Alex Canziani *
Nos idos dos anos 1960, o conselho de classe do Colégio Agrícola de Brasília se reunia para decidir o destino de um aluno com histórico de violência contra colegas. Para evitar a expulsão do jovem, um professor assumiu a responsabilidade sobre ele e enfrentou o problema usando a “arma” de que dispunha – a educação. E com esse apoio, o estudante conseguiu superar suas dificuldades, constituir família e assumir um importante emprego no Banco Central. Nessa história particular, uma lição de como a escola é fundamental para a construção da cidadania.
Assim como aquele professor, o Brasil não pode virar as costas para seus jovens. No Congresso, criamos a Frente Parlamentar da Educação, que está sendo relançada nesta quinta (16) com a participação de 247 deputados e cinco senadores, para acompanhar e fiscalizar os programas e a política governamental para a área de educação, bem como garantir o aumento dos recursos orçamentários destinados à educação e à valorização dos professores.
A frente teve forte atuação na aprovação, ano passado, do Plano Nacional de Educação, que estabelece as metas do país para a educação nos próximos dez anos. Entre elas, a aplicação de 10% do PIB em educação, fazendo com que os investimentos saltem dos atuais R$ 138,7 bilhões para R$ 228,35 bilhões.
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Esses recursos deverão ser direcionados para a ampliação de matrículas e melhoria da qualidade do ensino em creches; pré-escolas; ensinos fundamental, médio e superior; educação especial; ensino de jovens e adultos; educação profissional; e ensino em tempo integral.
Ao tomar posse, a presidente Dilma anunciou que o lema do segundo mandato seria ‘Brasil Pátria Educadora’, indicando que a educação seria a grande prioridade do governo. Mas as dificuldades de acesso dos estudantes ao Fies no início deste ano nos fizeram suspeitar que a educação poderia ser colocada na vala comum do contingenciamento de recursos. Esperamos que não.
A decisão – correta – de promover um ajuste fiscal impõe a melhoria nos gastos públicos e não um corte linear, sem critérios. Nos próximos quatro anos, o governo deveria focar seus esforços no ensino integral, no aumento da oferta de vagas em creches e no ensino médio de qualidade nas escolas públicas. A presidente prometeu, entre outras coisas, levar o ensino integral a 20% da rede pública até 2018.
Em pesquisa realizada em 2013, pelo Ipea, a educação de qualidade foi apontada como prioridade por 72,97% dos entrevistados, ficando em segundo lugar no ranking do Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) – Nossos Brasis.
O novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, tem todas as credenciais para fazer o governo se alinhar a essa preferência da população. Mas não basta o reconhecimento oficial.
Precisamos fazer um grande pacto em toda a sociedade para revolucionar a educação brasileira. E o maior agente de transformação da educação chama-se professor. Não há como se falar em professor se não falarmos de carreira, de remuneração digna e de reconhecimento. A educação que o Brasil precisa e que a nossa população merece exige que valorizemos esse profissional. Trazer os melhores talentos para a sala de aula e capacitá-los para que os nossos professores ajudem a formar nossos futuros cidadãos.
Educação é o que começa tudo, é o que muda o mundo. E vai mudar o Brasil!
* Deputado federal pelo PTB do Paraná, é presidente da Frente Parlamentar da Educação.
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