A uma semana de completar 80 anos, o deputado João Lyra (PTB-AL) é um dos homens mais ricos de Alagoas e um dos usineiros mais bem-sucedidos do país. Eleito pela primeira vez em outubro de 2002, exerce o seu segundo mandato na Câmara. Como suplente, chegou a ser senador da República entre 1989 e 1991. Filiado ao mesmo partido do ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), é adversário declarado do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), e foi autor de uma das denúncias que custaram ao peemedebista a presidência da Casa e que quase lhe tiraram o mandato.
Duas filhas de João Lyra enveredaram pelo mundo da política. Lourdinha Lyra (PR) é a atual vice-prefeita de Maceió. A figura mais conhecida da família, no entanto, nunca exerceu mandato eletivo. Ele é pai de Thereza, viúva de Pedro Collor e ex-cunhada de Fernando Collor.
Em 1992, Thereza ficou conhecida como a “musa do impeachment”. Jovem e bonita, ela sempre aparecia ao lado do marido, responsável pelas principais denúncias que resultaram na queda do presidente. Pedro Collor morreu em dezembro de 1994, vítima de um câncer no cérebro.
Em 2006, João Lyra abriu mão de concorrer à reeleição e tentou sem sucesso candidatar-se ao governo de Alagoas. Acabou derrotado já no primeiro turno por Teotônio Vilela Filho (PSDB). Durante a campanha, o tucano disse que o petebista tinha “as mãos sujas de sangue”, em referência a uma denúncia de que Lyra seria o mandante do assassinato do coordenador de Arrecadação Tributária da Secretaria da Fazenda, Sílvio Vianna, executado a tiros por pistoleiros profissionais em outubro de 1996 quando ocupava o cargo. O deputado foi posteriormente inocentado, um ex-policial militar foi condenado pelo crime em 2008.
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Laranja
Fora do Congresso, em 2007, João Lyra acusou Renan Calheiros de usar “laranjas” para comprar, em sociedade com ele, duas emissoras de rádio e um jornal em Alagoas, avaliados em R$ 2,5 milhões. A denúncia foi feita na revista Veja.
PublicidadeLyra contou à revista que o senador havia desembolsado R$ 1,3 milhão para se associar a ele no ramo da radiodifusão. “Ele me disse que não tinha como aparecer publicamente à frente do negócio, mas não explicou as razões. Por isso, pediu para colocarmos tudo em nome de laranjas. Eu topei”, disse o ex-deputado à revista.
Como a Constituição proíbe que parlamentares sejam proprietários de concessionárias de rádio, o senador teria colocado um assessor e ex-tesoureiro de campanha como cotista principal da emissora JR Radiodifusão, de acordo com a publicação. A emissora, segundo a revista, teria sido repassada a Renan Calheiros Filho (PMDB-AL) e um primo do senador.
Renan sempre negou a denúncia, que o levou a responder a um processo de cassação. Pela segunda vez, no entanto, o plenário rejeitou a recomendação do Conselho de Ética e o absolveu. Em 4 de dezembro de 2007, só 29 senadores votaram pela perda do mandato. Outros 48 votaram a favor do senador alagoano e três se abstiveram.
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