Apenas 29% da população brasileira está integralmente conectada à internet, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva. O resultado retrata a imensa desigualdade no acesso à internet no país e preocupa especialistas no tema. De acordo com um funcionário do Serpro: “Esse é um problema grave que precisa ser enfrentado para que o Brasil se desenvolva e para que o direito dos cidadãos esteja garantido”.
Os direitos aos quais o especialista do Serpro se refere são explicados por Bia Barbosa, representante do terceiro setor no Comitê Gestor da Internet no Brasil: “O Marco Civil da Internet entende que o acesso à rede é essencial para o exercício da cidadania e que o uso da internet no Brasil deve ter o objetivo de promover o direito de acesso a todos”. E também são exemplificados por um funcionário da Dataprev: “Sem o acesso à internet, os cidadãos têm mais dificuldades de acessar benefícios que são direitos, como o Auxílio Emergencial ou mesmo solicitar a aposentadoria” .
Quem está fora da internet?
Além da parcela integralmente conectada, a pesquisa apontou que 20% da população é desconectada, 25% é subconectada e 26% é parcialmente conectada. Essa gradação de status de conexões não depende apenas do sinal da internet, depende também do preço e da qualidade da conexão, além do chamado letramento digital – que possibilita que as pessoas consigam utilizar os serviços digitais.
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O instituto ainda mostra que os prejuízos para os que estão fora da internet são muitos: atraso no processo de educação, maior dificuldade de empreender e acessar crédito, impossibilidade de fazer consultas ou acessar serviços públicos e a impossibilidade de checar informações falsas – principalmente durante as eleições. E em relação ao desenvolvimento do país também: menos profissionais capacitados, impacto na produtividade e produção de riqueza.
Bia Barbosa lamenta, “Infelizmente, essas diretrizes, já previstas em lei, estão longe de ser respeitadas e implementadas pelo Estado brasileiro”. Uma percepção confirmada pelos dados da pesquisa.
O papel das empresas públicas de tecnologia da informação
Se a universalização do acesso à internet é um dos principais antídotos contra o abismo digital, o papel do estado cresce em relação ao tema. Atualmente, as maiores empresas públicas de tecnologia da informação do país – Dataprev e Serpro – já desenvolvem soluções tecnológicas para que os cidadãos possam usufruir de diversos serviços públicos na “palma da mão”. É importante também o Estado garantir que o sinal seja universal, desde os grandes centros até os menores vilarejos. Assim como a educação para o uso da internet.
Conforme explica o especialista do Serpro, é preciso dar ferramentas para que a população consiga acessar mais do que aplicativos de mensagens e também é preciso estimular o senso crítico da população, “Principalmente no que diz respeito à proteção de dados”, frisa o especialista do Serpro.
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