perdeu para Haddad em todos os estados na votação de ontem (domingo, 7). No início da entrevista ao JN, o deputado se dirigiu aos nordestinos e disse que só não teve mais fotos na região por ter sido vítima de “mentiras”.
“Apesar de eu ter perdido lá, nunca alguém que fez oposição ao PT teve uma votação tão expressiva como eu tive. Obviamente, não tive mais por fake news, mentiras. Nós não pretendemos acabar com o Bolsa Família. Muito pelo contrário”, afirmou o candidato, que reforçou o discurso religioso e em defesa da família.
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