O Índice Ibovespa chegou ao seu ponto mais baixo ao longo dos últimos 30 dias após os discursos de Jair Bolsonaro no Sete de Setembro. A queda ocorreu logo após a abertura da Bolsa de Valores na manhã de hoje: das 10h às 12h, o índice caiu de 117.866,14 para 114.637,90 pontos. O preço do dólar também apresentou alteração após o discurso: ao longo do mesmo período, seu preço subiu de R$5,220 para R$5,282.
De acordo com o economista William Baghdassarian, do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais, a queda no rendimento da Bolsa é consequência do clima de incertezas deixado pela conturbação política provocada pela postura do presidente. “Aquele investidor que poderia estar investindo para melhorar as condições da nossa economia, exatamente em função desta falta de clareza do que possa acontecer no futuro, acaba recuando”, explica.
O professor de economia acrescenta que ainda existe o impacto provocado pelas reações dos apoiadores de Bolsonaro aos seus discursos. “A gente vê alguns movimentos ainda muito incipientes, mas já há uma ameaça por exemplo de paralisação de alguns setores de caminhoneiros. (…) Só a simples ameaça de que os caminhões possam parar já faz com que o preço dos alimentos suba, já faz com que as pessoas acabem tendo que comprar mais, o que eleva o preço dos produtos. As palavras do presidente já impactam o ambiente econômico. As pessoas entendem aquilo como uma sinalização que pode mudar o futuro e agem nesse sentido”.
Baghdassarian alerta que o ambiente político conturbado pode ainda trazer mais problemas financeiros a longo prazo, quando somadas às dificuldades que o governo enfrenta em preservar o crescimento econômico. “Parece que essas palavras são inconsequentes, que elas não trazem efeito, mas na verdade já está acontecendo esse sistemático risco que nós não sabemos se vai se concretizar em uma mudança institucional ou não. Já vemos isso de concreto em uma inflação maior, em um preço nos combustíveis bastante elevado, e os preços nos distribuidores subindo justamente porque não sabem se vai acontecer algo no futuro ou não”.
Além de comprometer a economia como um todo, William destaca que o comportamento caótico do presidente pode ainda comprometer seus projetos econômicos em discussão no poder legislativo, como a reforma tributária e a reforma administrativa. “Há dúvidas se as reformas que o país tanto precisa há algum tempo, (…) e na medida que ele [Bolsonaro] traz esse ambiente de incerteza política, ele lança dúvida sobre a nossa capacidade de reverter nossa situação fiscal.”
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