Comandante do Exército nos governos Dilma e Temer, o general Villas Bôas disse, em entrevista publicada pelo jornal O Globo neste domingo (15), que o Brasil correu risco institucional durante o impeachment de Dilma Rousseff. Ele disse que a ex-presidente e dois parlamentares de esquerda chegaram a cogitar a decretação de um “estado de defesa”, quando o direito de reunião e de comunicação fica restrito por 30 dias. Mas Dilma negou a acusação e disse que Villas Boas precisava se explicar.
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“O Senhor General deve à República, a bem do Estado Democrático de Direito, esclarecimentos”, começou a ex-presidente Dilma em nota emitida na tarde deste domingo sobre as declarações de Villas Boas. “Jamais pensei, avaliei, considerei, fui sondada para qualquer possibilidade ou alternativa, mesmo que remota, a esse tipo intervenção antidemocrática. Os golpistas são aqueles que apoiaram a nova forma de golpe, ou seja, um processo de impeachment, sem crime de responsabilidade e o meu consequente afastamento da Presidência da República”, reclamou Dilma.
A ex-presidente do PT ainda negou ter sido procurada por parlamentares de esquerda sobre o estado de defesa e questionou o motivo de o general Villas Boas não ter lhe procurado para tratar do assunto. “Explique por que, se ficou preocupado, não informou as autoridades superiores, Ministro da Defesa e Presidente da República — Comandante Supremo das Forças Armadas — sobre o fato de dois integrantes do Legislativo sondarem a assessoria parlamentar do Exército sobre um ato contra a democracia, uma vez que contrário ao direito de livre manifestação? Por que não buscou esclarecer se a iniciativa dos deputados contava com respaldo da Comandante das Forças Armadas? Não respeitou a hierarquia?”, disse.
Dilma cobrou, então, que Villas Boas revele o nome desses dois parlamentares para que as devidas providências sejam tomadas. “Apresente os nomes dos ‘dois parlamentares de partidos de esquerda’ que, segundo ele, ‘procuraram a assessoria parlamentar do Exército para sondar como receberíamos (o Exército sic) a decretação de um Estado de Emergência’. Se isso ocorreu é imprescindível o nome dos deputados pois que eles devem esclarecimentos ao País. Caso contrário, a responsabilidade cabe ao general e à sua assessoria parlamentar”, reclamou Dilma.
Na entrevista ao Globo, o general Villas Boas disse que é falta a hipótese de que ele teria se negado a decretar o estado de defesa solicitado por Dilma. Mas disse que a presidente o sondou sobre o assunto, assim como dois parlamentares de esquerda. “Confesso que fiquei preocupado, porque vi ali uma possibilidade de o Exército ser empregado contra as manifestações”, disse o general, que revelou também ter ficado preocupado sobre esse risco quando o ex-presidente Temer foi grampeado conversando com o empresário Joesley Batista.
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