Neste inicio de ano fui a uma livraria com nossos filhos para comprar livros para eles. Vi essa capa que me chamou a atenção: “O que aprendi sendo xingado na internet”, da autoria do jornalista Leonardo Sakamoto, publicado pela editora Leya e definido assim por Gregório Duvivier: “Se a internet é uma selva, você tem aqui o seu guia de sobrevivência”. Li o sumário e gostei dos títulos de alguns dos capítulos: “Somos educados a tomar partido… Falta amor no mundo… Odiar é fácil. Difícil é dialogar…”
> Nazismo, fascismo, racismo/LGBTIfobia e seu enfrentamento
Sublinhei algumas partes que gostei muito, para compartilhar, embora a leitura do livro todo é recomendado.
p.9 – “Para muitos leitores, não há mesmo diferença entre um meme de origem duvidosa, uma denúncia anônima no WhatsApp e uma reportagem extremamente bem apurada. Quando um conteúdo vai ao encontro do que eles acreditam, não se importam com a veracidade do fato. Abraçam o argumento e compartilham-no, alimentando a tal rede.”
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p. 11 – “Acredito que um dos grandes desafios dos próximos anos seja fomentar o sentimento de responsabilidade em quem produz, lê e compartilha informação.”
p. 15 – “Bater em alguém por homofobia é mais fácil do que defender que alguém espanque o seu irmão se ele sair do armário.”
p. 43 – “Pois a ignorância coletiva precisa, para se reproduzir, do silêncio dos que têm consciência, mas não falam.”
p. 48 – “Por isso é tão importante os grupos que não detêm poder econômico, político ou midiático participarem ativamente dessa disputa simbólica e usarem os termos que estão à altura da agressão: isso é machismo, racismo, homofobia, xenofobia, preconceito.”
p.61 – “Vivemos um período violento de intensa polarização. Mas ele vai passar. E, desde já, precisamos garantir que pontes sejam construídas ou mantidas entre os diferentes atores socais para que a sociedade não se aprofunde em uma divisão que, acredite, não terá vencedores.”
p. 62-63 – “Sugestão: se você preza sua sanidade mental, refugie-se no alto do seu ceticismo. Agora e sempre. Não forme opinião apenas pelo que dizem sitas da internet, veículos de imprensa e, principalmente, políticos. Desconfie de seus amigos, chefes, colegas, vizinhos, governos. Ponha em xeque os ensinamentos de sua família, do seu professor, de seu guru espiritual ou daqueles que dizem falar em nome do seu deus. Duvide deste jornalista cabeçudo (mas que te ama).
Esteja aberto a pontos de vista diferentes dos seus, sem necessariamente comprar as ideias neles presentes. Absorva o máximo de informação possível, de fontes com visões diferentes das coisas.
Depois, com calma, converse, verifique, reflita, analise. Pense. Não deixe que pensem por você.
O mundo ficará muito mais sem graça. Ma a vida não é um conto de fadas. Conforme-se com isso e pare de fugir, criando bandidos e mocinhos, heróis e vilões, onde eles não existem.”
p. 63 – “De quem é a culpa se um texto não é lido até o final? (…) a gente podia resumir a Bíblia assim: “Um cara cria as pessoas. Daí as pessoas ignoram as regras e se matam, trepam, traem, roubam, matam mais um pouco. Então, o cara manda o filho para botar ordem na bagunça e matam ele também. Mas ele ressuscita e promete voltar pra passar a fatura.”
p.65 – “Quem quer dialogar com um público mais jovem precisa tomar algumas atitudes; incorporar a linguagem e as ferramentas de novas tecnologias na construção das narrativas; conversar usando elementos simbólicos da geração ou do grupo com o qual se quer trabalhar; rediscutir a temática pensando no interesse do aluno ou leitor, mas sem deixar de lado o que você considera importante; entregar um produto bom e interessante, preparado e pensado, seja uma aula ou um artigo. É fundamental descomplicar o discurso.”
P65 – “Arrisco dizer que as pessoas se interessam por ler aquilo que consideram importante para sua vida imediata.”
p.68-69 – “Particularmente, quero que o Brasil estude história e leia, leia muito. Leia aquilo com que concorda e também aquilo com que não concorda, mas que leia fontes de informação que não sejam anônimas e que baseiem seus relatos em provas, e não em suposições ou teorias da conspiração, que são gostosas, mas burras … Então tá. Enquanto isso, só nos restam duas coisas: lutar contra a ignorância e fazer um bom backup.”
p.90, 91, 92 – “Onze dicas para não ser um leitor-cobaia
(…)
1 Olhe sempre a data do texto
(…)
2 Fuja de textos anônimos
(…)
3 Procure o autor
(…)
4 Desconfie das evidências
(…)
5 Busque o contexto
(…)
6 Não seja ingênuo, leia
(…)
7 Não se deixe levar por quem escreve bonito
(…)
8 Cuidado com os sites fantasmas
(…)
9 Não se apegue tanto às imagens
(…)
10 Grite “truco!” com as imagens
(…)
11 Leia coisas das quais discorda
Recomendo a leitura do livro.
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