Renata Camargo
No caminho da crescente consciência ambiental, o Congresso em Foco abre este espaço para levar ao leitor informações sobre o que há de mais relevante na área de desenvolvimento sustentável e meio ambiente. A ideia é mostrar esse debate no Brasil e no mundo, trazer dicas de ações ecologicamente corretas e manter os leitores informados sobre as novidades ambientais.
Nesta primeira coluna, vamos abordar um novo desafio ao consumidor brasileiro: a redução do consumo de sacolas plásticas. Esse velho hábito, arraigado na cultura mundial desde a década de 1970, deve ser mudado. É preciso abandonar a rotina de automaticamente embalar apenas um pacote de biscoito na sacola plástica ou colocar uma garrafa de refrigerante em duas, três sacolas.
Veja o vídeo abaixo:
Para isso, o consumidor deve se dar conta de alguns direitos e deveres. Entre os direitos, o consumidor precisa se conscientizar de que ele merece um produto de melhor qualidade. É preciso exigir das redes de supermercado e dos mercados que as sacolas plásticas oferecidas sejam mais resistentes.
Segundo o presidente do Instituto Sócio-Ambiental Plastivida, Francisco de Assis Esmeraldo, se as sacolas forem adequadas à norma ABNT 14.937, o consumo dessas embalagens cairá em 30%. Essa norma estabelece padrões para garantir resistência às sacolas plásticas e permitir que o consumidor carregue até seis quilos em uma só sacolinha, o que corresponde a três garrafas de dois litros.
Hoje o Brasil consome, por hora, cerca de 1,5 milhão de sacolas plásticas. Por ano, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, circulam no país em torno de 18 bilhões dessas embalagens, o que significa um consumo médio de cerca de 100 sacolas plásticas por brasileiro anualmente.
Veja as consequências do consumo descontrolado de sacolas plásticas:
Pesquisa feita pelo Ibope com mulheres das classes B, C e D, em 2007, mostrou que 69% das entrevistadas consideravam as sacolinhas a melhor forma de transportar as compras; 100% delas reutilizavam as sacolas plásticas; 73% reutilizavam para depositar o lixo doméstico e 75% consideravam que é obrigação do varejo oferecer as sacolas gratuitamente.
Esses dados revelam muito sobre o hábito brasileiro. Primeiro, mostra que o consumidor está adaptado à função principal das sacolinhas, que é transportar objetos. Segundo, revela que o brasileiro tem o costume de utilizar as sacolas plásticas para outras funções, em especial, como saco de lixo. E, por último, deixa claro que o brasileiro não está disposto a pagar pela sacola plástica.
A rede Carrefour no Brasil tem a meta de zerar o fornecimento gratuito de sacolas plásticas em seus supermercados e hipermercados até 2013. Na França, desde 2006 o Carrefour interrompeu essa distribuição gratuita. O fim da sacolinha plástica grátis foi decretado também pelo governo chinês para diminuir o que chamam de “poluição branca”. A China proibiu a distribuição gratuita em todo o território nacional a partir de junho de 2008. Menos de um ano depois, o resultado dessa política mostra redução em 66% no consumo de sacolas plásticas.
Bangladesh, um dos países mais pobres do mundo, também baniu a sacola plástica gratuita. Em outros países, como na Inglaterra, as redes de supermercados fazem políticas de incentivo para reduzir essa necessidade. A rede Saisbury’s, uma das maiores no país britânico junto com a Tesco e a Asda, dá pontos no cartão fidelidade do cliente quando este usa sua própria sacola.
No Brasil, as políticas para redução do uso de sacolas plásticas têm apostado na conscientização do consumidor. O governo brasileiro, por meio do Ministério do Meio Ambiente, criou a campanha Saco é um saco e instituiu o dia 14 de outubro como o Dia do Consumidor Consciente. O propósito é conscientizar os compradores para diminuir a necessidade que o brasileiro tem da sacolinha plástica.
Veja o vídeo da campanha Saco é um saco:
Recuse, reduza o consumo ou reutilize. Esses seriam os deveres do consumidor brasileiro. Segundo a coordenadora da campanha Saco é um saco, Fernanda Daltro, o governo espera reeducar a população para que os compradores passem a recusar a sacolinhas quando, por exemplo, comprar apenas um produto. Como ela diz, “pegar sacola plástica é automático, então é preciso que o consumidor reflita sobre o impacto dessa ação”.
E se não der para recusar, que utilize menos sacolas. Em vez de duas sacolas para carregar as garrafas, exija uma mais resistente e use apenas uma. Ou leve sua própria sacola. Já há várias opções no mercado de sacolas retornáveis, feitas em materiais como algodão, TNT e ráfia (fibra de palmeira). E, se ainda assim não der, reutilize as sacolas (nisso o consumidor brasileiro é expert).
Ser consumidor consciente não é tarefa fácil, nem se faz com receita de bolo. Muitos fatores envolvem uma mudança de postura. O Brasil, por exemplo, na avaliação de Francisco de Assis e Fernanda Daltro, não está preparado para interromper a distribuição gratuita de sacolas plásticas. Há controvérsias. Mas eles argumentam que a população de baixa renda utiliza os sacos para depositar o lixo e, na falta deles, os dejetos seriam depositados diretamente nas ruas. “Se passa a restringir a sacola, vai criar outros problemas ambientais”, acredita Assis.
O debate é longo e envolve diversas perspectivas como, por exemplo, a que o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, inclui: “A questão não é a sacola plástica, e sim o produto utilizado para produzi-la”. A sacola tradicional tem origem no petróleo e já existem soluções de sacolas feitas, por exemplo, a partir do “plástico verde”, vindo da cana-de-açúcar e do milho. Mas isso é assunto para uma próxima coluna.
Aproveite as dicas de locais de compras de sacolas retornáveis e sites interessantes de pesquisa sobre o tema.
Consumo Consciente do Ministério do Meio Ambiente
Blog da campanha Saco é um saco
Instituto Sócio-Ambiental Plastivida
Instituto Nacional do Plástico
Sacolas retornáveis da SOS Mata Atlântica
Sacolas ecológicas
Sacolas retornáveis da Anima Verde
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