“No caso do Brasil, discutir jornalismo tem outro tipo de urgência”, continua Sylvio. “Trata-se de enfrentar a realidade de um país governado por pessoas que, a começar pelo presidente da República, não respeitam nem o jornalismo nem os jornalistas. Essa gente, com baixíssimo compromisso com o pacto democrático, tornou mais difícil, mais tenso e mais arriscado cumprir a nossa missão, que vem ao encontro de uma necessidade básica, um direito humano elementar que até recentemente ninguém ousava questionar, que é o direito da sociedade de se informar por meio de fontes críveis, que exerçam permanente vigilância sobre o poder”.
Leia também
O Festival 3i será realizado na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, e sua coordenação é liderada pela Agência Pública, contando com a participação dos seguintes veículos de jornalismo independente: Agência Lupa, #Colabora, Énois, Jota, Marco Zero, Nexo, O Eco, Poder360, Ponte Jornalismo, Repórter Brasil e Revista Nova Escola. O evento tem o patrocínio do Google e do Facebook (clique aqui para garantir a sua presença).
Participarão do festival, entre outros, o editor e fundador do The Intercept, Glenn Greenwald; a diretora do Centro Latinoamericano de Investigação Jornalística, Maria Teresa Ronderos; a diretora do mestrado em Jornalismo de Dados da Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia, Giannina Segnini; e o diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, Rosental Calmon Alves.
Uma das convidadas internacionais do Festival 3i, a jornalista mexicana Tania Montalvo, que é editora-geral do site Animal Político, reitera o papel social do jornalismo independente. “O jornalismo independente fala aos cidadãos, não àqueles que assumem o poder”, afirmou, lembrando que, por conta disso, o jornalismo livre tende a abordar informações que ajudam a sociedade a tomar as melhores decisões, a exigir e a exercer os seus direitos. Ela ressalta ainda que, quando se une o jornalismo independente a formatos digitais e inovadores, como buscam os 13 veículos que apoiam o Festival 3i, esse trabalho tende a ser ainda mais exitoso. “O digital permite chegar a audiências distintas e contar com formatos diversos para chegar ao objetivo de entregar aos cidadãos a melhor informação”, explica.
A editora-executiva da agência Amazônia Real, Katia Brasil, que debaterá a importância da colaboração jornalística, destaca o caráter singular da experiência de reunir em um mesmo espaço de debate organizações como as que compõem o grupo 3i. Para ela, manter o jornalismo independente é contribuir para o fortalecimento da democracia. “Uma organização jornalística independente pode divulgar, investigar e apresentar um fato de uma forma crítica, sem nenhum tipo de cerceamento da liberdade de expressão. E, quando há liberdade de expressão, há democracia”, comentou Kátia, que há seis anos assumiu a missão de fazer esse jornalismo independente na Amazônia.
Ela diz que, como acontece em vários locais do mundo, a Amazônia também convive com meios de comunicação tradicionais que são dominados por interesses políticos e econômicos que nem sempre deixam os jornalistas relatar o que se passa na região, sobretudo os impasses políticos e ambientais que assolam a floresta – situação que torna o papel de um veículo independente como a Amazônia Brasil ainda mais relevante. “Nós trabalhamos arduamente para investigar crimes ambientais, violações dos direitos de populações tradicionais, violência contra os defensores. Sofremos pressão de algumas pessoas. Mas, se tivermos uma boa apuração, nós publicamos, não interessa a quem vai incomodar. A gente veio para incomodar. O jornalismo independente é feito para mostrar a realidade de um fato e de uma região, porque as precisam saber da verdade sobre o que acontece, principalmente na Amazônia”, completou.
É por conta disso que, além da importância do jornalismo independente, o Festival 3i vai discutir os desafios e os caminhos que podem garantir a manutenção do jornalismo independente, inovador e inspirador no Brasil. Serão debatidos temas como o emprego da tecnologia na verificação de dados úteis aos repórteres, o engajamento com a audiência, as fontes dos novos modelos de jornalismo e a colaboração jornalística. O Congresso em Foco ainda vai mediar uma mesa sobre os riscos atuais de fazer jornalismo investigativo no Brasil. Então, não deixe de participar do Festival 3i. A tarefa caberá à editora Marina Barbosa.
Os ingressos para o evento ainda podem ser adquiridos no site do festival. Mas, se você não estiver no Rio de Janeiro, pode participar desse debate através da internet. A equipe do Portal de Jornalismo ESPM será a responsável pela cobertura do maior encontro de jornalismo digital e inovador do Brasil nas redes sociais. E nós, do Congresso em Foco, também dividiremos com você as nossas impressões sobre o evento. Não perca!