Braço impresso da Organização Arnon de Mello (OAM), um dos maiores conglomerados de mídia do Norte-Nordeste brasileiro, o jornal Gazeta de Alagoas deixou de circular diariamente 84 anos após sua fundação. Nos últimos dias, 30 dos 45 jornalistas da redação do periódico foram demitidos, e os que foram mantidos passarão a acumular funções na versão eletrônica do grupo, o site Gazetaweb. Uma ação civil contra as demissões em massa foi aberta no Ministério Público de Alagoas pelo sindicato local (leia mais abaixo).
Com tiragem de cerca de 15 mil exemplares, o jornal é o mais influente de Alagoas e pertence à família do senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL). Além do jornal Gazeta e do site Gazetaweb, o conglomerado reúne emissoras de rádio, a TV Gazeta, uma das primeiras emissoras do Nordeste afiliadas da Rede Globo, o Instituto Gape (Gazeta Pesquisa) e o Instituto Arnon de Mello (área de responsabilidade social).
O clima é de consternação no estado. Profissionais de imprensa e o sindicato local têm se manifestado contra a demissão em massa e se dizem em luto pelo jornalismo alagoano. Há a possibilidade de que sejam realizadas manifestações públicas, como passeatas, por iniciativa de entidades de classe como o Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal).
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Por meio de nota conjunta (íntegra abaixo), a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindjornal protestaram contra a direção do jornal e escreveram que “a gestão continuou ignorando os sinais de mudança do mercado e deixou que as dificuldades se agravassem, chegando ao fim que agora se apresenta”. “Repudiamos a decisão de abrir mão de um legado que faz parte da história de Alagoas, ao invés de buscar soluções para viabilizar a empresa”, diz trecho da nota.
Por meio de comunicado publicado na capa da edição de 10 de novembro – o sábado que marcou a última edição diária –, o jornal diz que a ideia agora é manter a atualização diária de seu site e produzir a edição semanal com “caráter opinativo mais reforçado e diversificado nas análises dos acontecimentos”. “Estaremos com duas versões de mídia mais dinâmicas e mais modernas, seguindo a tendência dos principais jornais de todos os países”, acrescenta a nota.
Luto na festa
PublicidadePresidente do Sindjornal, Izaías Barbosa anunciou a abertura de uma ação civil pública contra o jornal no Ministério Público de Alagoas. Em evento de premiação jornalística realizado neste fim de semana, Isaías fez discurso enfático em defesa da classe e criticou a forma com que as demissões foram executadas, súbita e arbitrariamente.
No mesmo evento, a blogueira Graça Carvalho, uma das jornalistas mais experientes de Alagoas, também lamentou a postura da direção do jornal. Em seu blog, Graça resumiu o clima de tristeza da classe jornalística.
“Como acontece todos os anos, muita expectativa entre os concorrentes, torcidas organizadas, em todas as categorias, mas a comemoração dos premiados foi mais discreta se comparada a edições anteriores. No geral, o clima era de consternação, por conta da demissão em massa ocorrida no jornal Gazeta de Alagoas, às vésperas da premiação. Logo na entrada do local do evento, uma faixa já anunciava: ‘Imprensa alagoana de luto'”, observou.
“O presidente do Sindjornal, Izaías Barbosa, abriu o evento lamentando o episódio e denunciando o descumprimento de direitos trabalhistas dos empregados da OAM, a exemplo do não recolhimento do FGTS e não pagamento de horas extras. No mesmo sentido foi a manifestação da representante da Federação Nacional dos Jornalistas, Valdice Gomes, que reafirmou o compromisso da entidade com a defesa da categoria, sobretudo no conturbado momento político brasileiro”, acrescentou Graça.
Leia a íntegra da nota conjunta Fenaj-Sindjornal:
Neste momento desolador para a história do jornalismo alagoano, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Alagoas (Sindjornal) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) manifestam total e irrestrita solidariedade a todos que fazem parte da Organização Arnon de Mello (OAM), em especial aos que trabalham, diariamente, no Jornal Gazeta de Alagoas.
Com 88 anos de existência o maior jornal diário de Alagoas passa a ser semanal, a partir deste sábado (10), deixando uma lacuna em toda a sociedade alagoana.
Merecem todo o apoio e respeito os profissionais que, ao longo dos últimos anos, foram muito além do seu papel de funcionários, fizeram concessões e sacrifícios por compreender a importância de manter o impresso funcionando. Com paciência e muito trabalho, viram seus direitos como hora-extra e FGTS serem negligenciados pela empresa, mas sempre optaram pelo diálogo e a manutenção do veículo, que sempre foi entregue, pontualmente, e com qualidade ao leitor.
Por outro lado, a gestão continuou ignorando os sinais de mudança do mercado e deixou que as dificuldades se agravassem, chegando ao fim que agora se apresenta.
Repudiamos a decisão de abrir mão de um legado que faz parte da história de Alagoas, ao invés de buscar soluções para viabilizar a empresa.
Prioritariamente, o Sindjornal já acionou o seu departamento jurídico e vai trabalhar incansavelmente para garantir que todos os direitos dos trabalhadores sejam respeitados. Sobre as possíveis demissões, o sindicato espera que sejam apenas boato. Porque não é justo que pais e mães de família que dedicaram tanto trabalho à empresa sejam penalizados por erros que não cometeram.
Maceió, 10 de novembro de 2018
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Começando a limpa…BRASIL A CIMA DE TUDO, *DEUS* A CIMA DE TODOS!!!
Será que ele levava as páginas para forrar terreiro de magia negra?
Que que tem, né? Um monte de gente desempregada, mas isso não afeta ninguém, né?