O jornalista e apresentador Pedro Bial se pronunciou sobre as críticas que tem recebido nas redes sociais por falar que a cineasta Petra Costa está “sob as ordens de mamãe”. “É com a carcaça moída e esfolada de tanta pancada virtual que venho a público acenar: bandeira branca. Amor. Eu peço paz”, escreveu em um artigo publicado neste domingo (9) no jornal O Globo.
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Bial afirmou que a fala dada em entrevista à Rádio Gaúcha na segunda-feira (3) deveria ter sido repercutida de forma integral, mas reconheceu que a prática jornalística exige recortes e realces e que isso pode resultar no que chama de mais erros que acertos.
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“Nem reclamo da prática jornalística de tirar de contexto e contrastar, a fim de buscar a essência da notícia. Parece fácil, mas é um exercício difícil, onde se erra mais do que se acerta. Por exemplo, publica-se antes a frase editada ‘é uma menina sob as ordens de mamãe’, do que a integral ‘numa leitura psicanalítica mais profunda, é uma menina sob as ordens de mamãe’.”
O apresentador também escreve que não pede desculpas pelas críticas a cineasta e que não quer desculpas pelo tratamento negativo dado após estas críticas.
Petra Costa dirigiu o documentário “Democracia em Vertigem”, que retrata o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e concorre ao Oscar. Os vencedores da premiação serão anunciados na noite deste domingo. A narrativa do filme possui um viés favorável a ex-presidente.
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Apesar das críticas, o jornalista admite na entrevista à Rádio Gaúcha que o filme foi bem executado e por isso recebeu a indicação ao Oscar. “Acho que tem chance de vencer. Depois que vi Indústria Americana, acho que a academia dá o prêmio ao filme brasileiro”, afirmou.
Na terça-feira (4), em uma série de tuítes, Dilma defendeu a cineasta e o filme e classificou as declarações de Bial como uma “grosseria misógina e sexista”.
Leia a íntegra do texto escrito por Pedro Bial publicado neste domingo:
É com a carcaça moída e esfolada de tanta pancada virtual que venho a público acenar: bandeira branca. Amor. Eu peço paz.
Esta semana, experimentei, mais uma vez, o que é estar na parte linchada de um linchamento virtual. Eu, que vivo de acolher as opiniões das pessoas, caí na temeridade de dar a minha.
Eu não peço desculpas, nem peço que me peçam desculpas.
Amigos, foi só uma conversa. Dessa vez, eu estava no papel de convidado, em programa matinal de rádio, informal como conversa de bar, marcado pela leveza e irreverência na abordagem dos assuntos. Palavras ditas num papo assim, transcritas para o papel, ganham peso enganoso, o sorriso na voz se perde. Não me queixo, faz parte.
Nem reclamo da prática jornalística de tirar de contexto e contrastar, a fim de buscar a essência da notícia. Parece fácil, mas é um exercício difícil, onde se erra mais do que se acerta. Por exemplo, publica-se antes a frase editada “é uma menina sob as ordens de mamãe”, do que a integral “numa leitura psicanalítica mais profunda, é uma menina sob as ordens de mamãe”.
É do jogo, adiante.
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