Dia desses vi um cálculo curioso. Alguém teve a ideia de imaginar que todo o planeta fosse apenas uma pequena aldeia com exatos 100 habitantes, mantidas, porém, todas as proporções e escalas que regem nossa realidade.
Logo de cara alguns números curiosos se apresentaram. Assim, nesta aldeia haveria 57 asiáticos, 21 europeus, 8 africanos e 4 americanos – algo que dá o que pensar em termos de projeções econômicas, mercado consumidor, etc.
Nesta pequena aldeia 70% dos habitantes não seriam brancos, 30% seriam cristãos e 89% heterossexuais. É curioso constatar que diante dos números subitamente a realidade mundial parece algo diversa daquela que testemunhamos diariamente em nossa cidade.
De toda a população desta aldeia, ou seja, 100 pessoas, apenas 6 possuiriam 59% de toda a riqueza – todas elas norte-americanas. Enquanto isso, 80 habitantes viveriam na mais triste miséria, em condições degradantes. Inclusive, 50 pessoas – a metade – sofreriam de desnutrição.
Destes 100 habitantes 70 não conseguiriam ler, e apenas um teria educação de nível superior – parece incrível, mas apenas um teria frequentado uma universidade! Complemento esta informação com uma outra, não menos chocante: nesta aldeia haveria apenas um proprietário de computador. Sim, em plena “era da tecnologia e da informação” apenas um habitante disporia de um computador pessoal.
Estes são números absolutamente simples, mas que retratam um quadro deplorável sobre a raça humana em termos de solidariedade, de piedade e até mesmo de inteligência.
Mas prossigamos nesta viagem pelos números, agora indo de encontro à sua realidade em comparação com a da população mundial. Assim, se você nunca sofreu os horrores de uma guerra e nunca foi torturado, comemore o fato de estar em situação melhor que a de nada menos que 500 milhões de semelhantes seus.
Outro número chocante: se você pode ir a uma igreja orar sem receio de ser humilhado, preso, torturado ou morto, agradeça a Deus, pois sua situação é mais digna que a de três bilhões de seres humanos.
Você tem comida na geladeira? Roupa no armário? Um teto sobre sua cabeça? Então alegre-se, pois sua riqueza é maior que a de 75% da população deste planeta. E, se você tem algum dinheiro no banco ou moedas em um daqueles cofrinhos em formato de porquinho, celebre duplamente, pois já está entre os 8% mais ricos do mundo.
Sua vida é um calvário por conta da seca? Você sofre os horrores da desertificação e da sede? Se a resposta for negativa, isto significa que você está livre de um infortúnio que flagela a vida de um bilhão de seres humanos em cerca de 100 países em pleno “planeta água”.
Você tem um simples banheiro à disposição? Então agradeça, pois 2,5 bilhões de semelhantes nossos não contam com algo tão básico. Você bebe água tratada? Se a resposta for positiva, lembre-se de que 1,4 bilhão de pessoas bebem água suja até hoje – assim, aproveite cada gole.
Finalmente, parabéns por estar lendo este texto – imagine que dois bilhões de semelhantes nossos não conseguiriam fazê-lo, vítimas de uma taxa de analfabetismo incompatível com este início de milênio.
É diante de tantos números que fico a pensar em Vercors, segundo quem “a humanidade não é um estado a que se ascenda – é uma dignidade que se conquista”. E em Jane Howard, quando dizia que “civilização é um método de viver, uma atitude de respeito igual por todos os homens”. Pois é: seria a raça humana dotada de humanidade?
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