Começo estas linhas declarando-me fascinado por tecnologia. Aos 12 anos de idade já escrevia programas a bordo de um saudoso computador Sharp PC-1211. Faço esta retrospectiva para deixar claro, muito claro, claríssimo até, que não sou um reacionário, um inimigo do moderno, avesso às maravilhas que o mundo da informação digital nos proporciona – muito pelo contrário, continuo um entusiasta da informática. Defendo, e de forma muito clara e segura, ser a tecnologia um caminho que, se bem explorado, poderá proporcionar dias melhores à humanidade.
Disse “bem explorado” porque, se assim não for, temo pelo amanhã. Conhecendo, ainda que superficialmente, as possibilidades que novas tecnologias abrem, causa-me arrepios pensar nelas sendo utilizadas irresponsavelmente ou para o mal. Esta reflexão veio forte em minha mente há alguns dias, quando passei os olhos por uma relação de videogames que podem ser comprados por nossas crianças em qualquer esquina, ou até mesmo baixados através da internet.
Começo por um, japonês, cujo objetivo é o estupro de mulheres. É isso mesmo: quanto mais mulheres o jogador estuprar, mais pontos ganhará. Há até um bônus para os casos nos quais as mulheres gritarem ou se debaterem demais. Que humanidade é essa que coloca à venda tal monstruosidade sob as vistas de tantas mulheres vítimas de crime tão repulsivo?
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Não menos chocante é outro videogame cuja finalidade é agredir e constranger crianças. O cenário do jogo é uma escola, na qual os jogadores devem fazer de tudo para humilhar, ofender e agredir as crianças – ganha o jogo quem for mais perverso. Sinceramente, fico a pensar em qual geração estamos formando – que o digam nossos professores, a cada dia mais agredidos e vilipendiados em seu sacerdócio.
Outro videogame que me chamou a atenção foi um cujo objetivo é a realização de uma “faxina étnica”. Na primeira fase do jogo o objetivo é a matança de negros e latinos. Os jogadores que passarem desta fase alcançarão outra, na qual se busca a eliminação de todos os judeus. Cheguei à conclusão de que Adolf Hitler não morreu…
Encontrei outro jogo de conteúdo análogo, cujo objetivo é a mortandade de muçulmanos – fiquei a lembrar daquele alerta de que “nunca o mal é feito tão completamente e com tanto prazer como quando é feito por convicção religiosa”.
Deparei-me com outro videogame cujo objetivo é matar policiais. Sinceramente, isto não é um jogo – é uma afronta à memória dos agentes da lei que tombaram nos defendendo. Fico a imaginar o que passa pela cabeça do órfão de um desses herois quando vê anunciada uma aberração dessas ali na esquina.
E o que dizer de outro videogame cujo objetivo é atropelar pedestres? Quanto mais inocentes forem atropelados, mais pontos o jogador ganha. Humanidade mesquinha, esta: não se importa em ganhar dinheiro às custas de um escárnio e da dor de famílias que perderam entes queridos pelas ruas.
Fui aconselhado por um conhecido a não publicar estas linhas, pois elas seriam “politicamente incorretas” sob o prisma do sagrado direito de expressão. Então eu me confesso, aqui, um ser politicamente incorreto. Aliás, abaixo a ditadura do “politicamente correto” – ela transformou uma coisa tão linda e sagrada como é a liberdade de expressão em claro estímulo ao mal e ao crime. Me perdoem, mas isto, sim, é que deveria ser “politicamente incorreto”.
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