Logo que as redes sociais começaram a se popularizar, analistas açodados, especialistas de araque e profetas do apocalipse correram a anunciar triunfalmente a morte da mídia e a chegada da informação “genuína”, sem a interferência desses intermediários mal intencionados (os tais de jornalistas), totalmente produzida e distribuída pelo cidadão, sem “filtros”, sem “desvios ideológicos”, sem “segundas intenções”.
Finalmente a informação passaria a circular em estado puro, sem o tendenciosismo da mídia de mercado nem o oficialismo dos veículos públicos. A própria palavra “mídia” foi estigmatizada como portadora do vício de origem que a faria distorcer a informação pelo simples fato de mediá-la.
O defunto está vivo
Durou pouco o ritual do cortejo fúnebre da imprensa, seja ela de mercado, como os jornais diários e as emissoras privadas de rádio e de TV, seja a mídia do campo público como a Rádio Justiça, a TV Câmara e a TV Brasil. Rapidamente percebeu-se que o defunto não havia morrido. Ficou claro que a carga negativa sobre a mídia tradicional – privada e pública – tinha e tem origem em setores incomodados com a liberdade editorial que escancara a corrupção e as atitudes reprováveis de agentes públicos.
Tal carga negativa ocorre, na maioria das vezes, por iniciativa de setores de nítida inclinação político-ideológica prejudicados em seus objetivos políticos. De uma hora para outra, adeptos e arautos de um radicalismo míope passaram a estigmatizar a imprensa e a satanizar o jornalismo e os jornalistas, como se todos fizessem parte de uma urdidura planetária habilmente montada para minar as conquistas sociais e beneficiar o capitalismo predador e selvagem.
Um complô universal?
Claro que existe um capitalismo predador e selvagem. Mas seria levar a teoria da conspiração ao paroxismo acreditar que toda a grande mídia do mundo estaria mancomunada a interesses escusos com a finalidade de garantir privilégios e regalias das grandes corporações. Ora, a imprensa do campo público opera com o objetivo editorial de divulgar a instituição a que pertence.
Os próprios servidores desses veículos cuidam de evitar tendenciosismo ou subtração de informação. A TV Câmara, por exemplo, divulga o que ocorre na Câmara, patrocina debates e ouve especialistas acerca dos temas em exame. Não tem o que esconder nem o que exagerar.
E a mídia de mercado, que vive de tiragem e audiência, divulga o que ocorre na cidade, no estado, no país e no mundo. O próprio público da imprensa convencional, além de outros mecanismos, funciona como instrumento regulador e, por isso, exige informação isenta e imparcial. Se há excessos? Sim, claro, embora já se tenha avançado muito no aperfeiçoamento dos protocolos de apuração. Ouvir todas as partes envolvidas e separar publicidade de matéria editorial já são cuidados óbvios.
Vai longe o tempo em que o chefe político mandava comprar toda a edição do jornal com manchete que o incomodava, e assim sufocava a notícia. Hoje é impossível anular uma notícia que circula pela internet.
Mais imprensa, menos mentiras
Uma certeza vem se cristalizando com nitidez absoluta: nem a liberdade, prima-irmã da democracia, nem a verdade, irmã-siamesa da justiça, podem prescindir dos procedimentos midiáticos que a experiência ajudou a consolidar, sintetizados na ontologia e nos preceitos definidos nos códigos de ética, nos cuidados dos observatórios, na atuação dos ombudsman e em todo o aparato de aperfeiçoamento da apuração e da edição jornalística, tudo em busca da verdade e do comprometimento com o interesse público.
Para as fake news, às quais dedico atenção especial pela importância de que se revestem, não identifico ainda antídoto nem remédio. Mas, sem dúvida, fora outras providências, o combate às mentiras turbinadas tecnologicamente começa pelo fortalecimento da imprensa, ela, sim, aparelhada para a apuração de qualidade e comprometida com o equilíbrio, a liberdade, a democracia e o interesse público. Ainda que eventualmente erre, na essência a imprensa acerta. Por isso, não tenho medo de escrever, assinar embaixo e mandar reconhecer a firma:
– Quanto mais imprensa livre e comprometida com a verdade, menos notícias falsas. Quanto mais imprensa responsável, menos informação tendenciosa. Quanto mais jornalismo, menos “fakenewsmo”.
Do mesmo autor:
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Exemplo de fake news
O telejornal pau-mandado informa:
A defesa do filho de uma égua disse que ele é um santo!
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E quando a imprensa é fonte de fake news?
O articulista não podia ter derrapado mais. Antes do surgimento da internet, por exemplo, havia algum contraponto ao monopólio cultural da esquerda? A imensa maioria da população brasileira é conservadora ou liberal, mas isso não se reflete na mídia tradicional. Natural que as pessoas hoje busquem outras fontes de informação, mais condizentes com sua forma de pensar, independentes do marxismo cultural que é a razão de nosso atraso. E ingênuo pensar que os veículos tradicionais de imprensa não estão também pautados por uma agenda ideológica.
No mais, se formos enumerar as mentiras contadas pela mídia esquerdista, veremos que chamar os outros de “fake news” é pura balela.
Não existe imprensa livre, não existe isenção de opinião, não existe ” não existe censura “. O que lemos, vemos e ouvimos são opiniões do interesse de cada veículo de comunicação.
“Não existe imprensa, existe empresa”, desconheço o autor. A imprensa erra muito do que acerta. Vejamos os últimos 20 anos. Toneladas de verbas públicas encharcando os cofres da imprensa para que a todo momento noticiasse um novo Brasil, construído pela esquerda. Sequer tinham o cuidado de apurar os números divulgados pelos governos de Nefasto Henrique, Analfabeto Criminoso e da Jumenta Criminosa. A força e o poder das “fake news” emergem exatamente das mentiras divulgadas pela imprensa ao longo dos tempos.