O mundo está evoluindo. Uma prova disso é a “humanização” dos jardins zoológicos, que abrange cinco políticas básicas: a física, a sensorial, a cognitiva, a social e a alimentar.
O aspecto físico consiste em introduzir nas jaulas vegetações, troncos de árvores e outros objetos, de molde a reproduzir o mais fielmente possível o ambiente natural dos animais. A política sensorial consiste em estimular os sentidos dos animais, introduzindo nas jaulas, por exemplo, amostras de urinas de outros bichos e ervas aromáticas. Há também o lado cognitivo, que consiste em colocar nas jaulas dispositivos mecânicos, como quebra-cabeças, a fim de que os animais se distraiam. E, finalmente, há a preocupação com a alimentação, que deve ser a mais próxima possível daquela que a natureza ofereceria.
O Brasil é um país civilizado. E foi assim que, nos idos de 1983, sancionou-se a lei nº 7.173, que trata dos jardins zoológicos.
No artigo 7º desta lei pode-se ler que “as dimensões dos jardins zoológicos e as respectivas instalações deverão atender aos requisitos mínimos de habitabilidade, sanidade e segurança de cada espécie, atendendo às necessidades ecológicas”.
Logo mais adiante, no artigo 8º, determina esta lei que “cada alojamento não poderá comportar número maior de exemplares do que aquele estabelecido e aprovado pela autoridade que concedeu o registro”.
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Este tipo de legislação tem sido cumprido com rigor, e é bom que seja assim. É a vitória da civilização sobre a barbárie, do Estado de Direito sobre a crueldade. Estamos de parabéns!
Enquanto isso li em um jornal, não faz muito tempo, a seguinte notícia:
“A Justiça manda soltar um rapaz de 120 quilos. Agentes penitenciários tremem. Como a porta da cadeia está selada a solda desde a rebelião, eles já sabem que o único jeito de tirá-lo de lá é pelo teto, içando-o por mais de quatro metros até uma grade. A “pescaria” quase acaba em tragédia, quando os quatro agentes encarregados da missão, sem agüentar o peso, soltam o “peixão”, que se estatela no chão. Até ontem, quatro presos conseguiram sair içados.
A alimentação é jogada por cima, todos os dias, às 11 e às 17 horas, pela mesma grade por onde saiu o preso gordinho. Banheiros há 13, ou 123 aparelhos excretores para cada privada. A saída é defecar em sacos plásticos (várias vezes em um mesmo saco), que são empilhados em um canto do local. Não há luz”.
E narrou ainda o repórter: “Muitos presos estão doentes. Outros estão ficando. Mantidos seminus, dispõem apenas de cobertas finas e são obrigados a dormir uns encostados nos outros. Foi o jeito que deram para contornar o inverno que faz os termômetros da região baixarem para a casa dos 10 graus centígrados”.
Há algum tempo um presidiário foi assassinado e esquartejado dentro de outro presídio brasileiro. Os pedaços do corpo dele foram encontrados dentro de uma lata de lixo. Vinte e dois dias depois sua mãe, inconformada, a caminho do enterro, fez questão de parar diante das sedes de diversas instituições. Em cada uma destas paradas ela retirava do caixão um braço, uma perna ou a cabeça do filho, sacudindo-a com as mãos e gritando “vejam o que o Estado fez com o meu filho”.
Fico a imaginar no que ocorreria se estes fatos estivessem acontecendo em algum jardim zoológico!
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