J. A. Puppio *
O Brasil se move sem planejamento, não temos rumos nem objetivos. A sensação que toda a população pensante no Brasil tem é que o governo está completamente perdido, sem direção e sem saber como sair da enrascada em que deliberadamente se colocou. A economia está mergulhando em uma recessão da qual não se vislumbram os limites, e após várias e sucessivas promessas de não aumentar a carga tributária, durante a campanha da atual presidente, a única saída encontrada pelo novo ministério é um ajuste fiscal, às custas do pobre e combalido contribuinte.
São problemas que não se esperam. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou, tão logo assumiu , medidas de aumento de tributos para reforçar a arrecadação do governo. O objetivo anunciado é obter este ano R$ 20,6 bilhões em receitas extras. A maior arrecadação virá da elevação do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre os combustíveis e do retorno da Contribuição para Intervenção no Domínio Econômico (Cide).
Isso significa uma falta de políticos corajosos com inteligência que possam fazer uma política que atenda aos interesses da Nação e não deles próprios. O Brasil está completamente vazio de políticas que atendam às necessidades de investimento que possam efetivamente gerar crescimento. O velho dito popular que qualifica uma situação difícil como uma tentativa de se trocar um pneu com o carro em movimento pode ser aplicado, talvez como nunca antes, para simbolizar o atual dilema enfrentado pelo Brasil.
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E na verdade, sabe-se que o aumento de impostos não é a única e nem a melhor maneira de fazer um ajuste fiscal. O corte de despesas é a forma mais eficaz, já demonstrada e experimentada em várias situações. Não há quem possa gastar mais do que arrecada e se em uma empresa privada pode-se pensar em aumentar a receita através de um aumento de vendas, em termos de governo não se pode sobrecarregar os seus cidadãos.
Uma política bem orientada de corte nos gastos públicos por si só deve produzir resultados satisfatórios. Ao contrário de uma política de aumento de impostos que pode produzir um efeito contrário ao desejado, causando uma redução na arrecadação, na medida em que se torna impossível produzir e gerar impostos nessa situação.
O atual governo tem criado contradições negativas na vida do brasileiro,criando uma política irracional e destrutiva. Hoje ninguém sabe o que vai acontecer no Brasil. Além da volta da CIDE nos combustíveis, o governo anunciou a elevação de IOF nos financiamentos, o aumento dos juros para financiamento da casa própria, e a não correção plena da tabela do imposto de renda.
Não contente, acertou em cheio a já combalida indústria acabando com a desoneração da folha de pagamento, elevando a alíquota de 1% para 2,5% do faturamento, o que representa um aumento de 150%), reduzindo ainda o REINTEGRA (o percentual que era devolvido às empresas exportadoras, para compensar aqueles impostos não recuperáveis que incidem na cadeia produtiva, caiu de 3% para 1%).
Sinceramente, a resposta para a pergunta inicial desse artigo é simples: “Quem paga o pato é o povo humilde pagador de impostos”.
* J. A. Puppio é empresário, diretor presidente da Air Safety e autor do livro “Impossível é o que não se tentou”
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