O presidente Jair Bolsonaro recorreu à rede nacional para debater as críticas que o governo sofre em relação às políticas voltadas para a Amazônia Legal, que atravessa um período de intensa seca e queimadas. Bolsonaro autorizou a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para ajudar no combate a incêndios na floresta amazônica.
“Somos um governo de tolerância zero com a criminalidade, e na área ambiental não será diferente. Por essa razão, oferecemos ajuda a todos os estados da Amazônia Legal. Com relação àqueles que aceitarem, autorizarei operação de Garantia da Lei da Ordem. Uma verdadeira GLO ambiental”, disse. Somente Roraima e Rondônia pediram ajuda federal no combate aos incêndios, segundo o Palácio do Planalto.
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— SecomVc (@secomvc) August 23, 2019
Ainda durante o pronunciamento, Bolsonaro afirmou que os incêndios florestais acontecem em todo o mundo e não podem “servir de pretexto para sanções internacionais”, conforme pediu o presidente da França, Emannuel Macron.
É a primeira vez que o presidente cita sanções econômicas ao Brasil como possíveis retaliações pela crise na Amazônia. Ontem, Bolsonaro protagonizou uma troca de farpas com Macron, chegando a afirmar que o europeu estaria “interessado em um espaço para ele” na região.
Bolsonaro encerra dizendo que o Brasil continuará sendo, como foi até hoje, “um país amigo de todos e responsável pela proteção da sua floresta amazônica”.
Durante o pronunciamento, várias cidades fizeram panelaço contra o presidente Bolsonaro, como em Brasília, Recife, Maringá (PR), São Paulo. Essas manifestações ficaram populares no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, quando os brasileiros batiam panelas contra os discursos em cadeia nacional realizados pela petista.
Aumento das queimadas
O aumento no número de queimadas tem sido criticado por autoridades internacionais. Na quinta-feira (22), Emannuel Macron afirmou que o assunto será discutido na reunião do G7, grupo que reúne os países mais desenvolvidos do mundo – Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, Japão, Canadá e Itália.
Dados do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que houve um aumento de 83% no número de incêndios florestais no Brasil entre 1º de janeiro e 19 de agosto de 2019 e o mesmo período do ano passado, que saltou de 39.759 para 72.843 queimadas no país.
Íntegra do discurso de Bolsonaro:
Dirijo-me a todos para tratar da nossa Amazônia, que nas ultimas semanas tem atraído crescente atenção do Brasil e do mundo. A Floresta Amazônica é parte essencial da nossa história, do nosso território e de tudo que nos faz sentir ser brasileiros. Nossas riquezas são incalculáveis, tanto em matéria de biodiversidade quanto de recursos naturais. Devido à minha formação militar e à minha trajetória como homem público, tenho profundo amor e respeito pela Amazônia. A proteção da floresta é nosso dever. Estamos cientes disso e atuando para combater o desmatamento ilegal e quaisquer outras atividades criminosas que coloquem a nossa Amazônia em risco. É preciso lembrar que naquela região vivem mais de 20 milhões de brasileiros que há anos aguardam dinamismo econômico proporcional às riquezas ali existentes. Para proteger a Amazônia, não bastam operações de fiscalização, comando e controle. É preciso dar oportunidade a toda essa população para que se desenvolva junto com o restante do País. É nesse sentido que trabalham todos os órgãos do governo. Somos um governo de tolerância zero com a criminalidade, e na área ambiental não será diferente. Por essa razão, oferecemos ajuda a todos os estados da Amazônia Legal. Com relação àqueles que aceitarem, autorizarei operação de garantia da lei da ordem. Uma verdadeira GLO ambiental.
O emprego extensivo de pessoal e equipamento das Forças Armadas, auxiliares e outras agencias permitirão não apenas combater as atividades ilegais, como também conter o avanço de queimadas na região. Estamos numa estação tradicionalmente quente, seca e de ventos fortes, em que todos os anos infelizmente ocorrem queimadas na região amazônica. Nos anos mais chuvosos, as queimadas são menos intensas. Em anos mais quentes, como nesse, 2019, elas ocorrem com maior frequência. De todo modo, mesmo que as queimadas deste ano não estejam da média dos últimos 15 anos, não estamos satisfeitos com o que estamos assistindo.
Vamos atuar fortemente para controlar os incêndios na Amazônia. É preciso, por outro lado, ter serenidade ao tratar dessa matéria. Espalhar dados e mensagens infundadas dentro ou fora do brasil não contribui para resolver o problema. E se prestam apenas ao uso político e a desinformação. O Brasil é exemplo de sustentabilidade. Conserva mais de 60% de sua vegetação nativa, possui uma lei ambiental moderna e um Código Florestal que deveria servir de modelo para o mundo. Temos uma matriz energética limpa, renovável. E com ela estamos dando importante contribuição ao planeta.
Diversos países desenvolvidos, por outro lado, ainda não conseguiram avançar com seus compromissos no âmbito do acordo de Paris. Seguimos, como sempre, abertos ao dialogo, com base no respeito, na verdade e cientes da nossa soberania. Outros países se solidarizaram com o Brasil, ofereceram meios para combater as queimadas, bem como se prontificaram em levar a posição brasileira junto ao G7.
Incêndios florestais existem em todo mundo. Isso não pode servir de pretexto para possíveis sanções internacionais. O Brasil continuará sendo, como foi até hoje, um país amigo de todos e responsável pela proteção da sua floresta amazônica.
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ADEUS MITO.