Fábio Bispo, especial de Buenos Aires
As próximas horas, até que as urnas sejam abertas para as eleições presidenciais na Argentina, neste domingo (27), serão decisivas para o futuro mais imediato dos argentinos. Imersos na pior crise em dez anos e na iminência de uma vitória do candidato oposicionista Alberto Fernández (Partido Justicialista) ainda em primeiro turno, todos só pensam como será o dia seguinte à eleição. Os últimos dias em Buenos Aires foram de corrida às casas de câmbio.
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Nos últimos dias, o dólar bateu novos recordes frente ao peso argentino, acumulando uma alta de mais de 60% no ano, jogando contra a parede uma economia já cambaleante e os indicadores sociais. As campanhas se encerraram oficialmente na noite da última quinta (24), com as pesquisas dando para Fernández 47% dos votos válidos, uma frente de mais de 10 pontos percentuais sobre o atual presidente, Maurício Macri (Proposta Republicana). Agora, a maior preocupação, se confirmadas as pesquisas, é saber qual Argentina existirá em 10 de dezembro, quando o novo presidente eleito assumir.
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Fernández declarou que designará um emissário para acompanhar as políticas do Banco Central se eleito para evitar a redução das reservas em dólar. Só esta semana, o Banco Central drenou mais de US$ 2 bilhões de dólares para segurar a alta da moeda norte-americana. O país tem uma reserva de US$ 45 bilhões. Se for mantido esse ritmo, até dezembro, o caixa para a próxima gestão ficará comprometido e acordos com o FMI e outros financiadores internacionais podem azedar.
Vale lembrar que o mercado já demonstrou desconfiança com a possível eleição de Fernández em agosto, após o resultado das primárias mostrar uma vitória ainda em primeiro turno. O dólar deu um salto de 30% (passou de 46 pesos para 60) e o risco-país dobrou. A bolsa despencou 40% e as ações argentinas caíram 65%.
No entanto, o maior medo do mercado não é uma reprise de 12 de agosto, a segunda-feira seguinte às primárias, mas sim em que condições se dará a transição de governo até o dia 10 de dezembro e como as políticas macristas se comportarão nesse período.
Na última quinta-feira, o Instituto de Estatística e Censos (Indec) divulgou os índices da cesta básica, que tiveram uma alta de 5,4% em setembro, 53,6% no ano. Segundo publicou o diário El Economista, esse aumento deve refletir em um incremento de 0,4% no número de pessoas que passam a linha da pobreza, alcançando 35,8% da população. No primeiro semestre, segundo o Indec, o número de argentinos na linha de pobreza era de 35,4%, mais de 15 milhões de pessoas.
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