O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) desistiu de ser candidato à Presidência da República. O que não significa que o PSD tenha desistido de disputar a Presidência. De acordo com o deputado Marco Bertaiolli (PSD-SP), o projeto do partido ter um candidato próprio à Presidência segue firme. E tudo indica que esse candidato próprio será o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Em conversa com o Insider, Bertaiolli cravou: “De zero a dez, a chance de Eduardo Leite vir para o PSD para disputar a Presidência é 9,5”.
Logo depois que Rodrigo Pacheco anunciou sua desistência, especulou-se que estava aberto o espaço para que o PSD negociasse o apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, pelo PT. O PT receberia o apoio do PSD, e, em contrapartida, apoiaria Pacheco no que será seu projeto agora, reeleger-se para um novo mandato como presidente do Senado. Bertaiolli é categórico: “Não vejo chance de o PSD apoiar Lula no primeiro turno. Isso racharia o partido”.
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Segundo Bertaiolli, há uma série de questões regionais que impediriam um apoio a Lula no primeiro turno. Projetos próprios que conflitam com os projetos do PT, impedindo que haja esse apoio. Mas, para além disso, ele afirma que há bem mais no projeto do PSD. O partido comandado por Gilberto Kassab quer se tornar um dos principais partidos do país. E, para isso, considera que precisa participar das eleições.
Segundo o raciocínio de Bertaiolli, as mudanças recentes provocadas pela determinação da cláusula de barreira vêm provocando uma rápida redução do número de partidos no país. Nas eleições de 2018, quando já houve o dispositivo, alguns partidos já ficaram abaixo da meta de desempenho. Hoje, o Congresso tem 25 partidos com representação no Congresso. Estima-se que no ano que vem, após as eleições, esse número caia para 12 a 15 partidos. E, para eleições seguintes, a meta de desempenho será ainda maior. Há quem estime que em 2030 o país terá oito partidos com representação na Câmara. E não ter representação na Câmara significa a extinção na prática do partido, porque tudo que se refere a ele é calculado a partir da bancada de deputados eleita: fundo partidário, propaganda de rádio e TV, etc.
Essa situação já vem provocando mudanças. O DEM uniu-se ao PSL e formou o União Brasil. O Cidadania uniu-se em federação com o PSDB. PCdoB e PV trabalham para se unir ao PT. A estimativa é que, nesse processo, cresçam, entre os que vão atingir a cláusula de barreira, a partir do ano que vem PT, PL, PP, Republicanos, União Brasil e PSD. E encolham PSDB, PDT, MDB, Podemos e Solidariedade. Ou seja, o PSD está no páreo para crescer.
Outra mudança além da cláusula de barreira é o fim das coligações nas eleições proporcionais. Assim, não dá mais para se pegar carona em outros partidos para crescer dessa forma. Durante muito tempo, foi assim que o MDB, por exemplo, subiu: não tinha candidato próprio à Presidência, aderia a uma candidatura forte e formava bancada forte de deputados. “Esse processo agora ficou mais difícil. O que vai puxar o voto para deputado é o eleitor votar o mesmo número do presidente na hora em que for escolher o deputado”, raciocina Bertaiolli.
E, na sua concepção, a aposta do PSD, sem Pacheco, será mesmo Eduardo Leite. “Se há um nome que pode vir a conseguir a aglutinação necessária para surgir como terceira via, agora é ele. Pacheco tinha também essa capacidade. Uma pena que tenha desistido”, diz o deputado.
É ver agora os próximos passos. De qualquer modo, o que se conhece sobre Gilberto Kassab é que o comandante do PSD não costuma dar ponto sem nó.
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