O empresário e apresentar Roberto Justus divulgou um vídeo em suas redes sociais em que considera muito pequeno o número de mortos provocado pelo coronavírus no planeta e no Brasil. Reproduzindo o discurso do presidente Jair Bolsonaro e de alguns empresários, Justus diz que estar muito bem informado sobre o assunto e que o isolamento social, preconizado por vários governadores, trará prejuízos bem maiores do que o número de mortes.
>Reforma tributária em quarentena. “Foco agora é salvar vidas”, diz relator
“Falaram que eu estou zombando dos mortos e só penso na parte econômica, não é nada disso, muito pelo contrário. Eu falo muito de estatística. Se nós olharmos para o número de casos do mundo, são 300 mil casos de coronavírus no planeta inteiro, são 15 mil mortos. Ninguém gosta de lidar com pessoas morrendo, é muito triste, não tenho dúvidas disso, mas 15 mil mortos para 7 bilhões de habitantes é um número muito pequeno”, afirmou.
Leia também
O vídeo foi uma resposta a um áudio que viralizou em que ele contesta o também apresentador Marcos Mion por defender a quarentena e o isolamento social como medidas essenciais para conter o avanço do covid-19, como atestam as principais autoridades no assunto e a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Ainda na gravação, Justus diz que não zomba do coronavírus e que está isolado por fazer parte do “grupo de risco”, por ter 64 anos. “Nós estamos parando a economia brasileira, nós destruindo o que vinha se recuperando. Nós estamos vindo de anos de recessão, de queda do nosso PIB, e agora nós vamos conseguir destruir, o que acontece com isso? Um problema social sem precedentes”, afirmou. “Aí sim as pessoas vão morrer. Você sabe que muita gente se mata por problema econômico. A tristeza não pode alimentar os seus filhos, perder o seu emprego”, acrescentou.
Na mensagem original, o empresário disse que apenas pessoas doentes e idosos morreriam com o covid-19. “Não tem nenhuma pessoa que morreu que não tivesse outras doenças. Na pessoa saudável zero e na favela não tem só gente doente não. Não vai acontecer porra nenhuma se o vírus entrar na favela, pelo contrário. Essa molecada que tá na favela nem fica doente. Não vou alongar que vocês detestam gravações longas, mas um milhão de pessoas mortas no país é uma piada de mau gosto”, finalizou.
A mensagem que viralizou foi em resposta a Mion depois que ele compartilhou em um grupo do qual ambos fazem parte um vídeo do doutor em microbiologia da USP Atila Iamarina. Segundo o especialista, o Brasil pode chegar a um milhão de contaminados caso a população não siga as recomendações da OMS.
Ontem o empresário Junior Durski, dono da rede de restaurantes Madero, afirmou em um vídeo publicado na sua conta do Instagram que o país não pode parar “por cinco ou sete mil mortes”. Para ele, “pior é o que já acontece no país”. Durski afirmou que os danos econômicos serão maiores do que as mortes que o vírus pode causar. A declaração causou grande repercussão nas redes sociais, inclusive com campanha de boicote à rede do empresário alinhado ao presidente Jair Bolsonaro.
>Bolsonaro revoga suspensão de contrato de trabalho em MP que altera a Lei de Acesso à Informação