Um levantamento realizado e divulgado nesta sexta-feira (11) pela WWF com base nos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais demonstrou um brusco aumento nos focos de queimadas e desmatamento da Amazônia entre os dias 1 e 10 de novembro, período que sucede o segundo turno das eleições, em relação ao mesmo período nos últimos 10 anos. No Acre, onde houve proporcionalmente o maior aumento, esse período saltou de uma média anual de 40 focos para 882.
Coincidentemente, esse período marca o início do período de cortes no orçamento do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (Icmbio), que cancelou a partir do dia 1º todas as ações de fiscalização que dependiam de recursos financeiros previstos para até o dia 15. Com isso, municípios cujos fiscais dependam de gastos com combustível, alimentação e hospedagem para chegar ficam fora do alcance do instituto.
Além da questão orçamentária, outro fator que a WWF aponta como provável causador do aumento nas queimadas na Amazônia é o próprio resultado das eleições. O presidente eleito Lula (PT) prometeu o fortalecimento da fiscalização ambiental em seu governo, que começa em menos de dois meses. “Bolsonaro está prestes a sair e há uma sensação entre os que lucram com a ilegalidade que a janela de oportunidade está se fechando”, explica Raul do Valle, especialista em políticas públicas do WWF Brasil.
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Quatro estados da Amazônia protagonizaram as principais explosões de incêndios florestais após as eleições: Rondônia, com a maior variação absoluta (da média de 149 focos para esse período por ano, passou para 1,5 mil), Acre com a maior variação proporcional (de 40 para 882), Mato Grosso (226 para 858) e Amazonas (197 para 758).
Mesmo com a promessa de aumentar o orçamento para o combate ao desmatamento, Raul do Valle alerta que esses índices dificilmente terão uma queda no início da próxima gestão. “O novo governo terá muito trabalho para recolocar o país nos trilhos, para acabar com essa percepção de que a Amazônia é uma terra sem lei. Terá que reestruturar o Ibama, o ICMBio e a Polícia Federal, voltando a colocar pessoas com experiência nos cargos mais importantes, recuperando o orçamento, retomando uma estratégia consistente para combater o desmatamento e o crime organizado na região”, afirmou.
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