O Pacto pela Democracia, iniciativa da sociedade civil voltada à defesa e ao aprimoramento da vida política e democrática no Brasil , reuniu 60 episódios de tensionamento democráticos em 2019. A maioria deles é ligada ao executivo, mas há também episódios do judiciário, da imprensa e de direitos humanos.
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A lista começa já no primeiro dia do ano, com uma Medida Provisória (MP) que atribuiu à Secretaria da Governo a responsabilidade de “supervisionar, coordenar, monitorar e acompanhar as atividades e as ações dos organismos internacionais e das organizações não governamentais no território nacional”. Após mobilizações, o texto foi alterado.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aparece de novo em 26 de maio, quando determinou ao Ministério da Defesa a comemoração do golpe de 1964, responsável por instaurar a ditadura militar no Brasil.
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A propaganda do Banco do Brasil marcada pela diversidade que foi censurada , em 25 de abril, também está na lista. A peça publicitária foi tirada do ar por uma determinação de Bolsonaro. Na época, pelo Twitter, o militar afirmou que não se tratou de censura, mas “de respeito com a população brasileira”.
Em agosto, o militar volta à lista, com as acusações de que ONGs seriam responsáveis pelos incêndios na floresta Amazônica. Bolsonaro iria acusar ainda o ator norte-americano Leonardo DiCaprio pelo financiamento dessas instituições.
O vídeo em que o presidente aparece como um leão acuado por hienas do Supremo Tribunal Federal (STF), PT e feminismo também está entre os episódios escolhidos pelo Pacto pela Democracia. A publicação foi deletada, e Bolsonaro pediu desculpas pela postagem.
Renúncia e placa contra racismo
O Legislativo também aparece na lista em pelo menos três momentos. O primeiro, em 24 de janeiro, quando o deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) decide deixar o Brasil, após sofrer ameaças; o segundo, em 5 de novembro, com a tentativa do senador Plínio Valério (PSDB-AM) em criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as ONGs; e o terceiro, em 19 de novembro, com a quebra de uma placa sobre genocídio negro pelo deputado Coronel Tadeu (PSL-SP).
Caso de polícia
Entre os 60 ataques escolhidos pelo Pacto pela Democracia aparecem também episódios relacionados à violência, como o assassinato do músico Evaldo Rosa, no Rio de Janeiro, em abril. Ele foi morto em uma ação policial que atirou 80 vezes contra o carro que estava com sua família. Os militares disseram que foram atacados pelas vítimas, mas não foi encontrado nenhum indício de que estivessem armados.
Em 20 de setembro, o assassinato da menina Ágatha Félix de oito anos volta a colocar a violência na lista. Ela foi morta com um tiro nas costas enquanto voltava para casa no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, por um policial militar. A lista inclui ainda o assassinato do líder indígena Paulo Paulino Guajajara, em 4 de novembro, no Maranhão.
Confira a lista completa.
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